São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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[+]entrevista

"Ele deve ter tido mais adrenalina"

DA SUCURSAL DO RIO

Edvaldo Valério, 29, retomou a carreira há pouco mais de um ano após maus resultados na seqüência de Sydney-2000. O nadador é o único negro brasileiro a ter conquistado medalha olímpica na natação.
"Não me vejo como o precursor, mas fico feliz quando vejo outros [negros] em grandes competições. O caminho está aberto. Tomara que outros o sigam", declarou Valério, por telefone, de Porto Alegre.
Leia, a seguir, trechos da entrevista do nadador. (FG)

 

FOLHA - Você vê a trajetória de Nicolas parecida com a sua?
EDVALDO VALÉRIO
- Lembra um pouco. Largamos em último no revezamento e tivemos que superar a desvantagem, mas ele deve ter tido mais adrenalina. Afinal, brigava pelo ouro, e eu, pelo bronze olímpico [em 2000].

FOLHA - Você surpreendeu em Sydney-2000 e, depois, enfrentou má fase. O que houve?
VALÉRIO
- Muitas coisas. Fiquei desmotivado com a perda de patrocínio um ano após a Olimpíada. Não tinha como voltar para a Bahia, lá não tem estrutura. Se voltasse, seria para abandonar a natação de vez.

FOLHA - Medalha não assegura patrocínio ao atleta?
VALÉRIO
- É um problema do esporte brasileiro, não só na natação. Veja o caso do cara do taekwondo [Diogo Silva], que foi ouro no Pan e recebe R$ 600 da confederação. Espero que o Pan no Rio não seja algo momentâneo. Espero que as instalações ajudem a desenvolver o esporte.

FOLHA - Você é o único negro medalhista olímpico na natação brasileira. Vê discriminação nas piscinas?
VALÉRIO
- Não vejo discriminação, mas falta de oportunidade. Natação é esporte de branco, como atletismo é de negro. Acho que isso acontece [na natação] porque faltam estrutura e patrocínio.


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