|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
O Timão já é um time
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Corinthians ainda não
voltou a ser o Timão, mas já
é, pelo menos, um time -o que
não é pouco.
Contra em Vitória, em Salvador, embora só tenha conseguido
o empate, o alvinegro fez sua melhor partida no Brasileirão. Tomou o primeiro gol numa falha
de marcação da defesa, mas não
se abalou e foi à luta, buscando a
meta adversária o tempo todo.
O Corinthians teve o domínio
territorial e criou mais chances de
gol que o Vitória. Mas não foi só:
mostrou variedade de jogadas e
poder de surpreender o oponente.
Pela primeira vez deu para sentir nitidamente o papel organizador e motivador do técnico Tite.
Durante toda a partida o alvinegro foi um time solidário e
aguerrido, que podia até errar
muitos passes, mas sem rifar a bola e sim tentando dar fluência ao
jogo. Foram bem usadas as jogadas pelos flancos, com Rosinei e
Edson pela direita e Gil e Zé Carlos pela esquerda. No meio, Rogério voltou a mostrar grande mobilidade e espírito de liderança.
Ainda falta muita coisa, claro:
um atacante definidor, uma defesa mais entrosada, um volante
mais equilibrado e técnico que
Fabinho. Mas a evolução do time
em poucas rodadas é inquestionável e se deve, a meu ver, principalmente ao treinador, que mexeu pouca coisa, mas ajustou o
conjunto e devolveu a confiança a
atletas que estavam desalentados.
Outro time que segue em ascensão é o Palmeiras, que anteontem
conquistou uma vitória convincente sobre o Grêmio. O elenco alviverde está tão autoconfiante
que até o volante Marcinho, normalmente visto apenas como um
marcador "carrapato", fez a jogada de craque que resultou no primeiro gol palmeirense.
O fato de o placar ter sido aberto justamente por Pedrinho, jogador que teve atritos recentes com
o técnico Estevam Soares, foi importante para selar a paz e a boa
fase alviverde. Insisto nesse ponto
porque o talentoso meia é um
profissional muito sensível às mudanças de ambiente. Precisa estar
tranqüilo e motivado para fazer
render seu belo futebol.
Se Pedrinho faz a diferença no
Palmeiras, Petkovic no Vasco, Roger no Fluminense etc., no São
Paulo quem continua sendo decisivo é o goleiro Rogério Ceni, responsável direto pela vitória tricolor de anteontem à noite sobre o
Figueirense.
Muitos se perguntam por que
um atleta valioso como Rogério
não costuma ser chamado para a
seleção brasileira. A razão, a meu
ver, é menos técnica do que, digamos, política.
Os treinadores em geral, sobretudo os da seleção, vêem com desconfiança os jogadores que exibem consciência e idéias próprias.
Preferem os cumpridores de ordens e repetidores de chavões. É
por isso, também, que um craque
como Alex costuma enfrentar resistências. Só encontra lugar na
seleção, quando encontra, porque
é impossível ignorar seu esplêndido futebol.
Enigma 1
Quem com gol fere, com gol será ferido. É a sina do Atlético-PR. Após arrasar o Goiás por 6
a 0, o Furacão caiu diante do Inter pelo mesmo placar. Quem
explica tanta irregularidade?
Enigma 2
Alex Dias lidera com folga a artilharia do Brasileirão, continuando uma tradição que começou com Túlio e passou por
Dimba. Por que será que um time modesto como o Goiás consegue ter tantos artilheiros nacionais?
Elegância de príncipe
Atiçado por um repórter de TV
a comentar, no Maracanã, o incrível gol perdido por Marcelo,
do Flu, contra o Santos, o ex-craque Eusébio disse: "Cá de fora é fácil, somos todos treinadores. O difícil é lá dentro".
E-mail: jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: Atletismo: Iaaf resolve tirar ouro de americanos em Sydney Próximo Texto: Vôlei: Campeão invicto, Brasil repete feito de 92 Índice
|