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"Vôo da alegria" da CBF veta boleiros
FERNANDO MELLO
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A PARIS
A CBF recebeu carta-branca da
Fifa para levar grande comitiva
para celebrar em Paris os cem
anos da entidade. E, na lista de
convidados, não aparece ninguém que fez em campo o país ser
a maior potência da modalidade.
No Boeing 767 que levou mais
de 200 pessoas à capital francesa
não estava um jogador campeão
mundial -sem contar vencedores de 2002, o Brasil tem mais de
50 atletas vivos que já ganharam a
Copa. A CBF preferiu comitiva
eclética que nunca usou chuteiras.
O grosso dos convidados é formado por cartolas, empresários e
amigos e parentes de funcionários
da CBF -há cerca de dez jornalistas. A comitiva conta com a
presença de senadores, ministros
e um governador, chamados para
mostrar que a candidatura à Copa-2014 tem respaldo nas variadas facções da política nacional.
Entre os que confirmaram presença no jogo de amanhã, no Stade de France, entre França e Brasil
estão a senadora Roseana Sarney
(PFL-MA), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o governador
Aécio Neves (Minas Gerais) e os
ministros Agnelo Queiroz (Esporte) e Gilberto Gil (Cultura).
Celebridades, como a modelo
Luiza Brunet e o ator Rafael Calomeni, também não foram esquecidos pelos dirigentes da CBF, que
não tem na sua alta cúpula ninguém que já jogou bola.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, disse que preteriu os
atletas para não criar injustiças.
"Acabamos de sair de um episódio ruim, a lista feita por Pelé [dos
125 melhores jogadores vivos da
história]. Não encontrei critério
que não melindrasse ninguém. Se
convidasse os capitães campeões,
deixaria o Pelé de fora. E nem
sempre o capitão foi o mais representativo jogador de sua seleção."
O cartola diz que seguiu o mesmo raciocínio em relação a clubes
e federações. Só as entidades paulista e carioca foram contempladas, ""para não gerar ciumeira".
A CBF já foi acusada outras vezes de ignorar ex-jogadores em
festividades. Numa das únicas vezes em que tentou fazer o contrário se deu mal, já que Bellini, capitão do time que ganhou a Copa
da Suécia não aceitou o convite
para ir à Suíça defender a candidatura brasileira à Copa de 2006.
Os escolhidos pela CBF receberam convites em papel timbrado
da Fifa. Mas quase toda a estrutura da viagem foi montada pela
agência de turismo que cuida das
excursões da seleção. E o custo da
viagem é alto. O fretamento do
avião teve um custo de cerca de
US$ 250 mil. Mais: a comitiva está
espalhada por três hotéis luxuosos, em que uma diária não custa
menos de R$ 700.
O jornalista Fernando Mello viaja
a convite da Fifa
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