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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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TÊNIS

Tudo mudou

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O vento soprava forte, e isso atrapalhava o jogo de Andy Roddick. Afinal, o americano, magricelo, baseava seus golpes, diziam, apenas no saque potente.
Apesar de ter uma quebra no primeiro set e marcado 6/3, Roddick penava para se manter no jogo na segunda série. Estava atrás no placar, e o vento, incessante, indicava um terceiro e decisivo set mais complicado ainda.
Do outro lado da rede, o argentino Guillermo Coria, então apenas 198º do ranking, ganhava confiança. No saibro, seu piso predileto e onde o saque de Roddick poderia ter menos efeito, tentava alongar ao máximo as trocas de bola.
Inteligente, Coria jogava as bolas no backhand de Roddick. Não deu outra. Fez o americano errar 11 bolas assim no segundo set.
Sem contar o vento, que, naquele 28 de abril, em 2002, levou Roddick a cometer impensáveis oito duplas-faltas. No set final, Coria, abusado e confiante, tentou até drop shot, mas Roddick chegou, bem, e bateu forte, de backhand. O vento amainou, e os 12 aces foram decisivos para dar a Roddick a vaga na final, na qual derrotaria Pete Sampras para sair do Westside Tennis Club com o seu quinto título, o segundo consecutivo em Houston.
Na sexta, mais de um ano e meio depois, Roddick e Coria voltaram a se enfrentar em Houston. O jogo começou como um replay do anterior. Roddick venceu o primeiro set com uma quebra. No segundo, Coria endureceu, forçou no backhand de Roddick e levou a partida para o set decisivo.
Novamente, no terceiro set, o argentino saiu fazendo o rival correr. Fez 3/1 e, de novo, viu Roddick virar. Novo número um, ele ganhou cinco games seguidos para fechar o jogo. Como há um ano e tanto, marcou 12 aces.
Nada mudou? Tudo mudou.
"Quando jogamos aqui, da outra vez, no saibro, éramos completamente diferentes", diz Coria.
Há um ano e meio, Roddick não tinha nenhum título fora dos EUA, onde já era tratado como astro. Agora, Roddick já ganhou na Inglaterra, no Canadá, na Áustria. E mais três títulos em casa, inclusive um Masters Series (Cincinnati) e o Aberto dos EUA. É reconhecido onde antes era considerado só uma promessa.
Há um ano e meio, Roddick tinha um treinador perfeito para a época, que o controlava e o tratava como filho. Agora, Roddick tem um técnico preocupado só com sua atuação dentro de quadra, e não com seus namorinhos extraquadra (isso apesar de o namoro de Roddick ficar cada vez mais sério).
Há um ano e meio, a única preocupação dos adversários do agora número um era segurar o seu saque; se possível, forçar a bola no lado esquerdo dele.
Hoje, em vez de vento, para atrapalhar o saque, só mesmo rezando para chover.
Há um ano e meio, Roddick só pensava em tornar mais poderoso ainda o saque. Hoje, procura defeitos em seu jogo para mudar.
Há um ano e meio, Roddick era considerado invenção de americano. Agora, levanta o troféu da Corrida dos Campeões e todo mundo bate palma.

Que emoção!
Kim Clijsters saiu campeã do Masters, mas quem fecha o ano como número um é Justine Henin-Hardenne. Há quem goste das belgas, mas é necessário reconhecer que as irmãs Williams fazem falta.

Entre os garotos
Walter Lima, Nicole Buitoni (18 anos), Rodrigo Morgado, Isabela Kulaif (16), André Stábile, Natasha Lotuffo (14), Bruno Porto e Mariel Maffezzolli (12) foram os vencedores da oitava etapa do Grand Slam infanto-juvenil, promovido pela CBT em Manaus.

Cadeirantes
Zilmar Pires venceu a quinta etapa do Circuito Brasileiro, em Niterói. Maurício Pommê chegou à 50ª posição no ranking mundial.

E-mail reandaku@uol.com.br


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