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Beleza não põe a mesa, e COI descarta Jogos de 2012 no Rio
Na primeira tentativa encabeçada pelo COB, Brasil fica novamente fora do páreo olímpico já
na primeira peneira, após relatório apontar problemas de transporte, segurança e dinheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Beleza é fundamental, mas não
garante Jogos Olímpicos.
Sem condições de transporte,
segurança e acomodação, o Rio
foi descartado ontem pelo Comitê
Olímpico Internacional na corrida pela Olimpíada de 2012 -o órgão não aceitou nem mesmo considerar a candidatura carioca.
Na disputa, que é possivelmente
a mais acirrada da história e terminará em julho do ano que vem,
ficaram Paris, Londres, Madri,
Moscou e Nova York.
No ano passado, quando o Rio
obteve o status de cidade aspirante, ao vencer disputa contra São
Paulo, o prefeito Cesar Maia havia
dito: "Que me desculpem as feias,
mas beleza é fundamental".
A decisão representa a maior
derrota de Carlos Arthur Nuzman
como presidente do Comitê
Olímpico Brasileiro. Pela primeira vez a entidade tomou a dianteira da aspiração de uma cidade
brasileira na tentativa de receber
uma Olimpíada. Em 2000, quando Brasília concorreu, e em 2004,
quando foi a vez do Rio, o COB
não comandou as campanhas.
"Foi uma decisão que nos surpreendeu e causa decepção", disse Nuzman em Lausanne (Suíça).
Para poder ser considerada candidata, uma cidade teria que
preencher requisitos técnicos mínimos em setores como infra-estrutura, estrutura e impacto ambiental, acomodações, transporte,
segurança e apoio financeiro.
Como o Rio não atendeu ao mínimo exigido, a cidade foi rejeitada, assim como ocorreu com Istambul, Havana e Leipzig.
Apesar de a decisão ter sido feita
a partir de um relatório técnico, o
ministro Agnelo Queiroz (Esporte), um dos membros da delegação brasileira na Suíça, atribuiu o
fiasco a "interesses políticos".
Tanto ele quanto o prefeito Cesar
Maia consideraram que a questão
da segurança pública pesou contra os cariocas. Mas, na avaliação
feita pelo grupo de trabalho do
COI, a infra-estrutura (transporte, comunicações etc.) do Rio teve
nota inferior à da segurança.
O Rio ficou em sétimo entre as
nove aspirantes, com nota máxima de 5,1, à frente apenas de Havana e Istambul, quando a nota de
corte era seis. Além da segurança,
os cariocas não atingiram seis em
infra-estrutura, acomodações e
planejamento de transporte.
O informe técnico do COI foi
apresentado a dez membros do
Comitê Executivo, que o acataram por consenso, definindo as
cinco cidades candidatas.
Até 6 de julho de 2005, no entanto, quando sai a decisão, qualquer uma delas pode ser retirada
da disputa, se apresentar problemas. "As finalistas são as que têm
mais condições para organizar
uma Olimpíada", disse o presidente do COI, Jacques Rogge.
Ele afirmou ainda que enviará o
informe para cada uma das cidades analisar. Segundo Nuzman, o
documento servirá "para entendermos por que nossa proposta
foi recebida dessa forma".
O relatório criticou duramente
o planejamento financeiro apresentado pela candidatura brasileira, considerado por demais "otimista". Também assim foi considerado o planejamento de transporte. "Dado o histórico de dificuldades do Rio com trens e pistas
e o grande custo dessas estruturas, a probabilidade de ter um novo sistema em sete anos parece
otimista."
Na questão da segurança, o COI
questionou o que o Rio considerava um trunfo: isolar o grosso
das competições na Barra da Tijuca. Para o comitê, abrigar tanta
coisa junta seria "complexo".
O COI levou em consideração a
classificação dada à economia
brasileira pela agência de risco
Moody's -o que colocou a candidatura brasileira atrás de todas
as demais, à exceção de Havana.
De positivo no plano carioca, o
comitê enxergou o projeto da Vila
Olímpica ("deixará bom legado
como complexo residencial") e a
opinião pública -pelas pesquisas do COI, o apoio à candidatura
só ficou atrás do que tem Havana.
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