São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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Herói dos Aflitos acredita no Grêmio

Caçula da seleção diz que histórico jogo com o Náutico deve ser a inspiração para levar ex-clube ao título contra o Boca

Fã de Ronaldinho e novo reforço do Manchester foi o autor do gol que, em 2005, significou a volta do time do RS à elite do Brasileiro


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Ele é o mais jovem do grupo da seleção brasileira, mas, aos 19 anos, já tem muita história para contar. Na Granja Comary, Anderson anda como um veterano e, diante dos jornalistas, porta-se como uma estrela.
Típico de um garoto precoce, que acaba de se transferir para o poderoso Manchester United, da Inglaterra, pela fortuna de 35 milhões (cerca de R$ 90 milhões), ele foi herói de um dos dias mais importantes da história do Grêmio, clube que o revelou para o futebol.
Aliás, é grato pelo dia que ficou conhecido como a "Batalha dos Aflitos". Naquele dia, Anderson, de acordo com suas próprias palavras, deixou de ser menino e virou homem. "Aquilo ali para mim foi a coisa mais importante da minha carreira. Eu amadureci muito, passei de menino a homem, fui para o Porto [de Portugal] e hoje estou aqui [na seleção brasileira]", disse o meia à Folha.
Naquele dia, 26 de novembro de 2005, Anderson conduziu o Grêmio à Série A do Brasileiro em um confronto épico contra o Náutico no estádio dos Aflitos. Quando tudo parecia perdido, após quatro expulsões dos gaúchos, Anderson fez o gol da vitória. Tinha só 17 anos.
Por isso, na opinião do meia, é aquele jogo que deve inspirar seu clube de coração no Olímpico hoje, diante do Boca Juniors, na final da Libertadores.
"Eu ajudei o Grêmio na Série B. Hoje, a final da Libertadores é mérito dos jogadores que estão lá, mas claro que ajudou muito o clube, que ficou mais conhecido e ganhou muita moral. Foi muito importante para o Grêmio ganhar confiança e saber que é grande. E isso, sem dúvida, deve ser aplicado contra o Boca", afirma Anderson.
"É claro que dá para reverter. Cada jogo tem sua história, e você tem que acreditar sempre", acrescentou ele.
A confiança de Anderson dentro de campo não é vista fora dele, talvez por timidez, talvez pela fama precoce.
O fato é que, ao passar pela zona mista, o jogador é abordado pelos repórteres, mas não mostra a mesma paciência que tem com suas longas tranças para responder às perguntas.
Agindo como o próprio caçula da seleção, passa pelo corredor de repórteres e cinegrafistas sempre escondido atrás dos grandalhões, para fugir das entrevistas. Mas logo é percebido: "Anderson", gritam os jornalistas. E, com cara de poucos amigos, concorda em falar.
A atitude faz lembrar o comportamento do artilheiro Ronaldo em alguns momentos na última Copa do Mundo, realizada na Alemanha em 2006.
Em poucas palavras, no entanto, Anderson mostra seu estilo. "Fiz um grande trabalho no Porto e mereço estar aqui", diz, sem modéstia, o atleta, campeão português pelo Porto, misturando o sotaque gaúcho com o da "terrinha". "A passagem pelo Porto foi um bocado rápida", afirma ele.
Entre os companheiros e a comissão técnica, recebe tratamento especial por ser o mais novo da delegação. Ontem, ao errar o gol no treino de finalizações, ouviu do técnico Dunga que "perdeu o gol porque fez as tranças hoje". Em outra chance, fez o gol e deu cambalhotas no gramado da Granja Comary.
"Mas acho que tenho a mesma responsabilidade que os outros", faz questão de dizer o ex-atacante gremista.
Na seleção principal pela primeira vez para disputar uma competição oficial, Anderson diz que se espelha nele mesmo e dispensa algum tipo de comparação com o seu maior ídolo.
Apesar da admiração que tem ter por um outro gaúcho oriundo de Porto Alegre, o camisa 10 do Barcelona, ele evita qualquer tipo de ligação.
"O Ronaldinho é um ídolo para mim, ganhou duas vezes o prêmio de melhor jogador do mundo. Mas Ronaldinho é Ronaldinho e Anderson é Anderson. Posso chegar aonde o Anderson deve chegar. Meu objetivo é ser campeão. Prefiro isso a ser o melhor jogador."


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