São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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AÇÃO

Foi fabuloso

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

A primeira vez que escrevi sobre Fabio Gouveia nesta coluna tratei da saudável rivalidade que havia entre ele e Teco Padaratz, a pioneira dupla brasileira no circuito mundial de surfe. Foi em março de 93, "Briga de irmãos", um dos artigos de estréia no espaço, e Fabio já havia vencido Brasileiro e Mundial na categoria amadora e acabara de fechar a temporada de 92 como o quinto melhor surfista do mundo na categoria profissional.
Aos 23 anos, acumulava mais resultados que qualquer outro surfista brasileiro e, com humildade, determinação, brejeirice e estilo impecável, contribuía decisivamente para reduzir a barreira imposta por rivais à entrada brasileira no Tour. Até mesmo conquistou a simpatia de muitos.
Hoje, aos 36 anos, ele nem precisou entrar na água para ficar com seu segundo título no circuito brasileiro de surfe profissional. Na decisiva etapa do SuperSurf, em Ubatuba, no domingo, Fabinho soube que seria o campeão da temporada quando os três rivais que podiam lhe roubar o caneco caíram nas quartas-de-final.
E aí o leitor desavisado pode achar que, por ser um surfista veterano, há mais de 20 anos no circuito, já tendo atuado entre os melhores do mundo, personagem central de um dos mais inspiradores filmes de surfe, "Fabio Fabuloso", e um dos pioneiros no que diz respeito a lançar o nome do Brasil além-mar nessa indústria do surfe, Fabio iria adotar uma postura blasé: "Que bacana, mais um título para a minha coleção". Longe disso. Quem conhece e convive com ele sabe que, diante da chance de se sagrar campeão brasileiro, mesmo depois de perder logo na estréia em Ubatuba, Fabio ficou sem dormir.
Alfio Lagnado, seu patrocinador desde 1988, testemunhou o nervosismo do veterano de perto. "O que assombra no Fabio é que ele tem uma infinidade de títulos, alguns muito mais importantes do que esse, sem querer desmerecer o SuperSurf, que é nosso evento mais importante, mas o fato é que ele estava radiante, como se fosse a mais importante de suas conquistas. Isso motiva qualquer um. O Fabio ama surfar, ama competir, ama vencer. Nada mudou nele depois de todos esses anos. Ontem, logo depois do título, ele parecia um garoto que tinha ganho o primeiro da carreira. À noite, ele foi à minha casa e disse: "Cara, não tô conseguindo dormir, tô muito adrenalizado". Isso mostra do que ele é feito."
E a notícia da vitória de Fabio comoveu também seu amigo Teco Padaratz. Procurado pela coluna, na correria que antecede a preparação da etapa nacional do WCT, da qual é o responsável pela organização, Teco declarou: "Fabio é a prova de que não basta para o surfista ter em mãos um vasto leque de manobras, e que experiência e estrela contam muito".
A vitória de Fabinho no SuperSurf lhe garantiu um "wild card" para o Nova Schin Festival, a décima etapa do WCT, que ocorre no fim do mês em Santa Catarina. Garantiu também que a poética biografia contada em "Fabio Fabuloso" está longe de estar concluída, e, talvez, um "Fabio Fabuloso 2" seja necessário no futuro.

SuperSurf
Os títulos da última etapa ficaram em casa, com os ubatubenses Odirlei Coutinho e Suelen Naraisa, vice-campeão e terceira no ranking respectivamente. No feminino, Silvana Lima levou o título pela 2ª vez seguida, grande estímulo para a sua estréia no WCT em 2006.

Mundial de surfe amador
Paulista de Bertioga, Jefferson Silva, 18, venceu a categoria júnior do ISA World Surfing Championship, em Huntington, no domingo.

Mundial de wakeboard - Austrália
Marcelo "Marreco" Giardi chegou à semifinal em Queensland -pela primeira vez o Mundial não foi disputado nos EUA- e ficou entre os 14 melhores do mundo. Phillip Soven (EUA) ficou com o título.


E-mail: sarli@trip.com.br

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