São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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Desempenho palmeirense em Salvador espelha campanha pífia no Brasileiro e se transforma em choro nos vestiários

FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras que enfrentou ontem o Vitória foi um espelho do time que permaneceu por mais tempo na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
No mais longo de seus dias, o time esteve quase sempre atrás no marcador, apático, esperando uma brecha do adversário para avançar. A falta de ousadia mostrou porque os palmeirenses foram derrotados por 4 a 3 ontem e porque o time ficou 21 das 29 rodadas entre os quatro piores.
Ninguém foi tão mal no Nacional por tanto tempo como o Palmeiras, que encerrou a competição na 24ª posição e um lugar reservado na Série-B em 2003.
Ao final da partida, a mostra mais clara de um time que foi montado às pressas e marcado pela desunião de seus jogadores.
Nenhum deles desabou no gramado. Deixaram o campo, um a um, cabisbaixos, em silêncio.
Nas arquibancadas, os poucos palmeirenses que foram ao Barradão choravam e protestavam.
Nos vestiários, Zinho e César eram os mais abatidos. O diretor de futebol do clube, Sebastião Lapola, também estava aos prantos. O técnico Levir Culpi tentava explicar com o óbvio: "Nós ficamos sempre atrás. Faltou identidade para o time sair dessa situação".
Desde o início, a fisionomia tensa estava estampada no rosto dos palmeirenses. Tensão que aumentou quando os baianos fizeram 1 a 0 com Allan Delon, aos 4min. No banco, o técnico Levir Culpi reclamava do nervosismo de seus atletas.
Mas ainda não estava acabado. O Palmeiras tinha Arce. De seus pés, em uma cobrança de falta, a bola sobrou para Flávio, na área, com o bico do pé esquerdo, empatar. Isso aos cinco minutos.
Os palmeirenses não sabiam, mas àquela altura estavam escapando da segunda divisão. O sistema de som do estádio não informava os outros resultados da rodada. Mas, naquele momento, um gol do Figueirense no Paraná deixava o Palmeiras fora do grupo dos quatro degolados.
Em vão. O gol de Flávio não conseguiu suprimir a angústia dos comandados de Levir Culpi que, ao contrário, aumentou quando Muñoz perdeu gol feito.
E chegou a um nível alarmante quando Zé Roberto encontrou um corredor para desfilar pelo lado esquerdo. Ele foi passando sem ser importunado pelos defensores palmeirenses. Quando percebeu, Paulo Assunção já havia feito pênalti no oponente.
Na cobrança, aos 27min, Aristizábal colocou novamente o Vitória à frente, e o Palmeiras, de novo, no fundo do poço.
Os palmeirenses, mais do que nunca, precisavam de um empate. Culpi, então, decidiu que necessitava de Nenê, o talismã do jogo anterior, contra o Flamengo. O atacante entrou no segundo tempo e, com um belo gol, empatou, logo aos 3min do segundo tempo.
Novamente os paulistas respiravam. Àquela altura, os resultados ajudavam, e o Palmeiras, de novo, estava fora do rebaixamento.
Mas, como ocorreu durante todo o torneio, o time, quando precisou confiar em si próprio, foi uma lástima. Em apenas dez minutos os baianos confirmaram a fragilidade palmeirense.
Aos 31min, Alexandre falhou na área, e Zé Roberto não perdoou o erro: 3 a 2. Aos 41min, foi a vez de André acabar de vez com a esperança dos paulistas. Ele aproveitou rebote e fez o quarto.
Arce ainda descontou, aos 43min, mas o Palmeiras já estava sepultado. Na segunda divisão.



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