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FUTEBOL
Iraniano da MSI depõe na PF sobre sua situação no país, e comerciante é acusado de tentar corromper conselheiro
Parceria corintiana vira caso de polícia
MÁRVIO DOS ANJOS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O namoro entre o Corinthians e
a MSI virou romance policial. Os
novos capítulos da parceria se desenrolaram nos corredores da Polícia Federal e no 36º Distrito Policial, resultando num indiciamento por corrupção ativa.
Na manhã de ontem, o empresário Kia Joorabchian, da MSI, foi
intimado a depor na Superintendência da Polícia Federal, sob denúncia de que não teria um visto
para realizar negócios no país.
Depôs e foi liberado em seguida,
afirmando não haver problemas.
A Polícia Federal não se manifestou sobre o depoimento.
À tarde, o comerciante e ex-vereador no Guarujá, Marcelo
Squassoni, 35, foi indiciado por
corrupção ativa, acusado de oferecer R$ 1 milhão ao conselheiro
corintiano e deputado estadual
Romeu Tuma Júnior, um dos
principais opositores do negócio.
Squassoni trabalhou com o irmão
do deputado, Robson Tuma.
Segundo Tuma Júnior, Squassoni, que foi encaminhado ao 36º
Distrito Policial e foi liberado
após indiciamento, apresentou-se
como emissário de Renato Duprat, braço direito do iraniano.
O deputado exibiu à imprensa
trechos de conversa telefônica
com pessoas que se identificaram
como Duprat e Marcelo.
De acordo com o conselheiro, o
primeiro contato foi feito anteontem. "Squassoni disse que eu poderia até votar contra a parceria,
mas teria de parar de falar sobre o
assunto. Em troca, me daria o dinheiro e talvez um cargo."
Segundo Tuma, Squassoni disse
representar, além de Duprat e
Joorabchian, o milionário russo
Boris Berezovski, que é acusado
de crimes como assassinato e lavagem de dinheiro.
O deputado pediu uma prova
de que Duprat estava envolvido.
Ontem, Tuma Júnior recebeu um
telefonema de Squassoni, que
passou a alguém que se identificou como o ex-dirigente santista.
"E o que eu combinar com o
Marcelo, está combinado?", perguntou Tuma Júnior ao fim da
conversa. A resposta foi "sim".
Depois, Squassoni foi ao gabinete do deputado. "Perguntei
quanto ele me daria. Desconfiado,
escreveu num papel R$ 1 milhão."
Policiais militares e o delegado
Edson Pinto, lotado na assembléia, entraram na sala, apreenderam o papel e o encaminharam
para o 36º DP. Marcos Manfrin,
delegado do distrito, chegou a dizer que não autuara Squassoni em
flagrante por não ter recebido as
gravações, porém, no fim da tarde, Tuma Júnior levou os registros das conversas. Mesmo assim,
o comerciante foi liberado.
Na próxima semana, Duprat
deverá depor. Ele conta outra versão do caso, na qual foi o alvo da
oferta feita por Squassoni.
"Ele prendeu o assessor do irmão dele? Quem conhecia o assessor, eu ou ele? Como o assessor
dele foi ao Chico Audi, que é meu
amigo? Ele quis tomar dinheiro e
prendeu o cara para não levar fumo. Foi achaque puro", declarou.
Tuma Júnior riu da declaração
de Duprat e disse que irá processá-lo por calúnia e difamação.
Pela primeira vez, Kia Joorabchian emitiu comunicado oficial
da MSI, com papel timbrado e endereço em Londres, dizendo que
Duprat não é diretor nem empregado da empresa, mas apenas um
consultor independente que apresentou o grupo ao clube. O comunicado afirma que Duprat não está autorizado a falar pela MSI.
O presidente corintiano, Alberto Dualib, divulgou nota afirmando desconhecer o fato e negando
vínculo do clube com o episódio.
Há mais mistérios. O Hospital
São Luiz encaminhou à polícia resultado da sindicância interna
que apura uma ameaça de morte
a Tuma Júnior, que partiu do hospital. Lá trabalha o médico Jorge
Kalil, conselheiro pró-MSI.
Ao sair ontem da Polícia Federal
após seu depoimento, Joorabchian declarou que o que ocorrera
ali tinha sido uma piada.
"Tenho sete anos e meio no
mundo dos negócios e nunca
houve queixa sobre mim. Isso só
pode vir de gente que é contra o
clube. Não vou desistir do Corinthians", afirmou ele, que confirmou contatos com o técnico do
Santos, Vanderlei Luxemburgo.
"Estamos falando com vários técnicos e vendo o que é melhor."
Tranqüilo, ele elogiou o atual
técnico, Tite, e afirmou que a
transação pelo argentino Tevez
está "de 80% a 90% certa".
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