São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Candidatos tentam vincular campanhas à popularidade do esporte e à conquista do técnico Scolari e de seus atletas

Penta da seleção vira arma de políticos

DA REPORTAGEM LOCAL

A conquista da Copa do Mundo pelo Brasil deve ser usada por políticos de quase todos os partidos na caça aos votos dos eleitores.
O primeiro amistoso pós-penta, quarta, em Fortaleza, é prova disso. O jogo foi marcado para o Ceará porque o Estado é o grande reduto eleitoral de Ciro Gomes (PPS), o candidato a presidente apoiado por Ricardo Teixeira.
Em São Paulo, Paulo Maluf (PPB), que concorre ao governo estadual, almoçou com o lateral Roberto Carlos, dias depois do penta, e deve usar imagens do jogador em seu programa de TV.
No Rio, Eurico Miranda (PPB), que tenta obter novo mandato como deputado federal, diz ter muito orgulho por ter sido um dos principais políticos da ""bancada da bola". ""O futebol brasileiro é o que é por causa dos clubes e, se os clubes têm uma voz no Congresso, essa voz é Eurico Miranda."
O dirigente disse que ainda não colocou sua campanha na rua, porque não é ""como cavalo paraguaio, que sai na frente e não chega nunca", mas, quando o fizer, vai usar o Vasco e a seleção.
"Querem porque querem transformar os clubes em empresa, mas não vão conseguir. Falam tanto em profissionalismo lá fora, mas quem ganhou o penta foi o Brasil. Nossos clubes estão de parabéns e têm de ser representados na Câmara. Se você vai ao exterior e fala em Brasil, de cara vão lembrar o futebol. Se existe aqui uma coisa séria, ela é o futebol."
Em Minas, apesar de dizer que não mistura as coisas, o cruzeirense Zezé Perrella, que concorre ao Senado pelo PFL e não participou da CPI, prepara série de outdoors vinculando sua imagem ao sucesso da seleção. O dirigente vai aparecer ao lado de Luiz Felipe Scolari, que, antes de assumir o Brasil, treinava o time mineiro.
Para a maioria dos deputados que atuaram na CPI da CBF/Nike, o esporte, se antes não fazia parte de sua plataforma, agora fará.
É o caso de Aldo Rebelo (PC do B-SP), presidente da CPI na Câmara, que decidiu colocá-lo em sua plataforma política. Para ele, seu mandato teve três pontos principais: ""A apresentação de projetos em favor do trabalhador, o projeto de defesa e proteção da língua portuguesa e, claro, minha atuação na CPI da CBF-Nike".
Já o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), relator da mesma comissão, diz que, se for reeleito, pretende ""continuar a atuar na área esportiva". ""O trabalho na CPI me deu um conhecimento muito grande da área, um conhecimento que eu não tinha. Vou tentar dar destaque a ela na minha próxima gestão."
Por outro lado, há os que dizem, a partir de agora, não querer nem ouvir falar do assunto. O candidato Darcísio Perondi (PMDB-RS), irmão do presidente da federação gaúcha, diz que não pretende se dedicar ao setor e que sua bandeira é saúde e agricultura. Salienta que nem sequer tem projetos ligados à área de esporte. (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO e MARCELO SAKATE)


Colaboraram Marília Ruiz, da Reportagem Local, e Sérgio Rangel, da Sucursal do Rio

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