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ARTIGO
O São Paulo é diferente
CARLOS MIGUEL AIDAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos idos de 84, ao assumir o
São Paulo, firmei a meta de
popularizar e elevar o futebol ao
mais alto degrau, fosse de títulos,
de espetáculos ou de crescimento
da torcida. Renovei o time, dispensei estrelas que, a meu ver, não
tinham mais motivação e promovi jovens da base. A partir daí, coloquei em prática o plano. Contei
com os fiéis escudeiros Marcelo
Portugal Gouvêa e Juvenal Juvêncio, ambos "lançados" por mim
no clube. Deu certo.
Já em 85, feito renovado em 87,
fomos campeões paulistas, lembrando que, em 86, vencemos o
Brasileiro pela segunda vez. Ali
nasceu o Projeto Tóquio, que nada mais era do que atravessar o
mundo para conquistá-lo.
Mas não bastava um grande time. Era preciso mais. Era preciso,
por exemplo, criar um departamento médico-fisioterápico aplicado à fisiologia do esforço, algo
inédito. Era preciso erguer um CT
para a equipe. E tudo isso foi feito.
Assim, não surpreende o São
Paulo estar à frente. Ele não é melhor nem pior que seus rivais. Ele
não é maior nem menor que seus
concorrentes. Ele apenas é diferente. Ele planeja neste tão desorganizado futebol brasileiro.
Também não surpreende termos batido a Espanha em 92, ao
vencermos o Barcelona, a Itália
em 93, ao vencermos o Milan, e,
agora, a Inglaterra, ao vencermos
o Liverpool. O Projeto Tóquio,
antes um sonho, virou realidade.
E, hoje, a realidade se supera na
exata compreensão do que é ser
três vezes campeão mundial.
Fica a lição: planejar sempre fez
parte do sucesso do São Paulo.
Por isso temos o Morumbi e um
novo, e maior, CT em Cotia.
Carlos Miguel Aidar é advogado e foi
presidente do São Paulo de 1984 a 1988
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