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AUTOMOBILISMO
Escuderia descobre tática de Michelin e começa a utilizar compostos em escala 60% em túnel de vento
Minipneu empurra Ferrari na busca de recuperação na F-1
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG (MALÁSIA)
Terceira colocada no Mundial
de Construtores no ano passado,
no fim de uma hegemonia de seis
temporadas, a Ferrari descobriu
um dos segredos de Renault e
McLaren. Copiou-o. E deve a esse
achado parte da boa forma, da
evolução neste começo de 2006.
As dedo-duras foram Toyota e
William s, que usavam pneus Michelin no último campeonato e
que, agora, reforçam a esquadra
da Bridgestone, Ferrari à frente.
Elas revelaram que a fábrica
francesa produz minipneus para
suas equipes colocarem nos modelos que vão ao túnel de vento.
Surpresa e intrigada, a escuderia
de Maranello encomendou uma
remessa para os japoneses, que
entregaram compostos semelhantes aos da F-1, mas em escala
de 60%, a usada pelos técnicos
ferraristas no equipamento.
Pronto: o time encontrou, ao
analisar os resultados, diversas falhas no carro do ano passado e
nos esboços do 248 F1. Rota corrigida, a Ferrari foi uma das sensações da abertura do Mundial, na
semana passada, e, enquanto teve
motor, andou na frente nos treinos livres do GP da Malásia. A
corrida, a segunda da temporada,
ocorreria na madrugada de hoje.
Salvo novas trocas de motores, a
pole seria de Giancarlo Fisichella,
da Renault, seguido por Jenson
Button, da Honda. Comprovando
o potencial da nova Ferrari, Michael Schumacher fez o quarto
tempo no treino oficial, mas largaria em 14º como punição por
ter trocado de propulsor.
Rubens Barrichello, da Honda,
seria o 20º e Felipe Massa, da Ferrari, o 22º e último colocado no
grid. Os dois também tiveram que
cumprir punição. No caso de
Massa, o preço foi dobrado, já que
ele trocou duas vezes de motor
durante o final de semana.
Aerodinâmica
Criado no final do século 19 por
um engenheiro inglês estudioso
em aviação, o túnel ou galeria de
vento é um aparelho que analisa a
passagem do ar sobre um objeto.
O túnel é utilizado principalmente nas indústrias aeronáutica,
espacial e automobilística, para
projetar e melhorar componentes
aerodinâmicos. Na F-1, em linhas
gerais, quanto menor for o arrasto
e quanto mais o carro estiver "colado" ao chão, melhor será o seu
desempenho.
O desafio dos projetistas é alcançar o segundo objetivo sem
comprometer o primeiro.
Como tudo na categoria, esses
equipamentos trabalham com
muita precisão, e qualquer distorção pode resultar num desvio no
projeto.
Essa era parte da desvantagem
ferrarista em 2005.
Antes de receber a dica de Toyota e Williams, a Ferrari montava
seus modelos com pneus de metal, material que obviamente
apresenta índices de rigidez e deformação diferentes em relação à
borracha do "mundo real".
Além disso, a rolagem do metal
no tapete que corre sob o carro resultava em dados incorretos.
Em tese, as distorções não teriam que acontecer, já que o atual
túnel de vento da Ferrari comporta um carro inteiro. As galerias de
outras equipes, também.
Por uma questão de custos, porém, todos os times lançam mão
de modelos, já que é muito mais
barato alterar uma cópia em escala 60% do que um carro real.
As respostas obtidas pela Ferrari com os minipneus ajudaram
não só na compreensão dos antigos problemas aerodinâmicos,
como também no desenvolvimento dos compostos, uma vez
que agora o time tem como avaliar, em "laboratório", as pressões
que atuam sobre a borracha.
Confira o relato do GP da Malásia, feito pelo enviado especial Fábio Seixas.
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