São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Com camisa lembrando os 25 anos do fim da fila, time gol salvador no final

Corinthians bate a Ponte mais ou menos como em 77

LÚCIO RIBEIRO
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

""Tenho que esquecer que um dia eu já fui corintiano." Dizendo isso, o atacante Fabrício Carvalho, da Ponte Preta, entrou no Pacaembu ontem para enfrentar o Corinthians, que exibia em campo pela última vez sua camisa prata, uma lembrança dos 25 anos do fim da fila de 23 anos no Paulista.
O jogo valia pelo Brasileiro, mas as semelhanças com a decisão do Estadual de 1977 foram muitas.
Além dos uniformes -a Ponte atuou com uma camisa especial também, com listra vertical, e não diagonal-, tecnicamente a partida foi pobre, com muita marcação e poucas chances reais de gol.
Um gol solitário, marcado depois do 30º minuto do segundo tempo, salvou a equipe da capital.
Marcinho fez história no Corinthians (logicamente, não como Basílio, que fez o gol mais famoso da história do clube aos 36min da segunda etapa). Mas o meia-atacante entrou no lugar de Leandro para marcar o centésimo gol corintiano nesta temporada -com ele, o Corinthians passou a ter, enfim, saldo positivo neste Brasileiro (tem agora um gol pró).
O gramado do Pacaembu estava péssimo ontem, devido aos shows que aconteceram no estádio recentemente. O campo, cheio de falhas, lembrava um pouco os gramados sofríveis dos anos 70.
A Ponte Preta apostou em uma defesa forte para segurar o Corinthians e no atacante Fabrício Carvalho para matar o jogo. A primeira parte funcionou bem, assim como funcionava na época de ouro do clube campineiro. Mas a segunda parte, a que cabe ao artilheiro do time, foi uma negação.
O atacante corintiano da Ponte Preta, que não tem o estilo de Rui Rei (jogador que ficou marcado em 1977 por defender a Ponte, ter sido expulso na final e depois defender o Corinthians), foi apático. Não foi expulso, mas acabou saindo do jogo antes de seu final.
A Ponte assustou no começo da partida em uma bela cobrança de falta Piá (nos anos 70 era Dicá), que raspou a trave esquerda de Doni. O Corinthians, sem Gil (na final de 77 quem ficou de fora foi Palhinha), atacou bastante pela direita, algo raro hoje em dia.
Os corintianos gritaram gol em vão quando Renato acertou aos 34min uma bomba no travessão (o mesmo quando Vaguinho carimbou o travessão segundos antes do gol de Basílio, há 25 anos).
No segundo tempo, o sofrimento continuou. O técnico Carlos Alberto Parreira tirou até Vampeta do time -colocou Fabrício, jogador raçudo como a torcida gosta.
O gol não saía, o que deixava cada vez mais nervosos os corintianos. Basílio diz ser um ""iluminado", mas o "Pé de Anjo" (apelido do ex-jogador) desta vez foi Marcinho. Pela direita, de pé direito, ele apareceu livre na cara do gol (após esperto ""drible da vaca" no zagueiro) e fuzilou. Na comemoração, sobrou a emoção que faltou em quase toda a partida.
Com a Ponte Preta discreta no ataque, quase que satisfeita com o resultado, o Corinthians tratou de administrar a pequena, mas valiosa vantagem no marcador.
O resultado não deu nenhum título ao Corinthians. Mas deixou o time da capital a caminho de um. Com a vitória, a equipe chegou a 34 pontos e ocupa a quarta posição na tabela. Porém é a melhor equipe da competição por aproveitamento de pontos.
Já a Ponte Preta, que vinha pintando mais uma vez como um dos melhores times do país, fica mais longe da elite do futebol nacional, dando pinta de morrer na praia, como nos 70. É a história que insiste em se repetir.



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