A França afunda com veteranos em decadência, jovens ainda imaturos e um técnico esotérico

"O BOCA É um cabaré." Diego Latorre, ex-jogador e hoje excelente analista pela TV, lançou essa frase contundente em 1998, aludindo à guerra de egos entre seus colegas. Meu amigo Diego não patenteou a frase. Teria ficado milionário se cobrasse pelos direitos autorais. Na Argentina, é usada em cada conflito entre pessoas, inclusive na política.
Seguindo essa linha, chegou à África do Sul o Lido de Paris. A França empatou sem gols com o Uruguai e perdeu dolorosamente para o México. Mostrou um estilo plano e previsível. Não houve superação, nem dribles, nem trocas de passes. Seus jogadores sobrevalorizados deixaram seus agentes, que os inflam até não poderem mais, muito mal na fita. Ribéry é muito melhor em comerciais do que em campo. Investigar por que razão Anelka desfilou pelos melhores times do mundo seria um bom trabalho para o "Arquivo X". Zagueiros como Gal- las, Abidal e Evra já passaram de sua melhor fase.
A nova geração ainda não está preparada para o desafio. Diaby será aposta certeira após a Copa, mas não tem como puxar sozinho uma seleção desgastada. O bonitão Gourcuff tem talento, mas seus colegas não o querem. Pediram ao técnico que não o incluísse entre os titulares contra o Uruguai. O esotérico Raymond Domenech, que leva os signos do zodíaco em conta para formar sua seleção, deixou fora da convocação Karim Benzema e Samir Nasri, dois projetos promissores. Domenech será substituído por Laurent Blanc, campeão mundial em 1998 como jogador e, nos últimos anos, treinador do excelente Bordeaux. Blanc terá muito trabalho pela frente.
A França morre à míngua sem Zidane. Com Zizou, ganhou uma Copa e foi vice em outra. Na Copa de 2002, Zidane sofreu uma lesão em um amistoso, e a seleção se despediu na primeira fase. Desta vez, já aposentado, ele veio como comentarista, e seus ex-colegas seguem o mesmo rumo de 2002.
Enquanto a seleção francesa dá pena, Anelka insulta Domenech e é expulso da delegação. Evra se agarra a socos com um membro da equipe técnica. Os jogadores não querem treinar, e o diretor- -adjunto da federação francesa renuncia. A França é mais que um cabaré: é o Moulin Rouge.

@VarskyMundial