São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Em SP, Teixeira critica times do RJ, COB e seleção-06

Presidente da CBF, aos poucos, incorpora papel de homem forte do comitê da Copa e aponta dedos para todos os lados

Fora de seu reduto, cartola diz que calendário europeu não será solução para tudo e pede maior austeridade aos dirigentes do futebol

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sentado ao lado do empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, apontou dedos em todas as direções. Cobrou clubes, a seleção nacional que naufragou na Copa-2006 e, indiretamente, o Comitê Olímpico Brasileiro.
Tratou-se da cerimônia de assinatura do contrato de patrocínio com o Grupo Pão de Açúcar, ontem, em São Paulo.
Mais do que isso, no entanto, a reunião mostrou como, aos poucos, Teixeira incorpora o papel de presidente do comitê organizador da Copa de 2014.
A espera por Teixeira, que chegou cerca de uma hora depois do horário programado, causou desconforto. Em dado momento, o mestre de cerimônias alertou que faltava só a presença do presidente da CBF para a cerimônia ter início.
Na coletiva, ao abordar a questão da adoção do calendário europeu, Teixeira defendeu discussão com todas as partes até que a decisão seja tomada.
Mas o presidente da CBF fez uma ressalva ao apontar que uma simples mudança de calendário não solucionará todos os males do futebol nacional. E defende que os clubes cuidem de suas saúdes financeiras.
""Na minha região [Rio], tem clube que, se perde o Estadual, troca de técnico. Se não vence o primeiro turno do Nacional, demite outro. Se não ganha o Brasileiro, troca de novo. Acaba pagando cinco salários no fim do ano", argumentou Teixeira.
Gente da CBF diz que o cartola pode fazer esse tipo de crítica porque, desde o mais baixo funcionário até o próprio Dunga, emprega todos com registro em carteira, e não contratos.
Assim, não precisa pagar salários indefinidamente para não ter de arcar com as astronômicas multas rescisórias.
E completam que o fato de não depender do dinheiro gerado pelo Campeonato Brasileiro lhe proporciona essa liberdade de falar sobre a condição financeira dos clubes de futebol.
Na sequência, de uma forma indireta, alfinetou o COB ao sugerir que os esportes ditos amadores têm de aprender a andar com as suas próprias pernas.
""Agora, se a renda do futebol de um clube tem que sustentar vôlei, basquete, pólo aquático, judô e eu não sei mais o quê, fica difícil o clube ter uma saúde financeira adequada", opinou.
Teixeira aproveitou a oportunidade para questionar a sinceridade de quem culpa a pré-temporada em Weggis pela derrota na Copa-06. ""Quem diz isso está brincando, aquilo foi bem antes da desclassificação. Por isso trouxe o Dunga, que traz espírito de grupo", afirma.
O presidente da CBF não poupou nem a mídia. Ao citar texto publicado na Folha, argumentou que o BNDES financia todo o tipo de atividades, até a educação. Foi resposta ao raciocínio de que por meio do banco haverá dinheiro público em estádios da Copa de 2014.
Teixeira deixou transparecer nova, e surpreendente, faceta ao ser questionado sobre como poderia virar bom administrador. Ao invés de rispidez, desfilou conquistas da seleção no tempo em que comanda a CBF.
""Ganhamos duas Copas e chegamos a três finais. Além disso, foram 99 títulos desde que assumi", declarou, antes de sua assessoria informar que, só em patrocínios, a CBF receberá R$ 180 milhões em 2010.


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