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FUTEBOL
Federação e clubes repudiam "inchaço" sem adotarem medidas práticas
Paulistas protestam, mas descartam boicotar torneio
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a CBF e o Gama fechavam um acordo para viabilizar a disputa do Brasileiro-2000, a
FPF (Federação Paulista de Futebol) anunciava ontem um protesto dos clubes do Estado contra
uma competição "inchada".
Por meio do presidente da Federação, Eduardo José Farah, os
paulistas se posicionaram contra
uma competição com 25 clubes,
formato proposto pela CBF aos
dirigentes do Gama.
Corinthians, Palmeiras, São
Paulo, Santos, Lusa, Guarani e
Ponte Preta, que estão na primeira divisão, assinaram um documento manifestando a sua posição. Mas esse posicionamento está longe de significar um motim.
Apesar de protestarem, os paulistas descartam boicotar a competição nacional.
"Estamos marcando a nossa posição. Somos contra um campeonato com mais de 21 clubes, com a
presença de penetras. Discordamos, mas respeitamos a CBF. Não
vou sugerir que os clubes de São
Paulo boicotem o campeonato",
afirmou Farah.
O dirigente marcou uma entrevista coletiva para anunciar a decisão dos paulistas. Paulo Amaral,
presidente do São Paulo, e Marcelo Teixeira, presidente do Santos,
participaram do anúncio.
Farah enviou um comunicado à
CBF pedindo que fosse realizado
um campeonato com 21 clubes.
Jogariam os 20 times tecnicamente classificados para a primeira divisão de 2000, mais o Gama,
que ganhou na Justiça o direito de
participar do Brasileiro ou da Copa João Havelange, primeiro torneio idealizado pelo Clube dos 13
para isolar o time de Brasília.
Farah pediu ainda para a CBF
solicitar que a Fifa anule a determinação que proíbe os times brasileiros de enfrentar o Gama. A
entidade que controla o futebol
mundial tomou essa medida alegando que a equipe brasiliense
entrou na Justiça comum antes de
serem esgotadas todas as instâncias na Justiça desportiva.
O Gama alega que não pode ser
punido, pois a ação judicial foi encabeçada pelo advogado Paulo
Goyaz, do Distrito Federal, e não
pelo clube.
"Quem acionou a Fifa contra o
Gama que acione agora para retirar a proibição. Não estamos defendendo o Gama, que não é o
mocinho da história. Estamos defendendo a decisão do judiciário", declarou Farah.
O dirigente disse que já havia
entrado em contato com Ricardo
Teixeira, presidente da CBF, anteontem, para manifestar a posição dos paulistas.
"Mas não obtive uma resposta.
Lá na CBF é difícil de as coisas serem decididas rapidamente. Ele
(Teixeira) vai ouvir pelo menos
umas dez pessoas ", falou Farah,
criticando o presidente da CBF.
A tardia manifestação da posição dos paulistas foi justificada
por Farah como sendo reflexo da
espera em torno da definição do
Clube dos 13.
"A responsabilidade de organizar o Brasileiro é da CBF. O Clube
dos 13 assumiu o controle e agora
desistiu, por isso nós estamos tomando essa atitude", afirmou.
Segundo ele, apesar de discordarem do "inchaço" do campeonato, os paulistas não têm poder
para evitar que isso ocorra. Por isso, está ocorrendo apenas o protesto, sem medidas práticas.
"Não tenho poder para impedir
um campeonato com 25 clubes.
Gostaria de ter, mas não posso fazer nada", afirmou Farah.
Mesmo assim, o dirigente disse
que pode haver uma competição
só com clubes paulistas, na hipótese de não acontecer o Brasileiro
ou um torneio equivalente. Seria
um campeonato apenas entre times do Estado, sem convidados.
Os únicos dirigentes de clubes
presentes à coletiva, se mostraram pouco à vontade. Amaral era
o mais constrangido. "Estou aqui
por acaso, vim tratar de outro assunto", se limitou a dizer o presidente são-paulino.
Teixeira manifestou o seu interesse de consultar os outros integrantes do Clube dos 13 sobre a
proposta dos paulistas. Eles vão se
reunir amanhã, no Rio.
Segundo Farah, o presidente do
Palmeiras, Mustafá Contursi, não
aceita a disputa com 25 times. A
Folha telefonou para o celular do
dirigente, das 17h40 às 19h, mas as
ligações não foram atendidas.
No Rio de Janeiro, a atitude de
Farah teve repercussão negativa.
"O Farah é oportunista e agora
decidiu jogar para a galera, dar
uma de Sassá Mutema (personagem da novela "O Salvador da Pátria')", afirmou Eduardo Vianna,
presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.
Apesar das críticas feitas à CBF
e a seu presidente, Farah negou,
sem ser enfático, que sonhe em
suceder Ricardo Teixeira.
"Não sou candidato à presidência da CBF e nem quero ser. Agora se um dia as portas se abrirem
para eu me candidatar, vou estudar a situação", afirmou.
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