São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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JOSÉ GERALDO COUTO

Vitória sofrida e bela


O nervosismo quase derrubou o Inter, que podia ter vencido de modo menos dramático


O BRASIL está bem representado no Mundial de Clubes da Fifa. O Internacional é um time forte, aguerrido e de ótima qualidade técnica. Mas a vitória de ontem sobre o Chivas foi muito mais sofrida do que se esperava. O nervosismo quase pôs a perder o título da Taça Libertadores da América.
Afoito, desembestado, o Colorado nem parecia a mesma equipe que venceu com tanta autoridade a partida de ida, no México. Seus jogadores estiveram tão à vontade em Guadalajara que cheguei a pensar que o que lhes tirava a pressão de cima dos ombros era o fato de já estarem garantidos naquele momento no Mundial (graças a essa aberração que é um time mexicano na Libertadores).
Mas ontem isso tudo parecia esquecido no Beira-Rio. Empurrado pela torcida, o Internacional, no primeiro tempo, não soube controlar os nervos e segurar a bola à espera do melhor momento para agredir o adversário.
O gol mexicano no final da primeira etapa foi uma ducha de água gelada sobre o febril mar vermelho do Beira-Rio. Parecia ter vindo à tona o trauma das seis finais anteriores da Taça Libertadores entre brasileiros e estrangeiros, todas perdidas por nossos clubes -e geralmente por puro nervosismo.
No fim, felizmente, prevaleceu a superioridade técnica do time gaúcho. E o treinador Celso Roth parece estar enterrando sua persistente fama de retranqueiro. Seu Inter é um time que joga para a frente.
Ao chegar ao colorado, Roth tirou um dos três zagueiros e acrescentou um volante no meio-campo. Os números do esquema não importam tanto. O importante é que são três volantes -Sandro, Guiñazu e Tinga- que "saem para o jogo", não ficam presos às funções defensivas.
Isso faz a diferença.
O jogo de ontem foi truncado, violento, com um perde-ganha medonho no meio de campo. Poucos foram os lances bonitos, além dos gols (o de Giuliano foi de placa). Poderia ter sido mais bonito e tranquilo, mas talvez não tivesse tanta graça.
O fato é que, no ano em que o futebol de resultados da seleção brasileira resultou em decepção, três times, até agora, resgataram no país o prazer de assistir e jogar bola: o Santos, o Inter e o Fluminense, que está brilhando no Brasileirão.
Os três conseguiram os tais "resultados" sem abrir mão de um futebol aberto, ofensivo, atrevido. Assim como a Espanha na Copa do Mundo, eles provaram que não há contradição entre jogar bonito e vencer.

jgcouto@uol.com.br


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