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[+]entrevista
"Ele deve ter tido mais adrenalina"
DA SUCURSAL DO RIO
Edvaldo Valério, 29, retomou a carreira há pouco
mais de um ano após maus
resultados na seqüência de
Sydney-2000. O nadador é o
único negro brasileiro a ter
conquistado medalha olímpica na natação.
"Não me vejo como o precursor, mas fico feliz quando
vejo outros [negros] em
grandes competições. O caminho está aberto. Tomara
que outros o sigam", declarou Valério, por telefone, de
Porto Alegre.
Leia, a seguir, trechos da
entrevista do nadador.
(FG)
FOLHA - Você vê a trajetória de
Nicolas parecida com a sua?
EDVALDO VALÉRIO - Lembra
um pouco. Largamos em último no revezamento e tivemos que superar a desvantagem, mas ele deve ter tido
mais adrenalina. Afinal, brigava pelo ouro, e eu, pelo
bronze olímpico [em 2000].
FOLHA - Você surpreendeu em
Sydney-2000 e, depois, enfrentou má fase. O que houve?
VALÉRIO - Muitas coisas. Fiquei desmotivado com a perda de patrocínio um ano após
a Olimpíada. Não tinha como
voltar para a Bahia, lá não
tem estrutura. Se voltasse,
seria para abandonar a natação de vez.
FOLHA - Medalha não assegura
patrocínio ao atleta?
VALÉRIO - É um problema do
esporte brasileiro, não só na
natação. Veja o caso do cara
do taekwondo [Diogo Silva],
que foi ouro no Pan e recebe
R$ 600 da confederação. Espero que o Pan no Rio não seja algo momentâneo. Espero
que as instalações ajudem a
desenvolver o esporte.
FOLHA - Você é o único negro
medalhista olímpico na natação
brasileira. Vê discriminação nas
piscinas?
VALÉRIO - Não vejo discriminação, mas falta de oportunidade. Natação é esporte de
branco, como atletismo é de
negro. Acho que isso acontece [na natação] porque faltam estrutura e patrocínio.
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