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[!] foco
Em reduto de obesos, "fofinho" é defendido e pipoca light bate seleção
DÉBORA YURI
DA REVISTA DA FOLHA
"Pipoca! Foi a pipoca!",
gritaram os cerca de 50 hóspedes do Spa Igaratá quando
saiu o gol de Adriano. Contextualizando: minutos antes, um coro ecoou em todo o
salão, na linha de torcida furiosa que pede a entrada do
xodó sentado no banco. O
coro: "Pipoca! Pipoca!".
"Era nossa única reivindicação. Comer pipoca vendo
jogo faz falta, e ela deu sorte", explicou a enfermeira
Iriane Murbach, 34.
"Aqui é assim: ver a seleção sem churrasco nem cerveja", resumiu a hostess do
Igaratá, Rosangela Brunner,
50. No spa, o torcedor sofre
com o time de Parreira saboreando pipoca com sal light,
em quantidade controlada. A
cerveja até existe -mas, pena, também é light.
Brigando pelo tal sal, os
hóspedes evitavam xingar
Ronaldo de "gordo". Preferiam berrar apelidos mais
simpáticos, como "Ronaldão" e "fofinho". Quando o
camisa 9 foi substituído, silêncio. Nenhum palavrão.
Parte da torcida, porém,
era mais crítica. "O Ronaldo
não está gordo. Está enorme.
Eu até brinquei que ele precisa passar uns dias aqui", dizia a aposentada Maria Antonieta Rios de Faria, 56.
Com 90 kg e 1,65 m, Antonieta "xinga mesmo" o atacante. "De gordo, indecente,
balofo, horroroso. O pessoal
aqui evita esse tratamento,
talvez porque estejamos todos num spa. Mas todo mundo sabe que ele está gordo."
Gol de Fred, angústia encerrada, pulos nos sofás, pipocas pelo chão. "Acaba o jogo, juiz! Tenho que fazer caminhada", pedia um hóspede. Outra gritava: "Chega, está na hora da minha hidro!".
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