São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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VÔLEI

Bernardinho leva seleção ao quarto título da Liga Mundial com campanha inédita desde a trajetória do ouro olímpico

Campeão invicto, Brasil repete feito de 92

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas dos Jogos de Atenas, a seleção masculina de vôlei repetiu ontem um feito obtido apenas uma vez, e pelo único time brasileiro campeão olímpico.
Como fez a equipe do técnico José Roberto Guimarães em Barcelona-1992, o Brasil chegou invicto ao título de uma competição da tríplice coroa do vôlei -Olimpíada, Mundial e Liga.
O time de Bernardinho mostrou porque é um dos favoritos ao ouro em Atenas e conquistou o tetracampeonato da Liga Mundial.
A seleção precisou de uma hora e 35 minutos e 3 sets a 1 (27/ 25, 25/19, 25/27 e 25/17) na final sobre a Itália para fazer o troféu chegar às mãos do "capitão" Nalbert.
Ainda se recuperando de operação no ombro, o ponta foi homenageado pelos companheiros e, no pódio, era o símbolo do caminho trilhado até Roma.
"Essa não é qualquer equipe. Cada um de nós merece estar aqui. Às vezes acho que estou sonhando. Fico meio besta, sem ação. Para mim, essa é uma realização imensa. Sonhava com isso, mas não acreditava que pudesse acontecer", afirmou Ricardinho.
No percurso marcado por testes e sucessivas lesões, que atingiram os principais jogadores da equipe, o Brasil conseguiu 15 vitórias e cedeu oito sets -apenas dois deles na etapa decisiva.
Depois de ter de alçar Dante à condição de titular por causa da perda de Nalbert, Bernardinho viu, um a um, seus jogadores caírem durante o torneio. Giba, Gustavo, Giovane e Rodrigão sofreram lesões, e o time chegou à final com formação completamente diferente da que iniciou a Liga.
Ontem, o Brasil encontrou uma seleção que também optou por usar a competição sem todos os favoritos em Atenas -EUA e Rússia, por exemplo, não jogaram- para fazer testes.
Gianpaolo Montali radicalizou na primeira fase e deixou Vermiglio, Sartoretti, maior pontuador das finais (46 pontos), e Papi, melhor atacante da Liga, e Fei no banco. Perdeu cinco jogos, um deles para Cuba. Na fase decisiva, no entanto, usou força máxima.
No primeiro set, os dois times mostraram a mesma opção tática: saques forçados. E obtiveram o mesmo resultado: muitos erros.
O Brasil, que já havia deixado a Itália superar uma desvantagem de 23 a 20, só fechou quando Giba, principal opção de Ricardinho no ataque, furou o bloqueio rival.
Na etapa seguinte, a seleção se aproveitou dos erros do adversário -cedeu 38 pontos ou um set e meio- e passeou em quadra.
A facilidade da vitória fez o Brasil se acomodar. Nada deu certo no terceiro set, e a Itália parou de cometer erros. A seleção ainda conseguiu manter o jogo equilibrado graças aos saques potentes de Giba, André Nascimento e André Heller, mas não foi suficiente.
Após muitas broncas de Bernardinho, a seleção voltou a se acertar no quarto set.
Com o saque dificultando a armação das jogadas italianas, a equipe armou um paredão no bloqueio e, quando não fazia pontos diretos, conseguia aproveitar os contra-ataques.
"Estou muito feliz. Nos desconcentramos em alguns momentos, mas soubemos arriscar o suficiente e tomar a iniciativa", elogiou Bernardinho, que aproveitou para chamar a atenção do grupo.
"O time cresceu muito, mas não podemos esquecer nunca as nossas fraquezas. Todas as equipes agora vão trabalhar em dobro para chegar até nós. Cabe ao nosso grupo permitir que isso aconteça ou não", afirmou o treinador, que espera recuperar todos os jogadores durante as três semanas que faltam para a Olimpíada.
Desde que assumiu o time, o Bernardinho conseguiu manter os adversários à distância: foram 13 finais em 14 campeonatos. O Brasil ergueu o troféu 11 vezes.
Como fez questão de frisar o técnico ontem, ainda em meio à festa pela conquista do tetra, falta o ouro olímpico em sua galeria.
Para isso, ele começa a trabalhar hoje. Quer alcançar o que não conseguiu com o time feminino -foi bronze nos Jogos de Atlanta-1996 e Sydney-2000.


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