São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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Novo código de combate a racismo será aplicado na Copa, avisa Fifa

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história das Copas, manifestações racistas podem eliminar seleções do torneio.
Ontem, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que o novo código contra o racismo da entidade, aprovado no mês passado e que só começa a valer em torneios interclubes na Europa a partir do início da próxima temporada, em agosto, será aplicado já na Copa.
Segundo o pacote de medidas, se algum jogador for alvo de racismo -de adversários no campo ou de torcedores-, o clube rival perde três pontos. Na reincidência, serão deduzidos seis pontos. Na segunda repetição, a pena é o rebaixamento da equipe.
Na prática, se qualquer das punições for aplicada em mata-matas da Copa do Mundo, a equipe penalizada é eliminada. Se a pena for imposta na primeira fase, a classificação dos punidos fica muito difícil: em vez de disputar nove pontos, pode chegar ao máximo de seis dentro de sua chave.
Segundo o dirigente máximo do futebol no mundo, outras medidas, como a suspensão de partidas e o banimento de torcedores dos estádios, também serão consideradas visando o Mundial.
Ele deseja ainda que a Fifa tenha o poder de punir federações nacionais que não atuem com rigor contra o racismo.
Medidas além das previstas no pacote anunciado no mês passado serão debatidas no congresso da entidade, que começa dois dias antes da Copa e termina na data do jogo inaugural (9 de junho).
Uma das preocupações de Blatter é evitar que inocentes sejam punidos. Ele acha que jogadores e torcedores podem manipular o código de combate ao racismo para prejudicar terceiros -por exemplo, com um torcedor infiltrado na torcida adversária com o intuito de punir uma equipe para a qual não torce.
Na entrevista que concedeu a um canal de TV britânico, Blatter perdeu a paciência ao ser indagado pela âncora da entrevista a respeito da notícia de que 60 mil mulheres do Leste Europeu serão traficadas para servirem de prostitutas durante a Copa deste ano.
"Ouça senhora, o que podemos fazer? A Fifa não é responsável pelo moral e ética de toda a população do mundo. Devemos combater apostas, drogas, armas e outras questões... Mas isso não é nosso dever. Nosso dever é o futebol", disse o presidente da Fifa.
Enquanto, na Inglaterra, ele anunciava a aplicação do código contra o racismo na Copa, no Chile, um jogador denunciava ter sido alvo de racismo premeditado em jogo da primeira divisão local.
O meia do Santiago Morning Rodrigo Goldberg, que é judeu, afirmou ao diário "Mercurio" que foi alvo de insultos anti-semitas na vitória de seu time por 1 a 0 sobre o Palestino -equipe que tem grande parte da torcida oriunda da comunidade árabe. Ele diz que antes do embate recebeu uma ligação telefônica anônima com ameaças e insultos similares aos proferidos no jogo. (LUÍS FERRARI)

Com agências internacionais


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