São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011

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Blindagem

Guadalajara aciona o Exército para proteger atletas, dirigentes e turistas que vão ao Pan da guerra do narcotráfico que assola o México

MARCEL MERGUIZO
MARIANA LAJOLO

DE SÃO PAULO

Exército e Marinha a postos, mais de 10 mil policiais armados nas ruas, helicóptero blindado, câmeras.
Esquemas como este, que mais parecem uma operação de guerra, têm se repetido em Jogos Olímpicos e Pan-Americanos nos últimos anos. O principal temor: o terrorismo.
Mas, no México, que sedia o Pan a partir do dia 14 em Guadalajara, a segurança ganha contornos ainda mais preocupantes graças à onda de violência que assola o país. O maior inimigo é interno.
"A cidade estará blindada", diz Carlos Andrade Garín, diretor do Comitê Organizador do Pan-2011 (Copag).
"O Estado de Jalisco nunca esteve tão seguro quanto estará durante os Jogos."
Jalisco, onde fica Guadalajara, espera receber 1 milhão de turistas durante o Pan -além de 5.900 atletas e 2.000 dirigentes de 42 países.
A principal preocupação dos organizadores é a disputa entre os cartéis de narcotraficantes, que cresceu no país nos últimos anos.
O presidente Felipe Calderón tem sido criticado por sua política de combate ao crime organizado. Desde 2006, cerca de 42 mil pessoas morreram em sua "guerra ao narcotráfico", que incluiu militares na repressão.
Recentemente, a violência afetou o esporte local.
No mês passado, um tiroteio no entorno do estádio Territorio Santos Modelo interrompeu o jogo Santos Laguna x Monarcas Morelia, pelo Campeonato Mexicano.
Em rodadas seguintes, helicóptero blindado reforçou a segurança dos jogos em Torreón, região palco de brigas entre traficantes.
Na véspera do Mundial sub-17, em junho, oito pessoas foram mortas. As seleções ganharam escoltas especiais. E os atletas foram orientados a não saírem sozinhos.
Na semana passada, em Chapala, perto da sede de esqui aquático do Pan, três pessoas morreram em confronto com a polícia. Na região central de Guadalajara, bandidos atacaram oficiais com granadas -dois morreram.
Uma realidade que os organizadores do Pan e o governo querem manter distante.
O vídeo promocional dos Jogos vende o município como a mais segura do México.
Com cerca de 1,6 milhão de habitantes, a cidade é a segunda maior do país. Seu IDH (índice de desenvolvimento humano) é de 0,834 -o de São Paulo, 0,841- e não está entre os mais violentos.
"O efetivo [de 10 mil policiais nos Jogos] é suficiente se forem seguidos protocolos de segurança e tomadas medidas preventivas, como o uso de câmeras, detectores de metal, de explosivos, radares, cães farejadores", diz Mario Arroyo, especialista em segurança e membro do Conselho de Análise de Segurança com Democracia, à Folha.
No Rio-2007, por exemplo, 18 mil policiais (federais, civis, militares e da Guarda Municipal) foram às ruas.
"Mas o mais importante será usar equipes de inteligência para antecipar qualquer risco, não ter só uma força de reação, desativar ameaças."

Com as agências de notícias



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