São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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"Melhor que Pelé" põe alemães em 1º

Klose faz 2 gols no Equador, vira artilheiro e tem média de gol em Copas superior a Pelé, com nove tentos em 10 jogos

Polonês de origem, jogador antes era conhecido por só fazer gols de cabeça, arma que ainda não usou no Mundial da Alemanha


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Miroslav Klose fez os alemães se levantarem três vezes ontem no Estádio Olímpico.
Nas duas primeiras, para celebrar seus chutes que venceram o goleiro Cristian Mora e abriram caminho para os 3 a 0 sobre a seleção do Equador.
Na terceira, para reverenciar o artilheiro do torneio, um imigrante polonês que tem média de gols superior à de Pelé em Mundiais e que entrou de vez na disputa para se tornar o goleador máximo das Copas.
Ele deixou o campo substituído por Tim Borowski aos 21min da etapa final. Além dos aplausos da platéia, ganhou abraço do técnico Jürgen Klisnmann e cumprimentos dos colegas do banco.
Pareciam reconhecer a mudança de um atleta antes respeitado só nas jogadas aéreas para um atacante completo.
Os dois tentos de ontem foram marcados com os pés, assim como os outros dois que fizera contra a Costa Rica.
Somados aos cinco que marcou na edição de 2002 -todos de cabeça-, Klose já registra nove gols em dez partidas de Copas. A média -de 0,9 por jogo-, é superior à de Pelé (0,86) e Ronaldo (0,75).
É, também, suficiente para colocá-lo em outra contenda, que reúne os aspirantes a superar o alemão Gerd Müller, recordista absoluto de gols nos Mundiais -soma 14.
Ronaldo, com 12, era disparado o favorito, mas até aqui não desencantou. Seu rival alemão, por outro lado, parece determinado. "Tenho grandes ambições e a equipe também. Deixamos clara nossa intenção com essa vitória por 3 a 0. Queremos ser campeões", avisa Klose.
Nada mal para um garoto nascido na polonesa Oppeln, que emigrou com a família para os arredores de Kaiserslautern quando tinha oito anos e penou para obter sua consagração.
Klose sofreu um baque assim que começou a estudar na Alemanha. Sem ritmo para acompanhar os colegas de sua idade, acabou na classe das crianças com seis anos. Ciente das dificuldades do filho, Josef, ex-jogador profissional com passagem pelo Auxerre (FRA), incentivou-o a buscar o futebol para conseguir amigos.
Klose aceitou o conselho e chegou às categorias amadoras do Kaiserslautern, sempre sem muito destaque. Tanto que sua preferência era por outra profissão -se formou carpinteiro. "Escolhi essa carreira porque não tinha medo de altura e possuía muita força nas pernas."
Força que o técnico Otto Rehhagel soube aproveitar. Em 2000, deu a primeira chance a ele entre os profissionais do Kaiserslautern. Dali em diante, o jogador deslanchou rápido.
Em 2001, já estava na seleção, sempre temido quando chegava na área para cabecear.
Na campanha da vice-campeã Alemanha em 2002, terminou como artilheiro do grupo.
Mesmo assim, não se deu por satisfeito. Passou a se preocupar também em lapidar seus chutes e passes. Prosperou. Na última temporada, sagrou-se artilheiro do Campeonato Alemão, marcando 25 vezes em 26 partidas pelo Werder Bremen.
O rendimento arranca elogios do outrora principal goleador alemão e hoje comandante da "Mannschaft", como a seleção é chamada. "O Klose é um atacante experiente e faminto. Ele pode terminar a Copa equiparado aos grandes. Só depende dele", diz Klinsmann, que agora se prepara para encarar a Suécia na segunda fase.
Vontade não vai faltar, promete Klose. Após ser venerado pelo público de Berlim, se disse emocionado. "É ótimo ouvir uma multidão gritar o seu nome. Não vou decepcionar."


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