São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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Mando de partida vira ativo de "pequenos"

Firmas negociam jogos contra clubes populares

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Vendem-se jogos dos principais times de futebol do Brasil. Exige-se pagamento adiantado, mais 50% da renda líquida da partida. O contratante fica responsável pela escolha do campo e a organização da partida.
Não é o resultado dos jogos o item negociado. Empresas estão ""comprando" o mando de partidas de clubes quando estes enfrentam times como Corinthians, Flamengo e São Paulo.
A Folha conversou com três empresas -uma do Paraná e duas de Mato Grosso do Sul-, especialistas nesse tipo de negociação. Elas fecham acordo com os times mandantes, pagam, escolhem local para o jogo, cuidam de organização, logística, segurança, aluguel do estádio e venda de ingressos. E ficam com metade da renda.
""É um grande negócio para os times, que praticamente só têm a obrigação de jogar. Nós organizamos toda a parte burocrática", disse Roberto Scaff, diretor da MC Comunicações, do Paraná, que fechou acordo com o Santo André para seis partidas deste Brasileiro. O jogo do São Paulo, amanhã, em Ribeirão Preto, é um deles.
Terceirizar seus jogos, segundo Romualdo Magro Júnior, vice-presidente do Santo André, é uma saída para as desprestigiadas equipes que não integram o Clube dos 13.
""Nossa receita é infinitamente menor. Quando fazemos esse tipo de parceria, não é para ganhar dinheiro, mas para colocar contas, salários, bichos e impostos em dia", disse.
""Os times pequenos precisam encarar essa situação. Precisam de dinheiro e, hoje em dia, não conseguem tempo para promover uma partida."
Os empresários escondem o valor pago. Mas o diretor de marketing do Marília, Charles Filgueira, revelou que o clube levou R$ 300 mil adiantado para transferir seu mando de um jogo contra o Corinthians e aproximadamente mais R$ 300 mil por 50% da renda.
""Foi vantajoso. Além do trabalho que deixamos de ter, tivemos um bom lucro. Um clube como o Marília precisa de dinheiro. Jogar em casa não traria um público grande, pois a capacidade do nosso estádio é pequena", reconheceu ele.
O negócio, porém, não se restringe ao interior paulista ou paranaense. ""Mato Grosso do Sul não tem time na primeira divisão do Brasileiro. O público daqui quer assistir a grandes jogos", afirmou o empresário Paulo Sérgio Telles, dono da Soccer MS, também especializada na compra de mandos.
No mês passado, o Coritiba foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva e perdeu o mando de um jogo. Contra o Santos, teria de atuar a pelo menos 500 km de Curitiba. Entrou em cena a Soccer MS.
""O Coritiba não tem experiência para fazer jogos fora. Daí a parceria. Fomos contratados, adiantamos uma quantia e ficamos com parte da renda", disse Telles, sem revelar o percentual que sua firma levou.


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