São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Obrigatoriedade de amistosos na região irrita Parreira e breca negócios

Jogo na Europa vira fardo para a seleção brasileira

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Jogar na Europa. O que é o sonho de muitas seleções virou um tormento para o Brasil.
Resultados ruins, como o empate sem gols da última quarta-feira contra a Irlanda, em Dublin, faturamento menor e testes que não são os ideais para os confrontos pelas eliminatórias.
Estes são os principais problemas do time nacional depois do acordo dos cartolas da bola que obriga equipes como o Brasil a só realizar amistosos em solo europeu caso queiram ter todas as suas estrelas liberadas.
O técnico Carlos Alberto Parreira se queixa de não poder fazer jogos preparatórios contra times sul-americanos, já que nas próximas duas temporadas seu time só terá partidas oficiais pela frente contra equipes da região.
"Isso [jogar contra europeus] não é o ideal, mas sei que não existe a possibilidade de enfrentarmos um time da América do Sul", disse o treinador em Dublin.
"Essa partida [contra a Irlanda] não pode servir como comparação para os jogos das eliminatórias. O clima, a forma de jogar do rival e as condições são bens diferentes do que na América do Sul", completou o treinador.
Apesar de viagens mais curtas, já que quase todos convocados atuam por lá, o Brasil de Parreira vai pior na Europa do que em outras partes do planeta. Foram seis jogos, em que o time teve um modesto aproveitamento de 44%. Nas sete partidas em outros continentes, o aproveitamento sobe para 62%.
A fama de futebol ofensivo dos brasileiros também não se confirmou nos jogos europeus com Parreira -o time só marcou cinco gols, o que não dá nem um por partida. Em outras partes do planeta o desempenho ofensivo também não é dos melhores (média de 1,43 gol por partida), mas pelo menos supera com folga a performance européia.
Se dentro de campo a situação não é confortável, longe dele também não é de satisfação. Fora da Europa, a CBF chegava a receber cotas que ficavam acima do US$ 1 milhão, como aconteceu em jogo contra a China no ano passado.
Agora, tem que se contentar com metade disso, como aconteceu no confronto contra os irlandeses, ou fazer a própria promoção das partidas, como ocorreu contra a Jamaica no ano passado, em amistoso na Inglaterra.
Pela diferença de horário, que coloca as partidas da seleção à tarde no horário brasileiro, jogar na Europa também é um tormento para a Globo e anunciantes.
O jogo com a Irlanda não estava previsto para ser exibido pela emissora, pois atrapalharia sua grade de programação -a empresa mudou de idéia na última hora, após muita confusão.
O imbróglio, entretanto, afastou os anunciantes brasileiros, que tradicionalmente ocupam metade das placas publicitárias em amistosos do time nacional. Sem a garantia das imagens na TV aberta, ninguém se interessou por colocar sua marca no estádio de Dublin, tomado por empresas locais ou européias.
Prevista para durar até pelo menos o próximo ano, a obrigatoriedade de amistosos na Europa vai colocar o Brasil para jogar lá mais duas vezes só neste semestre.
Nos próximos dias, a CBF vai anunciar o adversário de um jogo previsto para 28 de abril. Existe a possibilidade de ser um rival tradicional, ainda mais se o jogo for aquele que a AmBev, patrocinadora da seleção, tem direito de explorar por contrato. No final de maio, o Brasil pega a França em Paris, no centenário da Fifa.
Assim, antes dos confrontos contra Argentina e Chile, em junho, Parreira terá que preparar sua equipe contra adversários que nada têm de sul-americanos.


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