São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Pagode anima e embala time de Scolari

Com Edílson como líder e professor, ritmo preferido já faz parte do cotidiano da seleção DOS ENVIADOS A BARCELONA

A seleção brasileira já começou os ensaios, e o pagode é o ritmo escolhido pelos jogadores de Luiz Felipe Scolari para embalar a equipe na Copa do Mundo.
Para tentar amenizar o tédio das concentrações, os jogadores passam os intervalos dos treinos escutando ou tocando pagode.
O arranjador do grupo é o atacante Edílson, do Cruzeiro. Bom tocador de cavaquinho, ele ensina os primeiros acordes do instrumento para os seus companheiros de time.
Os frequentadores mais assíduos das aulas são o gaúcho Ronaldinho, do Paris Saint-Germain, e o volante mineiro Gilberto Silva, do Atlético-MG.
Eles estão sempre no quarto de Edílson aprendendo a tocar o instrumento que consagrou o vascaíno Paulinho da Viola.
"Os dois são esforçados, mas têm que aprender muito", diz Edílson, que tem um estúdio de música em Salvador, na Bahia.
Ele concilia a atividade esportiva com a de empresário de um grupo de axé music -chega a ir a programas de televisão para promovê-lo.
A animação com o pagode, o ritmo que mais faz sucesso entre os jogadores brasileiros de futebol, já pôde ser percebida nos finais dos treinos da seleção em Barcelona, onde o grupo de 23 convocados para a disputa da Copa do Mundo se reuniu pela primeira vez.
Enquanto aguardavam a partida do ônibus nos estádios em que treinaram na capital catalã, os "bambas" da seleção cantavam e batucavam nas janelas sucessos do pagode. Anteontem, Ronaldinho e Edílson comandaram um animado samba dentro do ônibus da seleção no início da noite catalã. O pagode só terminou na chegada da delegação ao luxuoso hotel em que esteve hospedada em Barcelona.
"Sempre gostei de samba. É o ritmo mais alegra para animar as pessoas", diz o jogador do Paris Saint-Germain, o mais jovem entre os maiores entusiastas do ritmo no atual grupo da seleção.
O zagueiro Roque Júnior, do Milan, e o volante Emerson, da Roma, ajudaram na percussão.
Pretendente a pagodeiro no grupo, o lateral Júnior, do Parma, que em 1999, na final do Paulista, brigou em campo com Edílson, admite que precisa se esforçar mais para entrar no ritmo.
""Faço um barulhinho no pandeiro e no tantã, mas tem uns que tocam bem melhor. Mesmo assim, o importante é a animação."
O volante Vampeta, do Corinthians, só chegou a Barcelona anteontem e acabou perdendo as primeiras rodas de pagode, mas é outro entusiasta das sessões musicais. Ele é sócio de uma casa noturna especializada em pagode em São Paulo.
O lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid, que é fã de música sertaneja, também gosta de cantar com a turma do pandeiro e do tamborim.
Apesar das diferenças entre as gerações dentro do campo, o samba, do qual deriva o pagode, também foi o ritmo escolhido pela seleção na Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha.
Na época, o lateral-esquerdo Júnior e o meia Sócrates, outro que também é fã das duplas sertanejas, eram os principais animadores das festas.
Júnior até gravou uma música que foi sucesso na competição e cujo refrão ficou famoso no Brasil: "Voa, canarinho, voa, mostra na Espanha o que eu já sei". Todas as vitórias do time nacional (foram quatro antes do desastre de Sarriá contra a Itália) eram comemoradas com muito samba.

Excluídos
O técnico Luiz Felipe Scolari e os seus companheiros de comissão técnica preferem ficar longe dos pagodeiros. Eles se sentam nos primeiros bancos do ônibus.
O treinador da seleção é fã dos Bee Gees, grupo inglês que foi sucesso da música pop nos anos 70. Na bagagem para a Copa do Mundo de 2002, ele colocou um DVD da banda para animar a talvez tediosa rotina na concentração no Oriente.
Caso chegue até o final da Copa Coréia/Japão, a delegação ficará cerca de 50 dias longe do país. Além da escala espanhola, o time irá treinar também na Malásia, que, assim como os dois países que irão abrigar o Mundial, tem ritmos musicais estranhos para um brasileiro.
O meia-atacante Kaká e o goleiro Rogério, do São Paulo, ainda não aderiram aos pagodeiros. Kaká é fã de gospel. Já Rogério gosta de tocar no seu violão rock e baladas. (FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)


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