São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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MOTOR

Questão de escolha


Incertezas da Red Bull sobre a necessidade de definir seu primeiro piloto podem ser um trunfo para a Brawn


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"A DECISÃO é, frequentemente, a arte de ser cruel a tempo." A máxima, estampada na bolacha de papelão da mesa do botequim, é de Henry François Becque, dramaturgo francês do século 18. Obrigado, Google.
Deveria estar nas paredes das oficinas de todas as equipes da F-1. Ou de Brawn e Red Bull, pelo menos. Porque não é exagero afirmar que o desfecho do Mundial dependerá das decisões que as equipes tomarem em relação aos seus pilotos, por cruéis que sejam. O "a tempo" é já, é agora. E talvez o aforismo do francês servisse de consolo para o preterido.
A Brawn já tomou sua posição. E a exerceu na 49ª volta da corrida do último domingo quando chamou Barrichello para os boxes uma volta antes de Button, invertendo o que fizera nos dois primeiros pits. Com requintes de confirmação logo depois, quando colocou pneus duros no carro do brasileiro, faltando apenas dez voltas para a bandeirada.
O brasileiro caiu de quinto para sexto, saiu irritadíssimo do carro, "p.. da vida", como descreveu no Twitter, falando em roubo. Comparou Nurburgring-2009 a Áustria-2002. Insinuou deixar a equipe no final do ano. Sentiu-se vítima de uma crueldade, enfim. O que não muda nada: a decisão já foi tomada, já rendeu um ponto a mais a Button, produzirá outros nas próximas corridas, se Brawn julgar necessário. Mas fato é que, nas provas finais, pode não ser. Pois a Red Bull hesita.
Deixar Webber vencer na Alemanha pode ser encarado, à primeira vista, como uma benevolência a alguém há tanto tempo na F-1. Mas é mais do que isso. Há alguns fatores que impedem, ou atrapalham, uma decisão da equipe. Como a novidade da situação. Como a diferença de apenas 1,5 ponto entre seus pilotos.
Como o inédito caso de uma marca tão alheia ao automobilismo ser dona de uma escuderia de ponta. A pecha de antidesportivo é tudo o que o esportista Mateschitz não quer.
Ganhar sacrificando um competidor? Perder sendo esportista ao pé da letra? Qual é o limite para uma decisão assim? Haja bolacha de papelão, haja citação. Haja botequim...

PRESENTE
Nelsinho correrá na Hungria, tudo indica. O que não significa que chegará ao fim da temporada, a movimentação de Grosjean escancara.

PASSADO
Villeneuve está em Interlagos neste fim de semana, como convidado da etapa brasileira da Top Race. A Stock argentina correrá como preliminar da F-Truck. Aos jornalistas, ontem, disse que a chance de correr na F-1 em 2010 são "zero".

FUTURO
Vatanen x Todt, será este o assunto político até outubro. O jogo está no começo e, por ora, só dá para fazer uma previsão: vai sair faísca.

fabioseixas@folha uol.com.br


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