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VÔLEI
Bernardinho leva seleção ao quarto título da Liga Mundial com campanha inédita desde a trajetória do ouro olímpico
Campeão invicto, Brasil repete feito de 92
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas dos Jogos de Atenas, a seleção masculina de vôlei
repetiu ontem um feito obtido
apenas uma vez, e pelo único time
brasileiro campeão olímpico.
Como fez a equipe do técnico
José Roberto Guimarães em Barcelona-1992, o Brasil chegou invicto ao título de uma competição
da tríplice coroa do vôlei -Olimpíada, Mundial e Liga.
O time de Bernardinho mostrou
porque é um dos favoritos ao ouro em Atenas e conquistou o tetracampeonato da Liga Mundial.
A seleção precisou de uma hora
e 35 minutos e 3 sets a 1 (27/ 25,
25/19, 25/27 e 25/17) na final sobre
a Itália para fazer o troféu chegar
às mãos do "capitão" Nalbert.
Ainda se recuperando de operação no ombro, o ponta foi homenageado pelos companheiros e,
no pódio, era o símbolo do caminho trilhado até Roma.
"Essa não é qualquer equipe.
Cada um de nós merece estar
aqui. Às vezes acho que estou sonhando. Fico meio besta, sem
ação. Para mim, essa é uma realização imensa. Sonhava com isso,
mas não acreditava que pudesse
acontecer", afirmou Ricardinho.
No percurso marcado por testes
e sucessivas lesões, que atingiram
os principais jogadores da equipe,
o Brasil conseguiu 15 vitórias e cedeu oito sets -apenas dois deles
na etapa decisiva.
Depois de ter de alçar Dante à
condição de titular por causa da
perda de Nalbert, Bernardinho
viu, um a um, seus jogadores caírem durante o torneio. Giba, Gustavo, Giovane e Rodrigão sofreram lesões, e o time chegou à final
com formação completamente
diferente da que iniciou a Liga.
Ontem, o Brasil encontrou uma
seleção que também optou por
usar a competição sem todos os
favoritos em Atenas -EUA e
Rússia, por exemplo, não jogaram- para fazer testes.
Gianpaolo Montali radicalizou
na primeira fase e deixou Vermiglio, Sartoretti, maior pontuador
das finais (46 pontos), e Papi, melhor atacante da Liga, e Fei no
banco. Perdeu cinco jogos, um
deles para Cuba. Na fase decisiva,
no entanto, usou força máxima.
No primeiro set, os dois times
mostraram a mesma opção tática:
saques forçados. E obtiveram o
mesmo resultado: muitos erros.
O Brasil, que já havia deixado a
Itália superar uma desvantagem
de 23 a 20, só fechou quando Giba, principal opção de Ricardinho
no ataque, furou o bloqueio rival.
Na etapa seguinte, a seleção se
aproveitou dos erros do adversário -cedeu 38 pontos ou um set e
meio- e passeou em quadra.
A facilidade da vitória fez o Brasil se acomodar. Nada deu certo
no terceiro set, e a Itália parou de
cometer erros. A seleção ainda
conseguiu manter o jogo equilibrado graças aos saques potentes
de Giba, André Nascimento e André Heller, mas não foi suficiente.
Após muitas broncas de Bernardinho, a seleção voltou a se
acertar no quarto set.
Com o saque dificultando a armação das jogadas italianas, a
equipe armou um paredão no
bloqueio e, quando não fazia pontos diretos, conseguia aproveitar
os contra-ataques.
"Estou muito feliz. Nos desconcentramos em alguns momentos,
mas soubemos arriscar o suficiente e tomar a iniciativa", elogiou
Bernardinho, que aproveitou para chamar a atenção do grupo.
"O time cresceu muito, mas não
podemos esquecer nunca as nossas fraquezas. Todas as equipes
agora vão trabalhar em dobro para chegar até nós. Cabe ao nosso
grupo permitir que isso aconteça
ou não", afirmou o treinador, que
espera recuperar todos os jogadores durante as três semanas que
faltam para a Olimpíada.
Desde que assumiu o time, o
Bernardinho conseguiu manter
os adversários à distância: foram
13 finais em 14 campeonatos. O
Brasil ergueu o troféu 11 vezes.
Como fez questão de frisar o
técnico ontem, ainda em meio à
festa pela conquista do tetra, falta
o ouro olímpico em sua galeria.
Para isso, ele começa a trabalhar
hoje. Quer alcançar o que não
conseguiu com o time feminino
-foi bronze nos Jogos de Atlanta-1996 e Sydney-2000.
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