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SONINHA
Feio e bonito
Defender-se bem não é,
necessariamente, sinônimo
de jogo feio. Aliás, para mim,
feio é defender-se mal
UM AMIGO meu, desses rabugentos divertidos, resmunga
toda vez que o narrador de
uma partida começa a enumerar dados históricos do confronto -o inevitável ""retrospecto".
"Pra que serve isso? É só pra encher o tempo. Duvido que alguém se
interesse", reclama ele.
De fato, às vezes damos uma importância tremenda a números
completamente inúteis.
"Há cinqüenta anos o visitante
não vence neste estádio!".
Como o Antero Grecco gosta de
observar, a esse período correspondem, às vezes, não mais do que quatro partidas... Se bobear, somando
três empates e uma derrota!
Sem falar que, exceto pelo possível
efeito psicológico sobre os jogadores
-nem sempre desprezível, é verdade- os que estão em campo agora
não têm nadica a ver com a goleada
sofrida em 1958, ou a desclassificação na semifinal de 1974.
Mas alguns números, antigos ou
recentes, têm sua utilidade.
Ajudam a entender melhor uma
situação ou, no mínimo, dão material para reflexão. Durante a transmissão de São Paulo x Santos, Milton Leite lembrou que o líder havia
disputado a partida mais faltosa do
campeonato até ali -o empate sem
gols contra o Atlético Mineiro. E
também a menos faltosa (quando
fez 6 x 0 no Paraná).
Se ele desse apenas uma dessas informações, concluiríamos que ""o
São Paulo chegou a essa posição porque bate muito", ou o contrário
-""isso é que é sistema defensivo inteligente!". De posse das duas, fica
mais fácil perceber que o São Paulo
teve bons e maus momentos no quesito lealdade.
Quando marca muito bem, começando pelo combate dos homens de
frente, passando pela perseguição
implacável no meio campo e terminando com a cobertura precisa na
zaga (nem cheguei ao Rogério Ceni!), não precisa bater, não (se é que
alguém realmente ""precisa"). Apertado, desarmado, com os espaços fechados e seus movimentos antecipados, o adversário não consegue ficar com a bola. E o São Paulo, que sabe o que fazer sem ela, sabe como lhe
dar um bom destino. Ora com velocidade, ora com paciência. Com força e categoria, confiança e esforço.
Mas também há dias em que se
defende feio, especialmente quando
encontra um destaque individual,
um jogador mais habilidoso e inspirado -o coitado apanha.
É por causa de partidas assim que
os analistas lamentam: ""Esse é o
melhor do futebol brasileiro no momento? Tsc, tsc". E criticam a preferência da defesa sobre o ataque, o
anti-jogo, o diabo. Com razão na
queixa -mas não na generalização.
O líder se destaca pela eficácia na
defesa, jogando bonito ou jogando
feio. E às vezes nem faz gol, como no
primeiro tempo de sábado, e dá espetáculo. Atacando em blitz, a máquina são-paulina parou o Santos,
que, atarantado, no máximo anotou
a placa.
Ainda no terreno dos números -o
América, um dos piores times dos
últimos tempos, lidera em cartões
amarelos. Mesmo descontando possíveis erros de arbitragem, fica evidente que descer a ripa não é solução (há quem creia nisso!).
Aliás, tanto cartão é sinal de desacerto e só piora a situação - uma rima pobre para um futebol idem.
soninha.folha@uol.com.br
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