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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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No final, sub-20 é tetra e dá tríplice coroa ao Brasil

Vitória sobre a Espanha faz do país o 1º a ostentar ao mesmo tempo três Mundiais em categorias diferentes

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um gol aos 42min do segundo tempo, o Brasil voltou ao topo do Mundial sub-20 após dez anos em que viu a arqui-rival Argentina crescer e lhe roubar a hegemonia da categoria.
Na decisão de ontem, no estádio Zayed, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), a seleção brasileira derrotou a Espanha por 1 a 0 e, ao mesmo tempo em que conquistou o título pela quarta vez e igualou a marca dos argentinos em número de conquistas, entrou para a história ao se tornar a primeira a ostentar simultaneamente títulos mundiais nas três principais categorias do futebol.
O Brasil, agora, é o atual campeão adulto, sub-20 e sub-17.
Esta foi a oitava vez que um país sul-americano foi campeão mundial sub-20. Agora, a vantagem da América do Sul é de dois títulos -a Europa venceu seis vezes.
Outro feito, mas de caráter individual, foi alcançado. Marcos Paquetá é o primeiro técnico a vencer num mesmo ano dois Mundiais em categorias diferentes -ele foi o treinador do Brasil na campanha vitoriosa da sub-17.
"Nós estamos muito felizes por tudo o que conseguimos, mas esta não foi nossa melhor partida no torneio", declarou Paquetá.
A despeito do desfecho feliz, o Brasil começou o torneio com desempenho abaixo do esperado.
Na primeira fase, estreou com vitória sobre o Canadá (2 a 0), empatou com a República Tcheca (1 a 1) e perdeu da Austrália (3 a 2). Nas oitavas-de-final, precisou da prorrogação para virar o jogo (2 a 1) e despachar a Eslováquia.
A performance brasileira só melhorou a partir das quartas-de-final, quando goleou o Japão por 5 a 1, e na semifinal, ao derrotar a favorita Argentina por 1 a 0.
"Foi sofrido, mas eu disse que íamos ser campeões", afirmou Branco, coordenador das categorias de base da CBF.
Mais do que sofrido, foi dramático. Desde os 4min do primeiro tempo, o Brasil atuou com um jogador a mais. No primeiro ataque brasileiro, o zagueiro e capitão espanhol Melli levou o cartão vermelho ao fazer falta em Nilmar e evitar que o atacante brasileiro recebesse o lançamento que o colocaria em condições de marcar.
Em nenhum momento, contudo, o time de Paquetá conseguiu aproveitar de modo eficaz a superioridade numérica no gramado.
Apesar de passar 61% do tempo com a posse de bola, segundo estatísticas da Fifa, a seleção brasileira não pressionava a Espanha -durante a primeira etapa o Brasil criou apenas duas chances de gol, que culminaram com arremates na trave, e ainda viu a equipe rival ameaçar sua meta.
"Eu esperava mais do Brasil quando o Melli foi expulso", declarou o técnico brasileiro.
A medida em que o tempo passava, os brasileiros pareciam mais nervosos do que os espanhóis e acabavam por cometer muitas faltas, tanto na defesa quanto no ataque -o Brasil registrou 29 infrações contra 18 da rival.
No segundo tempo, mesmo com as substituições, a seleção brasileira não conseguia se impor.
O gol da vitória só ocorreu no final da etapa final. Daniel cobrou escanteio, e Fernandinho, de cabeça, tocou para as redes.
Depois, ainda foi necessário segurar o jogo até o apito final para comemorar o título que há uma década não ia para as mãos de jogadores brasileiros.


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