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Herói dos Aflitos acredita no Grêmio
Caçula da seleção diz que histórico jogo com o Náutico deve ser a inspiração para levar ex-clube ao título contra o Boca
Fã de Ronaldinho e novo
reforço do Manchester foi o
autor do gol que, em 2005,
significou a volta do time
do RS à elite do Brasileiro
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
Ele é o mais jovem do grupo
da seleção brasileira, mas, aos
19 anos, já tem muita história
para contar. Na Granja Comary, Anderson anda como um
veterano e, diante dos jornalistas, porta-se como uma estrela.
Típico de um garoto precoce,
que acaba de se transferir para
o poderoso Manchester United, da Inglaterra, pela fortuna
de 35 milhões (cerca de R$
90 milhões), ele foi herói de um
dos dias mais importantes da
história do Grêmio, clube que o
revelou para o futebol.
Aliás, é grato pelo dia que ficou conhecido como a "Batalha
dos Aflitos". Naquele dia, Anderson, de acordo com suas
próprias palavras, deixou de
ser menino e virou homem.
"Aquilo ali para mim foi a coisa
mais importante da minha carreira. Eu amadureci muito,
passei de menino a homem, fui
para o Porto [de Portugal] e hoje estou aqui [na seleção brasileira]", disse o meia à Folha.
Naquele dia, 26 de novembro
de 2005, Anderson conduziu o
Grêmio à Série A do Brasileiro
em um confronto épico contra
o Náutico no estádio dos Aflitos. Quando tudo parecia perdido, após quatro expulsões
dos gaúchos, Anderson fez o
gol da vitória. Tinha só 17 anos.
Por isso, na opinião do meia,
é aquele jogo que deve inspirar
seu clube de coração no Olímpico hoje, diante do Boca Juniors, na final da Libertadores.
"Eu ajudei o Grêmio na Série
B. Hoje, a final da Libertadores
é mérito dos jogadores que estão lá, mas claro que ajudou
muito o clube, que ficou mais
conhecido e ganhou muita moral. Foi muito importante para
o Grêmio ganhar confiança e
saber que é grande. E isso, sem
dúvida, deve ser aplicado contra o Boca", afirma Anderson.
"É claro que dá para reverter.
Cada jogo tem sua história, e
você tem que acreditar sempre", acrescentou ele.
A confiança de Anderson
dentro de campo não é vista fora dele, talvez por timidez, talvez pela fama precoce.
O fato é que, ao passar pela
zona mista, o jogador é abordado pelos repórteres, mas não
mostra a mesma paciência que
tem com suas longas tranças
para responder às perguntas.
Agindo como o próprio caçula da seleção, passa pelo corredor de repórteres e cinegrafistas sempre escondido atrás dos
grandalhões, para fugir das entrevistas. Mas logo é percebido:
"Anderson", gritam os jornalistas. E, com cara de poucos amigos, concorda em falar.
A atitude faz lembrar o comportamento do artilheiro Ronaldo em alguns momentos na
última Copa do Mundo, realizada na Alemanha em 2006.
Em poucas palavras, no entanto, Anderson mostra seu estilo. "Fiz um grande trabalho
no Porto e mereço estar aqui",
diz, sem modéstia, o atleta,
campeão português pelo Porto,
misturando o sotaque gaúcho
com o da "terrinha". "A passagem pelo Porto foi um bocado
rápida", afirma ele.
Entre os companheiros e a
comissão técnica, recebe tratamento especial por ser o mais
novo da delegação. Ontem, ao
errar o gol no treino de finalizações, ouviu do técnico Dunga
que "perdeu o gol porque fez as
tranças hoje". Em outra chance, fez o gol e deu cambalhotas
no gramado da Granja Comary.
"Mas acho que tenho a mesma responsabilidade que os
outros", faz questão de dizer o
ex-atacante gremista.
Na seleção principal pela primeira vez para disputar uma
competição oficial, Anderson
diz que se espelha nele mesmo
e dispensa algum tipo de comparação com o seu maior ídolo.
Apesar da admiração que
tem ter por um outro gaúcho
oriundo de Porto Alegre, o camisa 10 do Barcelona, ele evita
qualquer tipo de ligação.
"O Ronaldinho é um ídolo
para mim, ganhou duas vezes o
prêmio de melhor jogador do
mundo. Mas Ronaldinho é Ronaldinho e Anderson é Anderson. Posso chegar aonde o Anderson deve chegar. Meu objetivo é ser campeão. Prefiro isso
a ser o melhor jogador."
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