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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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FUTEBOL

Em carta a Platini, dirigente faz defesa de inchaço do Mundial de 2006

Sul-Americana apela por "galinha dos ovos de ouro"

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Antes convicta de que a proposta de inchar a Copa seria aprovada, a América do Sul decidiu mudar a estratégia para tentar emplacar seu projeto na Copa de 2006.
O medo da derrota no Comitê Executivo da Fifa fez a Conmebol apelar a um tom emocional para evitar que os europeus matem a "galinha dos ovos de ouro" ao rechaçar o aumento do número de seleções de 32 para 36.
A Folha teve acesso a uma correspondência enviada pelo argentino Julio Grondona, sucessor imediato de Joseph Blatter em caso de impedimento do atual presidente da Fifa, ao francês Michel Platini, que dirige o Comitê Técnico da entidade. Cópia da carta, datada de 6 de maio, foi enviada também a Franz Beckenbauer, presidente do Comitê Organizados da Copa da Alemanha.
Os dois ex-craques posicionaram-se contra a proposta da Sul-Americana, que quer cinco vagas no próximo Mundial. Os comitês presididos pelos ex-atletas reprovaram a alteração e deram fôlego a Blatter, que defende a manutenção da Copa com 32 seleções.
Apelando a um tom "paternal", como ele próprio definiu na carta, o presidente da Associação de Futebol Argentino, um dos homens fortes da Sul-Americana, disse a Platini que, se a Europa mantiver seu projeto "mesquinho" de Copa, aniquilará o torneio.
"Peço que atue com grandeza. Quem fala de muito tempo ou de algum transtorno econômico não sabe o que diz. Não há competição mais esperada que o Mundial. Não matemos a galinha dos ovos de ouro pretendendo defendê-la com argumentos equivocados e mesquinhos. Peço que reconsidere", escreveu Grondona a Platini.
O principal articulador do inchaço vai além. "O Mundial é de todos e para todos, não um torneio mesquinho da Europa x Resto do Mundo. Reclamo consideração, respeito pelo trabalho, pela tradição e pela história."
Em outro trecho da carta, de cinco páginas, Grondona insinua que a Conmebol não ajudará a Europa se, em 2010, com a Copa na África, o continente pedir mais vagas. "A intransigência de hoje pode ser a necessidade de amanhã. Falo com todas as letras. Hoje por mim e amanhã por ti."
O ato de Grondona evidencia o racha existente na cúpula da Fifa. Em 29 de junho, o Comitê Executivo da Fifa se reunirá em Paris para colocar em votação a proposta da América do Sul.
Para que o inchaço saia do papel, a Conmebol idealizou um regulamento que prevê, pela primeira vez em Copas, a disputa de uma repescagem com a competição já em andamento.
As 36 seleções seriam divididas, na primeira fase, em nove grupos de quatro times cada um. Ganhariam vaga para as oitavas os campeões de cada chave e os cinco melhores segundo colocados. As outras duas vagas para a segunda etapa sairiam da repescagem. O sexto melhor segundo colocado enfrentaria o nono, em jogo único. O sétimo pegaria o oitavo.
Para obter a aprovação, são necessários 12 dos 24 votos do comitê, já que Blatter só é chamado se houver empate. A Conmebol contabiliza dez votos. Se convencer Platini, que também tem direito a voto, acredita que sairá de Paris com cinco vagas.



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