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Juiz ameaça parar jogo por racismo
Kahê, atleta brasileiro que lidera a artilharia na liga alemã, motivou a decisão inusitada do árbitro, que recebeu elogios
Após Asamoah, primeiro
negro a defender a seleção
alemã, ser insultado, nova
onda de racismo deixa país
da Copa-2006 em alerta
DA REPORTAGEM LOCAL
Para proteger um brasileiro
de manifestações racistas, um
árbitro ameaçou parar um jogo
do Campeonato Alemão. Kahê,
artilheiro da Bundesliga com
três gols, foi a vítima, e Michael
Weiner foi o árbitro que tomou
uma atitude inovadora no futebol mundial e já elogiada.
Anteontem, o Borussia Mönchengladbach, time do ex-ponte pretano e ex-palmeirense
Kahê, enfrentou fora de casa o
Aachen. O anfitrião venceu por
4 a 2 a partida, mas perdeu a
compostura. Torcedores do time entoaram cânticos racistas
para Kahê, jogador que é um
dos quatro líderes da tabela de
artilheiros da Bundesliga.
Weiner então paralisou a
partida e fez uso de alto-falante
para avisar aos torcedores presentes ao estádio que, se ouvisse algum novo insulto, encerraria em seguida o jogo.
""A decisão de Weiner foi
completamente acertada. Racismo é algo que não pertence a
um estádio de futebol. Por isso
os árbitros foram instruídos a
não tolerar mais manchas como essa", disse ontem o responsável pela arbitragem na
Alemanha, Volker Roth.
O atacante Asamoah, que é
negro, foi alvo de manifestações racistas na semana passada em jogo da Copa da Alemanha. Por causa dos insultos ao
jogador do Schalke 04, o Hansa
Rostock foi multado em 20
mil ainda na última sexta-feira.
Asamoah fez história no futebol alemão ao defender a seleção nacional. Virou uma bandeira contra o racismo no país.
Roth disse que os insultos a
Asamoah contribuíram para os
incidentes com Kahê e que estão provocando uma reação em
cadeia na Alemanha. ""Os torcedores, e não só os árbitros, precisam tomar uma atitude para
que um grupo de pessoas não
tenha esse comportamento
[racista]", afirmou ele.
A Alemanha acaba de organizar a Copa que mais promoveu
campanhas contra o racismo,
com jogadores lendo mensagens nos estádios. A Fifa pôs
em prática a campanha ""Diga
não ao racismo", especialmente após Raymond Domenech,
técnico da França, reclamar
que torcedores imitaram macacos quando o ônibus que levava a equipe chegou a um estádio -a França levou sua seleção mais negra a uma Copa.
O presidente da Fifa, o suíço
Joseph Blatter, chegou a sugerir que as equipes cujas torcidas ou cujos jogadores, técnicos e dirigentes cometam atos
racistas percam pontos, recebam punições técnicas, e não
apenas multa, no caso de comportamento preconceituoso.
""Uma equipe pode perder
três pontos, ou seis pontos em
caso de reincidência, se houver
incidentes racistas em campo.
A política entrará em vigor no
dia 1º de julho", disse Blatter às
vésperas de iniciar a Copa.
Nos próximos dias, deve sair
a punição para o Aachen, mas a
hipótese de perda de pontos é
pequena. A imprensa alemã explorou bastante o caso do atacante brasileiro, que, quando
jogava no Palmeiras ficou conhecido como Shrek, por uma
suposta semelhança física com
o personagem do desenho animado. Ele levou o apelido para
a Europa.
(RODRIGO BUENO)
Com agências internacionais
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