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TOSTÃO
Missão quase impossível
O Grêmio tem um desafio e tanto pela Libertadores, e a seleção terá outro, para usar
Robinho, Kaká e Ronaldinho
V
OU TORCER para o Grêmio,
mas tenho pouquíssimas esperanças de o time ser campeão da Libertadores. Isso não significa que seja impossível. Entre o que
desejo e penso e o que vai acontecer
há uma grande diferença.
Com as prováveis escalações de
Lucas, talvez de Amoroso -está na
hora de ele dar o ar de sua graça-, e
se o Grêmio pressionar, não deixar o
Boca ficar com a bola, como o time
gaúcho fez contra o Santos em Porto
Alegre, e ainda se contar com muita
sorte, poderá ocorrer o quase impossível.
Parafraseando um tal de Shakespeare, que gostava de brincar com as
palavras, o futebol tem muito mais
mistérios do que sabe a nossa vã filosofia.
Treino alemão
As ausências de Ronaldinho e
Kaká podem ser úteis à seleção,
pois dará chance a outros jogadores. O time não pode depender tanto dos dois, nem de Robinho na Copa América. Não podemos achar
também que os craques são sempre
os responsáveis pelas vitórias e pelas derrotas.
Dunga vai armar a seleção do jeito que gosta e sabe, com dois volantes pelo meio, o Elano pela direita
defendendo e atacando e o Diego
na ligação com os dois atacantes
(Robinho livre e mais um centroavante). O time fica um pouco torto,
sem o meia pela esquerda para fazer o que Elano faz pela direita.
Se o técnico da seleção fosse Capello ou a maioria dos técnicos europeus, Robinho jogaria pela esquerda, marcando e atacando, como faz no Real Madrid.
Mesmo se o Brasil jogar muito
bem na Copa América, Dunga terá
de mudar o esquema tático para escalar juntos Ronaldinho, Kaká e
Robinho. Será outro problema.
Com os três, o time ficou muito
embolado pelo meio, deixando o
centroavante isolado. Para os três
brilharem juntos -creio nisso-,
a seleção precisaria de um técnico
mais experiente, com mais conhecimentos, além de visionário, desses que gostam de inovar, de sair do
lugar-comum. Esse treinador é cada dia mais raro.
Discordo do conceito de que uma
seleção, por ter pouco tempo para
treinar, não tem condições de jogar
de maneira diferente, como às vezes acontece em um clube. O tempo é relativo. Pode ser até o contrário. Para fazer igual aos outros, basta treinar muito e repetir, até
aprender. Já para inovar, encantar,
improvisar com sucesso e surpreender, é preciso de muita criatividade, ousadia e de pouco tempo.
Além disso, a seleção perde muito tempo com tantos treinos de
dois toques e em campo pequeno.
Dunga repete Parreira, que repete
a maioria dos técnicos, que repete
um tal alemão que inventou, não
sei quando, essa prática, chamada
até hoje de treino alemão. Nem tudo que é alemão é bom.
A turma do oba-oba e quase todos os técnicos podem me dar milhões de explicações científicas para esse tipo de treino e me chamar
de ultrapassado e saudosista, mas
treino bom para mim é o que simula situações técnicas e táticas idênticas ou muito parecidas com as de
um jogo, o que não significa que seja necessário fazer muitos treinos
coletivos, como ocorria no passado.
tostao.folha@uol.com.br
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