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Brazil x Brasil
Dilema de Parreira por Adriano ou Robinho para pegar o Japão amanhã coloca em choque duas versões da seleção no Mundial: mais européia, com o ataque da Inter, ou mais à brasileira, com o jogador do Real Madrid
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERGISCH GLADBACH
Não é só uma questão de nomes. Quando definir se escala
Robinho, 22, ou Adriano, 24,
para enfrentar o Japão amanhã, às 16h, em Dortmund,
Carlos Alberto Parreira vai escolher entre o Brasil que remete às suas raízes na bola e o Brasil que dá certo hoje na Europa.
O franzino Robinho (64 kg),
que ontem treinou finalizações
ao lado de Ronaldo, é o representante do drible, que só encantou de verdade no Santos
-no Real Madrid, tem sido irregular e visitado o banco de reservas com freqüência. O parrudo Adriano (86 kg) é o durão
que chuta forte e construiu sólida reputação no futebol italiano -saiu jovem do Flamengo,
sem nenhum grande feito.
A dúvida se fortalece porque
Parreira sinaliza que mudará o
time contra o Japão, já que o
Brasil está classificado para as
oitavas-de-final -ele só confirmou Ronaldo, que, segundo o
técnico, precisa ganhar ritmo.
Mas também porque Parreira está em dúvida se mantém a
dupla Ronaldo e Adriano no
ataque para o mata-mata.
Na reunião que fez com os jogadores antes do jogo com a
Austrália, o treinador cobrou
fortemente o ataque da seleção,
em palavras que fortalecem
Robinho. A Folha apurou que
Parreira deixou claro não considerar só Ronaldo lento. Martelou que os dois atacantes precisam se mexer mais, colocando Adriano também contra a
parede. A falta de mobilidade
da dupla é vista pela comissão
técnica como um mal que abala
o time inteiro. Sobrecarrega os
meias e, por tabela, a defesa.
"Eu quero jogar, ter a chance
de fazer gols", afirma Adriano.
"Ainda tenho muito para dar
[no Mundial]. Quero sair campeão do mundo, quero fazer
gols, mostrar o meu melhor futebol e aparecer. Já fiz duas
boas exibições, mas tenho muito o que melhorar", cutuca Robinho, que voltou a dizer que
ninguém é insubstituível.
No dilema entre o driblador
e o eficiente, ambos têm trunfos e problemas. A seu favor,
Robinho conta com a melhora
que o Brasil apresentou quando ele entrou diante de Croácia
e Austrália. Por outro lado, está
pendurado com um cartão
amarelo. Se levar outro contra
o Japão, fica fora das oitavas.
Adriano espera a gratidão de
Parreira por já ter salvo a seleção com gols em momentos decisivos. Mas o técnico já disse
que ele anda se desgastando
em demasia nos últimos jogos.
Os números também indicam que a diferença de estilo
dos dois nesta Copa é gritante.
Adriano fintou os adversários,
em média, uma vez a cada 35
minutos. Robinho precisou só
de cinco minutos para cada drible. Como Adriano jogou mais,
o Brasil era, segundo o Datafolha, só a quinta equipe no ranking de dribles ao fim da segunda rodada. A média de 19,5 é a
menor das últimas três Copas.
Mas Adriano já fez um gol no
Mundial e foi o artilheiro brasileiro nas conquistas da Copa
América-04 e da Copa das Confederações-05, enquanto Robinho continua longe de ser um
excepcional finalizador.
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