São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Argentina se torna mais rival e íntima

Presença de jogadores no Brasil e atritos entre craques dos dois países vitaminam os adversários históricos

Mascherano estimula seus compatriotas a enaltecerem favoritismo brasileiro no Mundial como armadilha para a equipe de Parreira


RICARDO PERRONE
PAINEL FC

Conflitos em jogos domésticos, atritos entre atletas da mesma equipe e acusações de xenofobia e racismo fazem a Argentina chegar à Copa da Alemanha como uma rival ainda maior do Brasil. E também mais íntima dos brasileiros.
Contribuíram para esse cenário a presença de um trio argentino no Corinthians e desgastantes relações entre jogadores dos dois países numa mesma equipe, como a vivida entre os desafetos Adriano e Verón na Inter de Milão.
Os corintianos Carlitos Tevez e Mascherano, companheiros do zagueiro Sebá, que não foi convocado, abastecem o técnico José Pekerman com informações. Mascherano espalha em seu país que os brasileiros sentem-se desconfortáveis com o rótulo de favoritos.
"Não tinha idéia disso, aprendi morando no Brasil. Os brasileiros acreditam que quando chegam a uma Copa do Mundo como principais favoritos são derrotados", declarou o argentino, sem vaga de titular.
"Não estou inventando nada, só repito o que escuto no Brasil", falou o volante corintiano.
Coincidência ou não, na semana passada Pekerman apontou o Brasil como único favorito a conquistar a Copa do Mundo. E a responsabilidade parece ter mesmo incomodado a seleção mais vencedora em Copas.
Dias após a declaração, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pediu aos comandados de Carlos Alberto Parreira que tomem cuidado para não serem derrubados pelo favoritismo.
Com outras afirmações, Mascherano pode ter contribuído para seus companheiros entrarem com mais gana do que os brasileiros, caso as duas seleções se enfrentem na Alemanha -podem fazer a final.
Durante o Nacional do ano passado, o argentino disse que ele e seus compatriotas eram tratados de maneira diferente em relação aos jogadores brasileiros. Tevez foi além e ameaçou deixar o Parque São Jorge por causa da suposta perseguição dos árbitros nacionais.
Ele colaborou para aumentar o clima de guerra entre jogadores dos dois países ao sair no tapa com Carlos Alberto e Marquinhos, seus colegas de time, pouco após desembarcar em São Paulo, no começo de 2005.
Recentemente, um disparo na direção dos arquiinimigos foi dado por Adriano. Ele tornou público que nem sequer cumprimenta o volante Verón, fora do Mundial e seu colega na Inter. Os argentinos da equipe de Milão viraram alvo da revolta de colegas de Adriano que estarão na seleção. O meia Kaká é um deles. A amigos, o ex-são-paulino diz que os compatriotas de Verón fritam Adriano.
Outros personagens que estarão bem longe da Alemanha também colocaram mais tempero na rivalidade entre os dois países. São os casos de Grafite e do zagueiro Desábato, no episódio em que o argentino do Quilmes chegou a ser detido numa delegacia paulistana, acusado de ofensas racistas ao então atacante são-paulino.
A confusão no jogo do Morumbi teve reflexo imediato. Baiano, jogador do Boca Juniors à época, conta que quase foi agredido por companheiros de equipe por conta do caso.
Talvez motivadas por tantas demonstrações de animosidade, agências de publicidade apostaram em propagandas que têm o duelo entre Brasil e Argentina como centro das atenções para vender seus produtos. Na mais polêmica delas, Maradona aparece com a camisa da seleção brasileira, durante a execução do hino nacional.
Tantas situações de conflito geram a expectativa de um confronto explosivo, caso o duelo ocorra em junho. Agora, Mascherano age como bombeiro. "Se jogarmos, não vamos entrar para provocar nem bater em ninguém", prometeu.


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