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Fartura palmeirense não é para todos
Atletas dispensados por Vanderlei Luxemburgo mantêm a forma em centro de treinamento precário em Guarulhos
Zagueiro que foi titular do clube no ano passado com Caio Júnior diz que conhece o atual treinador do clube apenas pela televisão
RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Palmeiras que cresce no
Paulista vive um 2008 de pompa, com novo patrocínio, reforma de estádio e centro de treinamento e parceria de peso que
investe milhões em contratações. Um outro pedaço deste
mesmo Palmeiras, contudo, segue à espera de perspectivas, a
16 km de distância.
Ofuscados pelos holofotes
trazidos ao clube por Vanderlei
Luxemburgo, alguns jogadores
seguem encostados no CT 2,
em Guarulhos, mesmo tendo
um contrato a cumprir.
"Só conheço o Luxemburgo
pela televisão." Essa citação,
que poderia ser a de um torcedor comum, na verdade vem do
zagueiro Edmílson, que chegou
a ser titular em 2007 mas não
teve o aval de Luxemburgo para continuar no elenco.
O defensor de 30 anos nem
sequer conheceu a nova comissão técnica. "Quando começou
a temporada já veio o comunicado para eu vir treinar em
Guarulhos", falou Edmílson
após o treino no período da manhã da última sexta no CT 2.
Ele e mais três companheiros -como o volante Marcelo
Costa, outro que disputou algumas partidas no ano passado-,
desligados do grupo principal,
agora apenas mantêm a forma,
já que também não são utilizados pelo Palmeiras B, que usa a
categoria sub-20 na disputa da
Série A-3 do Paulista.
"A gente não treina com bola.
É só parte física. É uma situação difícil. A gente se sente excluído. Mas evito ficar pensando nisso para não sofrer mais.
Depois que saio daqui, fico o dia
inteiro brincando em casa com
o meu filho pequeno", afirmou
Edmílson, que tem contrato
com o Palmeiras até junho de
2009. "Sou empregado do clube e tenho de vir treinar aqui
todos os dias", acrescentou.
No treino acompanhado pela
reportagem, os "excluídos" do
time principal apenas deram
algumas voltas no campo.
Além do drama de não ter
perspectiva de permanecer no
clube, o cenário do novo local
de trabalho é bem diferente da
Academia de Futebol, palco de
seguidas reformas.
A chegada ao CT de Guarulhos lembra uma cidade de interior. A principal via de acesso
é por uma estrada de terra que
margeia a rodovia Ayrton Senna. "Se chove muito a estrada
vira um atoleiro. Quando não
chove, é um poeirão terrível",
afirmou um dos funcionários.
Ao lado da portaria, um rio
cheio de entulho compõe o visual. "Bicho aqui é o que não
falta. É comum ver passando
cobras e aranhas", revelou o ex-atacante Jorginho, hoje coordenador da base do clube.
No dia em que a reportagem
esteve no local, uma pequena
boiada tocada por um garoto
atrasou a chegada ao CT. "No
ano passado, os jogadores que
estavam fora dos planos do
Caio Júnior [então treinador
do Palmeiras] treinavam no CT
[principal] do clube mesmo.
Agora, acharam melhor vir para cá", disse Edmílson.
O contato com os jogadores
do elenco principal praticamente se limita ao goleiro Marcos, com quem às vezes sai para
jantar. "Falamos de tudo, menos de futebol e de Palmeiras".
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