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TOSTÃO
País de boas defesas
Do campeão brasileiro à
seleção, o futebol nacional
hoje vê talentos na zaga, mas
carece deles no meio-campo
ALÉM DOS TRÊS craques do
meio para a frente, a seleção
tem excelentes atletas. Lúcio
e Juan estão entre os melhores zagueiros do mundo. O mesmo ocorre
com Júlio César no gol, apesar de
Rogério Ceni ser mais completo.
Maicon é um eficiente lateral, com
chances de se tornar nos próximos
anos tão bom quanto foi Cafu nos
seus melhores momentos. Seu reserva, Daniel Alves, é elogiado em
toda a Europa. Gilberto não brilha,
mas faz bem o essencial. O jovem
Marcelo, titular do Real Madrid, poderá se tornar um destaque na próxima Copa do Mundo.
Falta ao time brasileiro mais talento no meio-campo, para iniciar as
jogadas mais de trás. Ronaldinho,
Kaká, Robinho e Diego atuam do
meio para a frente. Por ser mais rápido, desarmar mais à frente e
preencher mais espaço no meio-campo, prefiro Josué a Gilberto Silva. Na final da Copa América, Josué
e Mineiro anularam o Riquelme e o
toque de bola da Argentina.
Vágner Love teve muitas chances
e não mostrou o talento que se espera de um centroavante da seleção.
Mesmo assim, não sei por que, acho
que ainda irá evoluir. Mas a minha
grande esperança é Pato.
O Brasil tem hoje muito mais para
melhorar no ataque do que na defesa. Entre tantas coisas para evoluir,
Dunga deveria aproveitar mais Kaká
e Robinho nas jogadas de contra-ataque. Assim, eles brilham mais
nos seus clubes.
Associar jogadas de contra-ataque
com futebol defensivo é muitas vezes um erro. A maioria dos gols, em
todo o mundo, nasce de contra-ataque, após a recuperação da bola. O
contra-ataque pode começar no
próprio campo, na faixa central ou
mais perto do outro gol. Nessa última situação, ele é mais eficiente. Em
compensação, o time que marca
mais na frente deixa mais espaços
na defesa para o contra-ataque.
Quem com contra-ataque fere com
contra-ataque será ferido.
Tempos atrás, falavam que o Brasil não tinha boas defesas nem bons
zagueiros e goleiros. A defesa, que
foi melhor que o ataque na Copa de
2006, continua mais eficiente, mesmo com tantos craques do meio para a frente. Não se pode analisar o
atual ataque da seleção somente pelos últimos minutos do jogo contra o
Equador.
No Campeonato Brasileiro, o São
Paulo foi campeão com uma ampla
vantagem por causa de sua excepcional defesa. O São Paulo derrubou
o mito de que em uma competição
por pontos corridos vence quem arrisca mais e faz mais gols.
Essa evolução das defesas pode
tornar o futebol brasileiro mais
equilibrado e mais eficiente. É também mais fácil armar uma boa defesa sem prejudicar o ataque do que
formar um excelente ataque sem
fragilizar a defesa.
Mas, por causa dessa paixão dos
treinadores pelas defesas, será que
no futuro o futebol brasileiro, que
sempre foi adorado em todo o mundo pelo estilo bonito, ofensivo, imprevisível e por ter tantos craques
do meio para a frente, será mais conhecido pelos eficientes esquemas
táticos, pelas ótimas defesas e pelos
excelentes zagueiros e goleiros? Essas são as principais qualidades do
futebol italiano.
Será o fim do espetáculo e da magia do nosso futebol.
tostao.folha@uol.com.br
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