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Argentina se torna mais rival e íntima
Presença de jogadores no Brasil e atritos entre craques dos dois países vitaminam os adversários históricos
Mascherano estimula seus
compatriotas a enaltecerem
favoritismo brasileiro no Mundial como armadilha para a equipe de Parreira
RICARDO PERRONE
PAINEL FC
Conflitos em jogos domésticos, atritos entre atletas da
mesma equipe e acusações de
xenofobia e racismo fazem a
Argentina chegar à Copa da
Alemanha como uma rival ainda maior do Brasil. E também
mais íntima dos brasileiros.
Contribuíram para esse cenário a presença de um trio argentino no Corinthians e desgastantes relações entre jogadores dos dois países numa
mesma equipe, como a vivida
entre os desafetos Adriano e
Verón na Inter de Milão.
Os corintianos Carlitos Tevez e Mascherano, companheiros do zagueiro Sebá, que não
foi convocado, abastecem o técnico José Pekerman com informações. Mascherano espalha
em seu país que os brasileiros
sentem-se desconfortáveis
com o rótulo de favoritos.
"Não tinha idéia disso,
aprendi morando no Brasil. Os
brasileiros acreditam que
quando chegam a uma Copa do
Mundo como principais favoritos são derrotados", declarou o
argentino, sem vaga de titular.
"Não estou inventando nada,
só repito o que escuto no Brasil", falou o volante corintiano.
Coincidência ou não, na semana passada Pekerman apontou o Brasil como único favorito a conquistar a Copa do Mundo. E a responsabilidade parece
ter mesmo incomodado a seleção mais vencedora em Copas.
Dias após a declaração, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pediu aos comandados de
Carlos Alberto Parreira que tomem cuidado para não serem
derrubados pelo favoritismo.
Com outras afirmações,
Mascherano pode ter contribuído para seus companheiros
entrarem com mais gana do
que os brasileiros, caso as duas
seleções se enfrentem na Alemanha -podem fazer a final.
Durante o Nacional do ano
passado, o argentino disse que
ele e seus compatriotas eram
tratados de maneira diferente
em relação aos jogadores brasileiros. Tevez foi além e ameaçou deixar o Parque São Jorge
por causa da suposta perseguição dos árbitros nacionais.
Ele colaborou para aumentar
o clima de guerra entre jogadores dos dois países ao sair no tapa com Carlos Alberto e Marquinhos, seus colegas de time,
pouco após desembarcar em
São Paulo, no começo de 2005.
Recentemente, um disparo
na direção dos arquiinimigos
foi dado por Adriano. Ele tornou público que nem sequer
cumprimenta o volante Verón,
fora do Mundial e seu colega na
Inter. Os argentinos da equipe
de Milão viraram alvo da revolta de colegas de Adriano que estarão na seleção. O meia Kaká é
um deles. A amigos, o ex-são-paulino diz que os compatriotas de Verón fritam Adriano.
Outros personagens que estarão bem longe da Alemanha
também colocaram mais tempero na rivalidade entre os dois
países. São os casos de Grafite e
do zagueiro Desábato, no episódio em que o argentino do
Quilmes chegou a ser detido
numa delegacia paulistana,
acusado de ofensas racistas ao
então atacante são-paulino.
A confusão no jogo do Morumbi teve reflexo imediato.
Baiano, jogador do Boca Juniors à época, conta que quase
foi agredido por companheiros
de equipe por conta do caso.
Talvez motivadas por tantas
demonstrações de animosidade, agências de publicidade
apostaram em propagandas
que têm o duelo entre Brasil e
Argentina como centro das
atenções para vender seus produtos. Na mais polêmica delas,
Maradona aparece com a camisa da seleção brasileira, durante a execução do hino nacional.
Tantas situações de conflito
geram a expectativa de um confronto explosivo, caso o duelo
ocorra em junho. Agora, Mascherano age como bombeiro.
"Se jogarmos, não vamos entrar para provocar nem bater
em ninguém", prometeu.
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