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Mando de partida vira ativo de "pequenos"
Firmas negociam jogos contra clubes populares
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Vendem-se jogos dos principais times de futebol do Brasil.
Exige-se pagamento adiantado,
mais 50% da renda líquida da
partida. O contratante fica responsável pela escolha do campo e a organização da partida.
Não é o resultado dos jogos o
item negociado. Empresas estão ""comprando" o mando de
partidas de clubes quando estes
enfrentam times como Corinthians, Flamengo e São Paulo.
A Folha conversou com três
empresas -uma do Paraná e
duas de Mato Grosso do Sul-,
especialistas nesse tipo de negociação. Elas fecham acordo
com os times mandantes, pagam, escolhem local para o jogo, cuidam de organização, logística, segurança, aluguel do
estádio e venda de ingressos. E
ficam com metade da renda.
""É um grande negócio para
os times, que praticamente só
têm a obrigação de jogar. Nós
organizamos toda a parte burocrática", disse Roberto Scaff,
diretor da MC Comunicações,
do Paraná, que fechou acordo
com o Santo André para seis
partidas deste Brasileiro. O jogo do São Paulo, amanhã, em
Ribeirão Preto, é um deles.
Terceirizar seus jogos, segundo Romualdo Magro Júnior, vice-presidente do Santo
André, é uma saída para as desprestigiadas equipes que não
integram o Clube dos 13.
""Nossa receita é infinitamente menor. Quando fazemos esse tipo de parceria, não é
para ganhar dinheiro, mas para
colocar contas, salários, bichos
e impostos em dia", disse.
""Os times pequenos precisam encarar essa situação. Precisam de dinheiro e, hoje em
dia, não conseguem tempo para promover uma partida."
Os empresários escondem o
valor pago. Mas o diretor de
marketing do Marília, Charles
Filgueira, revelou que o clube
levou R$ 300 mil adiantado para transferir seu mando de um
jogo contra o Corinthians e
aproximadamente mais R$
300 mil por 50% da renda.
""Foi vantajoso. Além do trabalho que deixamos de ter, tivemos um bom lucro. Um clube como o Marília precisa de
dinheiro. Jogar em casa não
traria um público grande, pois
a capacidade do nosso estádio é
pequena", reconheceu ele.
O negócio, porém, não se restringe ao interior paulista ou
paranaense. ""Mato Grosso do
Sul não tem time na primeira
divisão do Brasileiro. O público
daqui quer assistir a grandes
jogos", afirmou o empresário
Paulo Sérgio Telles, dono da
Soccer MS, também especializada na compra de mandos.
No mês passado, o Coritiba
foi julgado pelo Tribunal de
Justiça Desportiva e perdeu o
mando de um jogo. Contra o
Santos, teria de atuar a pelo
menos 500 km de Curitiba. Entrou em cena a Soccer MS.
""O Coritiba não tem experiência para fazer jogos fora.
Daí a parceria. Fomos contratados, adiantamos uma quantia
e ficamos com parte da renda",
disse Telles, sem revelar o percentual que sua firma levou.
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