São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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FUTEBOL

Análise arriscada

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Neste momento, os favoritos ao título do Campeonato Brasileiro são os melhores do ano passado e que ainda disputam a Libertadores (Cruzeiro, Santos, São Paulo e São Caetano). No segundo semestre, todos podem mudar com a saída de atletas para o exterior, como em 2003.
Alguns leitores reclamaram que só escrevi sobre os estaduais de São Paulo, Rio e Minas. É verdade. As partidas de outros Estados não passaram na TV. Não posso ser comentarista de melhores momentos, de gols, de resultados, de resumos da internet ou só repetir o que outros falam. No Brasileirão, vou conhecer outros times.
Assisti aos jogos do Coritiba pela Libertadores. Como mudou muito neste ano, o time só cresceu nos últimos jogos. Não será surpresa se o Coritiba e outros times fora de São Paulo, Rio e Minas chegarem entre os oito primeiros.
O Cruzeiro é forte candidato ao bi. Porém a equipe não está bem como em 2003. Não me agrada o Wendell jogando de terceiro zagueiro. Diminuíram as jogadas ofensivas pela esquerda com a dupla Leandro e Wendell, que era um dos pontos fortes do time. A equipe está mais defensiva.
No programa "Arena Sportv", Luxemburgo explicou por que o Cruzeiro era muito ofensivo e a defesa não ficava desprotegida. Quando o time atacava com Wendell e os dois laterais, todos ao mesmo tempo, Maldonado recuava para sobrar um zagueiro, se o outro time mantivesse dois atacantes. Quando o Cruzeiro se defendia, Maldonado se adiantava e marcava no meio-campo, já que os dois laterais estavam recuados e faziam a cobertura dos zagueiros.
Luxemburgo mostrou que o esquema com três zagueiros é bom para se jogar no ataque. A maior parte dos técnicos faz o contrário.
Por outro lado, Paulo César Gusmão dá sinais de que não será só um repetidor do seu mestre. Isso é bom. Cada um faz do seu jeito. Paulo César não tinha também compromisso em sair com o Luxemburgo do Cruzeiro, como queria o ex-treinador. Incorreto é o Luxemburgo receber prêmios pelos títulos antes dos jogadores.
O Santos continua sem um bom centroavante. Robson, ex-Robgol, conseguiu ser igual ao volante Fabiano que jogou no ataque. Basílio é uma boa opção com a sua velocidade, mas não tem talento para ser o centroavante titular. Leandro Machado é a nova esperança. Qual dos dois Leandros é o Machado? Não faz diferença. Os dois são fracos.
O São Paulo possui uma equipe mais ofensiva que a de 2003, quando era dirigido pelo Rojas. Contudo não melhorou a qualidade individual. Fábio Simplício ainda é o melhor dos armadores. Gabriel de volante não dá.
O São Caetano tem um elenco melhor do que o do ano passado. Já é um grande time. Muricy Ramalho, que quase sempre está mal-humorado nas entrevistas, cada dia se aproxima mais dos principais treinadores brasileiros.
Dos outros grandes clubes do Rio, de São Paulo e de Minas, Flamengo e Palmeiras são os que têm melhores jogadores (Felipe, Júlio César, Zinho, Marcos, Vágner e outros). Mas os dois precisam de reforços. O Flamengo tem o melhor time do Rio, mas não tem um grande time.
O Corinthians treinou quase um mês e voltou pior, contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil. Tempo para treinar é relativo. Pelo menos, esperava-se ver um time organizado. Havia uma grande confusão no meio-campo. O lento e veterano Rincón não pode jogar mais de meia ofensivo. Só dá para ele atuar de volante mais recuado, marcando e iniciando as jogadas ofensivas.
A posição de volante no futebol brasileiro tornou-se a ideal para os veteranos em final de carreira e para os jovens sem nenhum talento. Para jogar num grande clube, basta o volante saber dar um passe de cinco metros para o lado e ter muita pegada, como dizem os técnicos.
O Atlético-MG não possui jogadores melhores do que os do Corinthians, porém tem um time organizado. Na decisão, o Galo dominou o jogo e chegou com facilidade próximo ao gol do Cruzeiro. Só não fez mais gols porque faltou qualidade individual e o goleiro Gomes foi novamente brilhante.
Se Corinthians, Vasco, Fluminense e Botafogo não melhorarem, farão parte do grupo intermediário ou dos últimos. A maioria das equipes está na mesma condição.
Fazer análises e previsões antes da competição é precipitado e arriscado, mas comentarista gosta de quebrar a cara.

E-mail tostao.folha@uol.com.br


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