São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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AÇÃO

Que seja no feminino

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Dia desses, na praia, observava Jojó de Olivença organizando um eclético grupo para uma aula de surfe. O bicampeão brasileiro Jocélio de Jesus, surfista de Cristo que herdou da terra natal na Bahia o apelido, é um dos vários surfistas consagrados que têm se dedicado à (atualmente) rentável atividade de ensinar a arte de deslizar nas ondas. Rico, Pedro Muller, Zé Paulo e Cisco Araña engrossam essa lista.
Voltando à aula do Jojó, duas coisas me chamaram a atenção no grupo de alunos. Primeiro, a presença do ídolo do vôlei nacional Maurício Lima, levantando sobre a prancha, ainda na areia, no ensaio que precede a entrada na água, com a mesma facilidade com que fazia levantamentos de bola. Depois, a quantidade de mulheres interessadas no curso: minha Juliana entre elas.
Entrevistei Alfio Lagnado, responsável por algumas das mais bem-sucedidas marcas do surfwear no país, que disse que 30% da receita da maior marca do segmento, a Quiksilver, com faturamento de US$ 1,5 bilhão, vem da linha feminina. Se o bodyboard foi, há tempos, o responsável por levar as mulheres para a água e por trazer títulos mundiais para o Brasil, não há dúvida de que, atualmente, o surfe de pé está fazendo a cabeça das garotas.
Não à toa o calendário nacional traz boas novidades para as surfistas nesta temporada. São três etapas inéditas do circuito mundial, que prometem oferecer melhores chances às brasileiras de ingressar no Tour.
A primeira prova será o Costão Pro - Floripana 2006, na praia do Santinho, em Florianópolis (SC), entre 13 e 19 de fevereiro, quando será disputado pela primeira vez um WQS feminino no país. Etapa de nível quatro estrelas, distribuirá US$ 20 mil em prêmios e 1.500 pontos para o ranking. Ainda pela divisão de acesso, o Billabong Girls WQS, evento cinco estrelas, acontece em agosto na praia da Tiririca, em Itacaré (BA), e distribuirá 2.000 pontos e US$ 25 mil.
Na seqüência, lá em Itacaré, ocorre a estréia da prova mais importante para o surfe feminino nacional, o Billabong Girls WCT, que distribuirá US$ 65 mil e trará a elite mundial feminina ao país.
Após a vitória da peruana Sofia Mulanovich no circuito mundial em 2004, quebrando a hegemonia de americanas e australianas, esse reforço da perna sul-americana do circuito feminino contribui para aumentar nossas chances de emplacar um título no WCT, ainda que seja no feminino.
 
E, se houve incentivo para o Mundial, também não vai faltar motivação nas categorias de base. O Rip Curl Grom Search começa no sábado a sua sétima edição, mantendo o trabalho de descobrir talentos e promover a integração da molecada do país todo.
Voltado para surfistas de até 16 anos, o circuito terá três etapas, a primeira em Florianópolis, e os campeões das categorias mirim e feminina ganham a vaga e a viagem para disputar o Mundial Grommets em 2007, na Austrália, realizado com a etapa mais tradicional do WCT mundial, o Rip Curl Pro em Bells Beach.

Mais um índice olímpico
Nikolai Hentsch, 22, que desde agosto havia conquistado a vaga para a Olimpíada de Inverno na modalidade downhill, nesta terça-feira, em Chamonix, França, conseguiu o índice também para o slalom.

Skate vertical
Começa amanhã no Rio o Oi Vert Jam, prova que abre a temporada e valerá pontos para o ranking mundial. Também haverá prova de patim in line, com Fabiola da Silva competindo junto com os homens.

Santos Surfe Festival
Começa no sábado e vai até o dia 27 a programação de surfe na cidade que é berço do esporte no país. Destaque para a abertura do Brasileiro de longboard, que deve começar já no final de semana.

E-mail sarli@trip.com.br


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