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TÊNIS
Tudo mudou
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O vento soprava forte, e isso
atrapalhava o jogo de Andy
Roddick. Afinal, o americano,
magricelo, baseava seus golpes,
diziam, apenas no saque potente.
Apesar de ter uma quebra no
primeiro set e marcado 6/3, Roddick penava para se manter no jogo na segunda série. Estava atrás
no placar, e o vento, incessante,
indicava um terceiro e decisivo
set mais complicado ainda.
Do outro lado da rede, o argentino Guillermo Coria, então apenas 198º do ranking, ganhava
confiança. No saibro, seu piso
predileto e onde o saque de Roddick poderia ter menos efeito, tentava alongar ao máximo as trocas de bola.
Inteligente, Coria jogava as bolas no backhand de Roddick. Não
deu outra. Fez o americano errar
11 bolas assim no segundo set.
Sem contar o vento, que, naquele 28 de abril, em 2002, levou Roddick a cometer impensáveis oito
duplas-faltas. No set final, Coria,
abusado e confiante, tentou até
drop shot, mas Roddick chegou,
bem, e bateu forte, de backhand.
O vento amainou, e os 12 aces foram decisivos para dar a Roddick
a vaga na final, na qual derrotaria Pete Sampras para sair do
Westside Tennis Club com o seu
quinto título, o segundo consecutivo em Houston.
Na sexta, mais de um ano e
meio depois, Roddick e Coria voltaram a se enfrentar em Houston.
O jogo começou como um replay
do anterior. Roddick venceu o
primeiro set com uma quebra. No
segundo, Coria endureceu, forçou
no backhand de Roddick e levou
a partida para o set decisivo.
Novamente, no terceiro set, o
argentino saiu fazendo o rival
correr. Fez 3/1 e, de novo, viu Roddick virar. Novo número um, ele
ganhou cinco games seguidos para fechar o jogo. Como há um ano
e tanto, marcou 12 aces.
Nada mudou? Tudo mudou.
"Quando jogamos aqui, da outra vez, no saibro, éramos completamente diferentes", diz Coria.
Há um ano e meio, Roddick não
tinha nenhum título fora dos
EUA, onde já era tratado como
astro. Agora, Roddick já ganhou
na Inglaterra, no Canadá, na
Áustria. E mais três títulos em casa, inclusive um Masters Series
(Cincinnati) e o Aberto dos EUA.
É reconhecido onde antes era
considerado só uma promessa.
Há um ano e meio, Roddick tinha um treinador perfeito para a
época, que o controlava e o tratava como filho. Agora, Roddick
tem um técnico preocupado só
com sua atuação dentro de quadra, e não com seus namorinhos
extraquadra (isso apesar de o namoro de Roddick ficar cada vez
mais sério).
Há um ano e meio, a única
preocupação dos adversários do
agora número um era segurar o
seu saque; se possível, forçar a bola no lado esquerdo dele.
Hoje, em vez de vento, para
atrapalhar o saque, só mesmo rezando para chover.
Há um ano e meio, Roddick só
pensava em tornar mais poderoso
ainda o saque. Hoje, procura defeitos em seu jogo para mudar.
Há um ano e meio, Roddick era
considerado invenção de americano. Agora, levanta o troféu da
Corrida dos Campeões e todo
mundo bate palma.
Que emoção!
Kim Clijsters saiu campeã do Masters, mas quem fecha o ano como
número um é Justine Henin-Hardenne. Há quem goste das belgas,
mas é necessário reconhecer que as irmãs Williams fazem falta.
Entre os garotos
Walter Lima, Nicole Buitoni (18 anos), Rodrigo Morgado, Isabela
Kulaif (16), André Stábile, Natasha Lotuffo (14), Bruno Porto e Mariel
Maffezzolli (12) foram os vencedores da oitava etapa do Grand Slam
infanto-juvenil, promovido pela CBT em Manaus.
Cadeirantes
Zilmar Pires venceu a quinta etapa do Circuito Brasileiro, em Niterói.
Maurício Pommê chegou à 50ª posição no ranking mundial.
E-mail reandaku@uol.com.br
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