São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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[!] foco

Em reduto de obesos, "fofinho" é defendido e pipoca light bate seleção

DÉBORA YURI
DA REVISTA DA FOLHA

"Pipoca! Foi a pipoca!", gritaram os cerca de 50 hóspedes do Spa Igaratá quando saiu o gol de Adriano. Contextualizando: minutos antes, um coro ecoou em todo o salão, na linha de torcida furiosa que pede a entrada do xodó sentado no banco. O coro: "Pipoca! Pipoca!".
"Era nossa única reivindicação. Comer pipoca vendo jogo faz falta, e ela deu sorte", explicou a enfermeira Iriane Murbach, 34.
"Aqui é assim: ver a seleção sem churrasco nem cerveja", resumiu a hostess do Igaratá, Rosangela Brunner, 50. No spa, o torcedor sofre com o time de Parreira saboreando pipoca com sal light, em quantidade controlada. A cerveja até existe -mas, pena, também é light.
Brigando pelo tal sal, os hóspedes evitavam xingar Ronaldo de "gordo". Preferiam berrar apelidos mais simpáticos, como "Ronaldão" e "fofinho". Quando o camisa 9 foi substituído, silêncio. Nenhum palavrão.
Parte da torcida, porém, era mais crítica. "O Ronaldo não está gordo. Está enorme. Eu até brinquei que ele precisa passar uns dias aqui", dizia a aposentada Maria Antonieta Rios de Faria, 56.
Com 90 kg e 1,65 m, Antonieta "xinga mesmo" o atacante. "De gordo, indecente, balofo, horroroso. O pessoal aqui evita esse tratamento, talvez porque estejamos todos num spa. Mas todo mundo sabe que ele está gordo."
Gol de Fred, angústia encerrada, pulos nos sofás, pipocas pelo chão. "Acaba o jogo, juiz! Tenho que fazer caminhada", pedia um hóspede. Outra gritava: "Chega, está na hora da minha hidro!".


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