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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br
Viva a surpresa
O ENCANTO pelo futebol da
Alemanha morreu no segundo jogo. A força da Inglaterra nas eliminatórias
não resistiu ao primeiro
tempo contra a Argélia. Até
a Eslovênia fez um primeiro
tempo ótimo contra os EUA.
A Copa é mais das surpresas do que das defesas. Até
mesmo a Argentina, que
deixou boa imagem no segundo tempo ante a Coreia
do Sul, penou para vencer
por 2 a 1 a primeira etapa.
A tese mais fácil a partir
da decepção com os grandes é que a retranca está ganhando a Copa. Mas, fosse
assim, o México não venceria a França jogando no ataque, num 4-3-3 ousado e veloz. Nem a Argélia tentaria
jogar com a bola no pé ante
os poderosos ingleses.
Critique o nível técnico,
mas não se esqueça de que
a surpresa pode tornar a Copa saborosa. Melhor do que
os favoritos ganharem tudo.
Quando a Sérvia vence a
Alemanha, tente se lembrar
o que fazem seus titulares.
Stankovic é campeão europeu pela Inter. Krasic, destaque da Copa dos Campeões pelo CSKA. Jovanovic,
recém-contratado pelo Liverpool. O futebol espalhou
atletas de países diferentes
pelo mundo, e é isso o que
explica as vitórias de seleções intermediárias contra
outras mais poderosas.
Quando a Argentina é
campeã mundial de basquete, atribui-se ao desenvolvimento do esporte.
Quando a Sérvia ganha da
Alemanha, a teoria é a do
nivelamento por baixo. Não
é. Lembre-se de que o fato
não é inédito. Em 1962, a Iugoslávia, de quem a Sérvia é
herdeira, eliminou a Alemanha nas quartas de final.
Ontem, a Sérvia montou
uma linha de cinco meio-
-campistas e obrigou os alemães a se desvencilharem.
Lançou Krasic nas costas
de Badstuber, sabidamente
o mais frágil marcador. O
gol saiu assim. Defender é
só parte da estratégia. A outra parte é o estudo.
INGLESES PÉSSIMOS
A má atuação inglesa até
aqui tem mais a ver com a dificuldade de Lampard e Gerrard armarem do que com a
saída de bola. E o time não joga pelos lados. Está errado.
COMPROMETIMENTO
A Eslovênia tinha em 2002
um craque, Zahovic. Perdeu
todos os jogos. Matijas Kek
diz que foi porque Zahovic tinha privilégios. Hoje sem craques, o técnico diz que o espírito de equipe empurra o time.
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