São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Torcida do clube paulista peregrina até Mogi Mirim, assiste à derrota para o Bahia e "canta" em alusão à 2ª divisão

Lusa perde e também abandona a elite

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A MOGI MIRIM

""Um, dois, três; quatro, cinco, mil; segunda divisão é..."
Sabendo bem o que significa não estar na elite do futebol, a torcida da Lusa, que compareceu até em bom número ao estádio Wilson de Barros, em Mogi Mirim, cantava esse refrão antes mesmo do início do jogo decisivo contra o Bahia, que acabou 4 a 2 para o rival (e acabou com a Lusa na elite).
O otimismo que os jogadores e o técnico Gilson Nunes demonstravam antes da partida aumentou logo nos primeiros minutos quando chegou a notícia de que o Palmeiras, concorrente ao rebaixamento, perdia em Salvador.
Os poucos torcedores baianos que foram a Mogi Mirim temiam, em contrapartida, que o rival Vitória "entregasse" o jogo para o Palmeiras com o objetivo de prejudicar seu time. ""Esse clube [Vitória" é assim mesmo", disse um dos líderes de torcida organizada do Bahia, que viajou de avião para a partida de ontem.
Em campo, o jogo começou burocrático -especulou-se que os dois times poderiam fazer um jogo de ""compadre", esperando pelos outros resultados e se livrando da degola com um empate.
Houve atraso de cinco minutos para o início do confronto.
O jogo só aconteceu em Mogi Mirim exatamente por causa da torcida da Lusa -um torcedor agrediu um assistente em jogo no Canindé, e o estádio paulistano foi, na reta final, vetado pela CBF.
"...É o melhor goleiro do Brasil." Assim a torcida da Lusa saudou Bosco, um dos "heróis" da campanha do time, que chegou com apenas 27 pontos ao jogo de ontem. Exagero ou não, ele salvou a Lusa em dois lances. Aos 13min, em cabeçada de Nonato, e aos 23min, em chute quase da pequena área do atacante baiano.
Tudo parecia bem. Derrotas de Palmeiras e de Paraná. A confiança do time do Canindé era compartilhada pelos torcedores. Até os 37min. Nonato pegou um rebote na grande área e mandou no canto direito de Bosco: 1 a 0.
Para o segundo tempo, a equipe do técnico Gilson Nunes voltou a campo, mas não era a mesma. Primeiro, porque Danilo e Alexandre Gaúcho entraram no time. Segundo, porque o estado de nervos dos lusos era outro.
Passados três minutos da segunda etapa já estava 2 a 0 para o Bahia. Robson recebeu na área, livrou-se do goleiro Bosco e serviu Nonato, que só tocou para o gol.
O "anúncio" (os resultados corriam de boca em boca) do empate do Palmeiras aumentou o desespero da Lusa, que já estava nesse momento na Série B. Se estava difícil furar o bloqueio defensivo armado pelo "velho conhecido" Candinho (ex-técnico da Lusa) na primeira etapa, com 2 a 0 contra e com uma pressão enorme ficou quase impossível.
Emerson, goleiro do Bahia, quase não era acionado. A torcida maior já era para os outros resultados, mas o Inter, soube-se, também passava a Lusa na tabela.
Ricardo Oliveira, um jogador da seleção em meio ao modesto time do Canindé, descontou em um chute de fora da área aos 21min. Mas, no minuto seguinte, o zagueiro Luiz Henrique cometeu falta feia na entrada da área em Calisto e foi expulso.
Gol, o terceiro do Vitória. Alívio e festa portuguesa em Mogi.
Gol, o terceiro de Nonato. O sofrimento volta para os lusos.
O Vitória faz o quarto gol, mas o Bahia também: Bebeto Campos, sozinho, de cabeça. Ricardo Oliveira ainda diminuiu de falta. Contudo não houve vibração.
"É isso aí, segunda divisão", gritaram os torcedores da tribuna.



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