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Em SP, Teixeira critica times do RJ, COB e seleção-06
Presidente da CBF, aos poucos, incorpora papel de homem forte do comitê da Copa e aponta dedos para todos os lados
Fora de seu reduto, cartola diz que calendário europeu não será solução para tudo e pede maior austeridade aos dirigentes do futebol
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentado ao lado do empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão
de Açúcar, o presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, apontou dedos em todas as direções.
Cobrou clubes, a seleção nacional que naufragou na Copa-2006 e, indiretamente, o Comitê Olímpico Brasileiro.
Tratou-se da cerimônia de
assinatura do contrato de patrocínio com o Grupo Pão de
Açúcar, ontem, em São Paulo.
Mais do que isso, no entanto,
a reunião mostrou como, aos
poucos, Teixeira incorpora o
papel de presidente do comitê
organizador da Copa de 2014.
A espera por Teixeira, que
chegou cerca de uma hora depois do horário programado,
causou desconforto. Em dado
momento, o mestre de cerimônias alertou que faltava só a
presença do presidente da CBF
para a cerimônia ter início.
Na coletiva, ao abordar a
questão da adoção do calendário europeu, Teixeira defendeu
discussão com todas as partes
até que a decisão seja tomada.
Mas o presidente da CBF fez
uma ressalva ao apontar que
uma simples mudança de calendário não solucionará todos
os males do futebol nacional. E
defende que os clubes cuidem
de suas saúdes financeiras.
""Na minha região [Rio], tem
clube que, se perde o Estadual,
troca de técnico. Se não vence o
primeiro turno do Nacional,
demite outro. Se não ganha o
Brasileiro, troca de novo. Acaba
pagando cinco salários no fim
do ano", argumentou Teixeira.
Gente da CBF diz que o cartola pode fazer esse tipo de crítica porque, desde o mais baixo
funcionário até o próprio Dunga, emprega todos com registro
em carteira, e não contratos.
Assim, não precisa pagar salários indefinidamente para
não ter de arcar com as astronômicas multas rescisórias.
E completam que o fato de
não depender do dinheiro gerado pelo Campeonato Brasileiro
lhe proporciona essa liberdade
de falar sobre a condição financeira dos clubes de futebol.
Na sequência, de uma forma
indireta, alfinetou o COB ao sugerir que os esportes ditos amadores têm de aprender a andar
com as suas próprias pernas.
""Agora, se a renda do futebol
de um clube tem que sustentar
vôlei, basquete, pólo aquático,
judô e eu não sei mais o quê, fica difícil o clube ter uma saúde
financeira adequada", opinou.
Teixeira aproveitou a oportunidade para questionar a sinceridade de quem culpa a pré-temporada em Weggis pela
derrota na Copa-06. ""Quem diz
isso está brincando, aquilo foi
bem antes da desclassificação.
Por isso trouxe o Dunga, que
traz espírito de grupo", afirma.
O presidente da CBF não
poupou nem a mídia. Ao citar
texto publicado na Folha, argumentou que o BNDES financia todo o tipo de atividades,
até a educação. Foi resposta ao
raciocínio de que por meio do
banco haverá dinheiro público
em estádios da Copa de 2014.
Teixeira deixou transparecer
nova, e surpreendente, faceta
ao ser questionado sobre como
poderia virar bom administrador. Ao invés de rispidez, desfilou conquistas da seleção no
tempo em que comanda a CBF.
""Ganhamos duas Copas e
chegamos a três finais. Além
disso, foram 99 títulos desde
que assumi", declarou, antes de
sua assessoria informar que, só
em patrocínios, a CBF receberá
R$ 180 milhões em 2010.
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