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"Melhor que Pelé" põe alemães em 1º
Klose faz 2 gols no Equador, vira artilheiro e tem média de gol em Copas superior a Pelé, com nove tentos em 10 jogos
Polonês de origem, jogador
antes era conhecido por só
fazer gols de cabeça, arma
que ainda não usou no
Mundial da Alemanha
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Miroslav Klose fez os alemães se levantarem três vezes
ontem no Estádio Olímpico.
Nas duas primeiras, para celebrar seus chutes que venceram o goleiro Cristian Mora e
abriram caminho para os 3 a 0
sobre a seleção do Equador.
Na terceira, para reverenciar
o artilheiro do torneio, um imigrante polonês que tem média
de gols superior à de Pelé em
Mundiais e que entrou de vez
na disputa para se tornar o goleador máximo das Copas.
Ele deixou o campo substituído por Tim Borowski aos
21min da etapa final. Além dos
aplausos da platéia, ganhou
abraço do técnico Jürgen
Klisnmann e cumprimentos
dos colegas do banco.
Pareciam reconhecer a mudança de um atleta antes respeitado só nas jogadas aéreas
para um atacante completo.
Os dois tentos de ontem foram marcados com os pés, assim como os outros dois que fizera contra a Costa Rica.
Somados aos cinco que marcou na edição de 2002 -todos
de cabeça-, Klose já registra
nove gols em dez partidas de
Copas. A média -de 0,9 por jogo-, é superior à de Pelé (0,86)
e Ronaldo (0,75).
É, também, suficiente para
colocá-lo em outra contenda,
que reúne os aspirantes a superar o alemão Gerd Müller, recordista absoluto de gols nos
Mundiais -soma 14.
Ronaldo, com 12, era disparado o favorito, mas até aqui não
desencantou. Seu rival alemão,
por outro lado, parece determinado. "Tenho grandes ambições e a equipe também. Deixamos clara nossa intenção com
essa vitória por 3 a 0. Queremos
ser campeões", avisa Klose.
Nada mal para um garoto
nascido na polonesa Oppeln,
que emigrou com a família para
os arredores de Kaiserslautern
quando tinha oito anos e penou
para obter sua consagração.
Klose sofreu um baque assim
que começou a estudar na Alemanha. Sem ritmo para acompanhar os colegas de sua idade,
acabou na classe das crianças
com seis anos. Ciente das dificuldades do filho, Josef, ex-jogador profissional com passagem pelo Auxerre (FRA), incentivou-o a buscar o futebol
para conseguir amigos.
Klose aceitou o conselho e
chegou às categorias amadoras
do Kaiserslautern, sempre sem
muito destaque. Tanto que sua
preferência era por outra profissão -se formou carpinteiro.
"Escolhi essa carreira porque
não tinha medo de altura e possuía muita força nas pernas."
Força que o técnico Otto Rehhagel soube aproveitar. Em
2000, deu a primeira chance a
ele entre os profissionais do
Kaiserslautern. Dali em diante,
o jogador deslanchou rápido.
Em 2001, já estava na seleção, sempre temido quando
chegava na área para cabecear.
Na campanha da vice-campeã Alemanha em 2002, terminou como artilheiro do grupo.
Mesmo assim, não se deu por
satisfeito. Passou a se preocupar também em lapidar seus
chutes e passes. Prosperou. Na
última temporada, sagrou-se
artilheiro do Campeonato Alemão, marcando 25 vezes em 26
partidas pelo Werder Bremen.
O rendimento arranca elogios do outrora principal goleador alemão e hoje comandante
da "Mannschaft", como a seleção é chamada. "O Klose é um
atacante experiente e faminto.
Ele pode terminar a Copa equiparado aos grandes. Só depende dele", diz Klinsmann, que
agora se prepara para encarar a
Suécia na segunda fase.
Vontade não vai faltar, promete Klose. Após ser venerado
pelo público de Berlim, se disse
emocionado. "É ótimo ouvir
uma multidão gritar o seu nome. Não vou decepcionar."
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