São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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Reis históricos da bilheteria do Brasileiro fracassam e desgostam seus fãs

O seu dinheiro de volta

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine uma festa íntima, com apenas 22 convites, e nenhum deles endereçado às quatro pessoas mais populares da turma. É assim, pelo andar da carruagem, que pode ser o Campeonato Brasileiro na próxima temporada.
Os quatro campeões históricos de bilheteria do Nacional agonizam no torneio em 2004.
Atlético-MG, Bahia, Corinthians e Flamengo (estes dois se enfrentam hoje), afundados em problemas financeiros, estão longe dos tempos de glória.
Os nordestinos já estão na segunda divisão, na qual fazem campanha apenas regular. Os mineiros e os cariocas, se o torneio da elite já estivesse encerrado, estariam condenados hoje à Série B. E o Corinthians só está um posto acima da zona do rebaixamento.
A classificação do Nacional mostra que tradição de casa cheia não dá pontos na tabela hoje. Enquanto o quarteto mais popular do país, cuja média de público caseira varia entre os 22,5 mil do Corinthians e os 28,3 mil do Flamengo (números da revista "Placar"), vai mal, clubes que nunca figuraram no topo do ranking da bilheteria brilham na competição.
A rodada começou com o Criciúma na ponta. Na sua trajetória no Brasileiro, o clube tem a modesta média de 6.300 pagantes como mandante. O Figueirense, que ontem assumiu a vice-liderança, tem média caseira que não chega aos 10 mil. O São Caetano, que raramente reúne mais de 3.000 torcedores no Anacleto Campanella, continua a assustar os grandes.
Sem bons resultados, os reis da bilheteria já não têm mais o mesmo apoio. O Atlético-MG, por exemplo, registra uma média de público em 2004 que não corresponde nem a 30% de seus números históricos no certame.
Clubes mais populares do país, Corinthians e Flamengo, que só não vive um pesadelo total por estar na final da Copa do Brasil, vão fazer o primeiro confronto entre os times no Brasileiro-04 em um estádio acanhado. O jogo de hoje acontece em Limeira, já que o clube paulista perdeu o mando de uma partida pelo comportamento ruim de sua torcida.
No cenário atual, o público médio desse confronto não deve ser maior do que 15 mil. De 1971 até o ano passado, os duelos entre Corinthians e Flamengo venderam, em média, nada menos do que 35 mil ingressos a cada jogo.
No clube do Parque São Jorge, o técnico Tite refuta a opinião de alguns jogadores, que consideram jogar longe da capital vantajoso, já que a pressão seria menor.
"O jogador ou o treinador que não estiver preparado para enfrentar uma situação como essa não serve", afirma Tite.
Não é só pela alta popularidade que essas quatro equipes deveriam estar longe da realidade ou ameaça da segunda divisão.
Juntos, Atlético-MG, Bahia, Corinthians e Flamengo somam nove títulos nacionais.
Os quatro são fundadores do Clube dos 13 e, principalmente com o clube paulista e o carioca, são os principais atrativos nas emissoras que transmitem o Brasileiro. De acordo com pesquisa nacional do Datafolha, o quarteto responde por 43% das preferências dos brasileiros que dizem torcer por um time.


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