|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DOPING
Cremesp terá representação contra profissional que acusa elite do país
Colegas vão denunciar médico por apologia
DA REPORTAGEM LOCAL
Autor da acusação de que a elite
brasileira se dopa, o médico Júlio
César Alves, 43, deverá ser investigado pelo Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo.
Anteontem à noite, em um debate na ESPN Brasil, a Sociedade
Brasileira de Medicina do Esporte, por meio de carta, anunciou
que endereçará uma representação contra o médico paulista ao
Cremesp. Segundo a carta, a Sociedade alegará que Alves denegriu a profissão e feriu a conduta
ética ao fazer apologia do doping.
De posse da representação, a
entidade regional deverá analisá-la e decidir se convocará o médico
para prestar esclarecimentos.
Em sua primeira aparição pública, há duas semanas, o médico
defendera a utilização de substâncias proibidas com o argumento
de "igualdade de condições".
"Seremos sempre pangarés.
Nossos atletas são os menos culpados, porque temos tecnologia
do doping e médicos preparados.
Somente dopado um atleta poderá subir ao pódio", declarara.
Na ocasião, o médico ainda disse que trabalhou ou trabalha com
cerca de 50 atletas de ponta do
país, de diversas modalidades,
que teriam se dopado. Entre eles,
estariam dois jogadores que conquistaram pelo Brasil o título na
Copa do Mundo-2002, na Ásia.
Questionado por técnicos e médicos anteontem no debate para
provar suas acusações, Alves mais
uma vez se recusou a nomear os
atletas de modalidades que ele
afirmara que utilizavam substâncias ilegais. Exatamente como
procedera da primeira vez.
Campeão mundial na Argentina, o técnico da seleção brasileira
masculina de vôlei, Bernardinho,
afirmou que as acusações são infundadas e levianas e pediu a cassação da licença médica de Alves.
Pressionado pelo presentes, o
médico recuou da afirmação de
que o Brasil também deve se dopar e disse que não considera correto o uso de drogas apenas pelas
potências esportivas mundiais.
"Eu não defendo o doping. Mas
não acho justo que os atletas brasileiros enfrentem os norte-americanos, que não são pegos nos
exames internacionais", afirmou.
Atacado pelo fato de jamais ter
trabalhado em federações nacionais ou em outras entidades esportivas, ele insinuou a existência
de um esquema de interesses.
"Não sou chamado para trabalhar em uma Olimpíada porque
não sou subsidiado por nenhuma
firma ou grande laboratório."
Júlio César Alves é o médico de
Eliane Pereira, 19, atleta que ganhou os 1.500 m nos Jogos Sul-Americanos, em agosto, e que teve a medalha cassada depois de
ter testado positivo para estanozolol, um esteróide anabólico.
Alves apresentou como defesa
uma lista de suplementos nutricionais que receitara. Segundo
ele, o pré-hormônio androstene,
uma das substâncias da lista, pode
ser convertido em estanozolol.
A atleta será julgada pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Atletismo.
Texto Anterior: Herói corintiano tem delírio com o Palmeiras Próximo Texto: Futebol: Leão elogia virtude do Santos até na derrota Índice
|