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AÇÃO
Foi fabuloso
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
A primeira vez que escrevi
sobre Fabio Gouveia nesta
coluna tratei da saudável rivalidade que havia entre ele e Teco
Padaratz, a pioneira dupla brasileira no circuito mundial de surfe.
Foi em março de 93, "Briga de irmãos", um dos artigos de estréia
no espaço, e Fabio já havia vencido Brasileiro e Mundial na categoria amadora e acabara de fechar a temporada de 92 como o
quinto melhor surfista do mundo
na categoria profissional.
Aos 23 anos, acumulava mais
resultados que qualquer outro
surfista brasileiro e, com humildade, determinação, brejeirice e
estilo impecável, contribuía decisivamente para reduzir a barreira imposta por rivais à entrada
brasileira no Tour. Até mesmo
conquistou a simpatia de muitos.
Hoje, aos 36 anos, ele nem precisou entrar na água para ficar com
seu segundo título no circuito
brasileiro de surfe profissional.
Na decisiva etapa do SuperSurf,
em Ubatuba, no domingo, Fabinho soube que seria o campeão
da temporada quando os três rivais que podiam lhe roubar o caneco caíram nas quartas-de-final.
E aí o leitor desavisado pode
achar que, por ser um surfista veterano, há mais de 20 anos no circuito, já tendo atuado entre os
melhores do mundo, personagem
central de um dos mais inspiradores filmes de surfe, "Fabio Fabuloso", e um dos pioneiros no
que diz respeito a lançar o nome
do Brasil além-mar nessa indústria do surfe, Fabio iria adotar
uma postura blasé: "Que bacana,
mais um título para a minha coleção". Longe disso. Quem conhece e convive com ele sabe que,
diante da chance de se sagrar
campeão brasileiro, mesmo depois de perder logo na estréia em
Ubatuba, Fabio ficou sem dormir.
Alfio Lagnado, seu patrocinador desde 1988, testemunhou o
nervosismo do veterano de perto.
"O que assombra no Fabio é que
ele tem uma infinidade de títulos,
alguns muito mais importantes
do que esse, sem querer desmerecer o SuperSurf, que é nosso evento mais importante, mas o fato é
que ele estava radiante, como se
fosse a mais importante de suas
conquistas. Isso motiva qualquer
um. O Fabio ama surfar, ama
competir, ama vencer. Nada mudou nele depois de todos esses
anos. Ontem, logo depois do título, ele parecia um garoto que tinha ganho o primeiro da carreira. À noite, ele foi à minha casa e
disse: "Cara, não tô conseguindo
dormir, tô muito adrenalizado".
Isso mostra do que ele é feito."
E a notícia da vitória de Fabio
comoveu também seu amigo Teco
Padaratz. Procurado pela coluna,
na correria que antecede a preparação da etapa nacional do WCT,
da qual é o responsável pela organização, Teco declarou: "Fabio é
a prova de que não basta para o
surfista ter em mãos um vasto leque de manobras, e que experiência e estrela contam muito".
A vitória de Fabinho no SuperSurf lhe garantiu um "wild card"
para o Nova Schin Festival, a décima etapa do WCT, que ocorre
no fim do mês em Santa Catarina. Garantiu também que a poética biografia contada em "Fabio
Fabuloso" está longe de estar concluída, e, talvez, um "Fabio Fabuloso 2" seja necessário no futuro.
SuperSurf
Os títulos da última etapa ficaram em casa, com os ubatubenses
Odirlei Coutinho e Suelen Naraisa, vice-campeão e terceira no ranking respectivamente. No feminino, Silvana Lima levou o título pela
2ª vez seguida, grande estímulo para a sua estréia no WCT em 2006.
Mundial de surfe amador
Paulista de Bertioga, Jefferson Silva, 18, venceu a categoria júnior do
ISA World Surfing Championship, em Huntington, no domingo.
Mundial de wakeboard - Austrália
Marcelo "Marreco" Giardi chegou à semifinal em Queensland -pela primeira vez o Mundial não foi disputado nos EUA- e ficou entre
os 14 melhores do mundo. Phillip Soven (EUA) ficou com o título.
E-mail: sarli@trip.com.br
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