São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 2006

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RÉGIS ANDAKU

Mocinhos e vilões

O MELHOR tenista da história anuncia um boicote à Copa Davis na tentativa de derrubar o então presidente da confederação brasileira. Os outros bons tenistas, unidos, vão atrás. O todo-poderoso dirigente cai, mas, nessa luta toda, a equipe da Copa Davis também despenca para o fundo o poço.
Chegada a hora de reerguer o tênis brasileiro, nem tudo vai bem. Na Copa Davis, a face mais visível das brigas de bastidores do tênis nacional, parece tudo ir até de mal a pior. Uma série de desconfortos por que atravessam os melhores tenistas do país hoje deixa uma dúvida enorme sobre as chances reais da equipe de Fernando Meligeni no confronto contra os suecos, neste fim de semana, na capital mineira.
O primeiro desconforto é com Thiago Alves, melhor tenista do país no ranking, aliás único entre os 100 primeiros, mas solenemente ignorado pelo capitão. Alves não mostra o gênio dos mais tranqüilos -já teve um entrevero durante pleno jogo com Julio Silva, usando termos pejorativos à condição social do oponente, por exemplo-, mas é o que está jogando melhor hoje em dia.


Em público, amizade e tapa nas costas; por atrás, ironias e reclamações. É o nosso time para pegar a Suécia na Davis

Pois este garoto do gênio forte já revelou irritação a colegas por ter sido excluído da convocação inicial e não ter tido, segundo confidenciou, um tratamento adequado à sua importância. O fato de ter sido chamado às pressas não amenizou a situação: ele acha que merecia ao menos uma passagem aérea para ir ao encontro do time em Belo Horizonte.
O único a se dar relativamente bem no convívio com Alves é Flávio Saretta, tenista mais próximo do capitão fora das quadras. Só que Saretta, diferentemente de Alves, não está bem nem técnica e nem fisicamente. Pelo contrário: quem o viu notou que a dificuldade com uma simples troca de bola é grande.
Há também um certo desconforto causado pela surpreendente convocação de Gustavo Kuerten na última hora. Nem todo mundo gostou ou achou justa a convocação. Na verdade, uns não gostaram, e outros gostaram, mas não viram sentido.
No meio desse tiroteio todo, Ricardo Mello, o bonzinho, fica na sua -como sempre, não se apresenta. André Sá, mineirinho, bom companheiro, também fica na dele. E fica também na expectativa: será que fará dupla em BH com Kuerten, Alves, Mello, Saretta ou Daniel? Pois é, tem Marcos Daniel, outro tenista que, apesar de mostrar certa evolução nos últimos anos, custou a ser convocado para a equipe da Davis. Era, até a semana passada, o melhor brasileiro no ranking. Agora, é o segundo melhor. Mas nem isso, veja, garante a escalação de Daniel no confronto, seja nas partidas de simples, seja no jogo de duplas. E sua inquietação também é notória.
São cenas dignas de uma trama de suspense, quase policial. Só que, nos filmes, os mocinhos vencem no final. Será que esses mocinhos ganham? Ou será que cabem melhor, todos eles, no papel de vilões?

EM BUENOS AIRES
Enquanto isso, nossos "hermanos" esperam a hora de "fritar" Lleyton Hewitt e botar a Argentina na final da Copa Davis -Grupo Mundial, diga-se de passagem. Na outra semifinal, Rússia e EUA.

EM BELÉM
Em sua volta às quadras após suspensão por doping, o argentino Guillermo Cañas bateu o compatriota Carlos Berlocq e ficou com o título do Amazônia Open, challenger disputado na Advanced Tennis, na capital paraense.

EM GOIÁS
O Future de Goiânia teve como campeão o gaúcho Eduardo Portal. Na final, bateu o argentino Alejandro Fabbri por 2 a 1. Nesta semana, Rio Quente recebe a 8ª edição do Tennis Classic Rio Quente Resorts, outro torneio da série Future.

reandaku@uol.com.br


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