São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Fartura palmeirense não é para todos

Atletas dispensados por Vanderlei Luxemburgo mantêm a forma em centro de treinamento precário em Guarulhos

Zagueiro que foi titular do clube no ano passado com Caio Júnior diz que conhece o atual treinador do clube apenas pela televisão


RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras que cresce no Paulista vive um 2008 de pompa, com novo patrocínio, reforma de estádio e centro de treinamento e parceria de peso que investe milhões em contratações. Um outro pedaço deste mesmo Palmeiras, contudo, segue à espera de perspectivas, a 16 km de distância.
Ofuscados pelos holofotes trazidos ao clube por Vanderlei Luxemburgo, alguns jogadores seguem encostados no CT 2, em Guarulhos, mesmo tendo um contrato a cumprir.
"Só conheço o Luxemburgo pela televisão." Essa citação, que poderia ser a de um torcedor comum, na verdade vem do zagueiro Edmílson, que chegou a ser titular em 2007 mas não teve o aval de Luxemburgo para continuar no elenco.
O defensor de 30 anos nem sequer conheceu a nova comissão técnica. "Quando começou a temporada já veio o comunicado para eu vir treinar em Guarulhos", falou Edmílson após o treino no período da manhã da última sexta no CT 2.
Ele e mais três companheiros -como o volante Marcelo Costa, outro que disputou algumas partidas no ano passado-, desligados do grupo principal, agora apenas mantêm a forma, já que também não são utilizados pelo Palmeiras B, que usa a categoria sub-20 na disputa da Série A-3 do Paulista.
"A gente não treina com bola. É só parte física. É uma situação difícil. A gente se sente excluído. Mas evito ficar pensando nisso para não sofrer mais. Depois que saio daqui, fico o dia inteiro brincando em casa com o meu filho pequeno", afirmou Edmílson, que tem contrato com o Palmeiras até junho de 2009. "Sou empregado do clube e tenho de vir treinar aqui todos os dias", acrescentou.
No treino acompanhado pela reportagem, os "excluídos" do time principal apenas deram algumas voltas no campo.
Além do drama de não ter perspectiva de permanecer no clube, o cenário do novo local de trabalho é bem diferente da Academia de Futebol, palco de seguidas reformas.
A chegada ao CT de Guarulhos lembra uma cidade de interior. A principal via de acesso é por uma estrada de terra que margeia a rodovia Ayrton Senna. "Se chove muito a estrada vira um atoleiro. Quando não chove, é um poeirão terrível", afirmou um dos funcionários.
Ao lado da portaria, um rio cheio de entulho compõe o visual. "Bicho aqui é o que não falta. É comum ver passando cobras e aranhas", revelou o ex-atacante Jorginho, hoje coordenador da base do clube.
No dia em que a reportagem esteve no local, uma pequena boiada tocada por um garoto atrasou a chegada ao CT. "No ano passado, os jogadores que estavam fora dos planos do Caio Júnior [então treinador do Palmeiras] treinavam no CT [principal] do clube mesmo. Agora, acharam melhor vir para cá", disse Edmílson.
O contato com os jogadores do elenco principal praticamente se limita ao goleiro Marcos, com quem às vezes sai para jantar. "Falamos de tudo, menos de futebol e de Palmeiras".


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