EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Já diz o velho ditado que "água demais mata a planta".
Isso se aplica ao pugilismo.
Vamos tomar como exemplo o leve Juliano Ramos e o pena Valdemir Pereira, que são, depois de Popó e ao lado do cruzador Laudelino Barros, os melhores lutadores do país hoje (considerados o talento e o estágio das carreiras).
Pereira é o 11º pela AMB e pela OMB e o 13º pelo CMB. Ramos está fora dos rankings, e a razão está ligada ao assunto desta coluna.
Para resumir a situação de ambos, está todo mundo atrás deles.
Ramos e Pereira passaram para o profissionalismo via Servílio de Oliveira e são promovidos pelo norte-americano Arthur Pelullo.
O advogado Antonio Garrido, que no passado prestou serviços a Servílio e também a Popó, diz que foi procurado pelos lutadores.
Segundo ele, ambos teriam dito que seus contratos com Servílio venceram e queriam saber o que o advogado poderia fazer por eles.
Garrido quer abrir firma para gerenciar lutadores. Apontara como sócio Armando Fernandes, que já foi mecenas de Popó. Amigos dizem que Fernandes está triste com declarações do baiano.
Assim como Garrido e Fernandes, também tem interesse em Ramos e Pereira justamente Popó, que dá seus primeiros passos na área da promoção de programações itinerantes (Boxe Brasil).
Ofereceu-se para ser sócio de Servílio, mas o lado financeiro ainda não convenceu o manager.
Apesar de Pelullo, no papel de promotor, estar distante da discussão, o episódio respinga no norte-americano, que vê o seu relacionamento com algumas das partes sofrer desgaste (o que pode comprometer futuros negócios).
No caso de Ramos, a situação é ainda mais complicada, pois teve sua carreira interrompida por já ter assinado contrato com empresa estrangeira chamada Santa Barbara Management, o que provocou ações legais da parte de Servílio (via Garrido, seu advogado à época). O último combate de Ramos foi em maio de 2004.
É ruim não contar com apoio para alavancar sua carreira, porém muita gente interessada também pode ser contraproducente.
Se duvida, pergunte ao leve Edson do Nascimento, o Xuxa, que teve a promissora carreira internacional destruída por ter assinado com inúmeros promotores.
Pois bem, o imbróglio envolvendo Ramos e Pereira, que nesta semana jurou lealdade a Servílio, resultou em surpresa na terça, quando Servílio, único brasileiro medalhista olímpico no boxe, voltou à ativa. De certo modo. Acertou soco em Fernandes na final da Forja de Campeões. Fernandes, que levou quatro pontos na boca, registrou BO por agressão.
Um amigo presente ao torneio, fã de Servílio, comemorou o episódio. Disse que foi uma ""honra ver Servílio em ação de novo".
Mas, falando sério, tal situação não tem por que ser comemorada. Nem pelos empresários, nem pelos assediados lutadores e tampouco pelo público, que podem ver a carreira de ídolos em potencial abortadas antes do tempo.
Mas não é difícil imaginar que, com tantos ânimos exaltados, há potencial para que mais golpes sejam desferidos nesse duelo.

Profissional
O peso-pesado americano Dominick Guinn, que até pouco tempo despontava como jovem promessa, mas perdeu dois dos últimos três combates, ganha nova chance hoje. Terá de impressionar contra o nigeriano Friday Ahunanya, que perdeu as duas últimas. A ESPN transmite a programação para o Brasil ao vivo hoje, a partir das 23h.

Amador
Os vencedores da Forja de Campeões foram: Julio Cesar (até 48 kg), Daniel Silva Soares (até 51 kg), Everton Pereira (até 57 kg), Márcio Paixão Santos (até 57 kg), Daniel Oliveira (até 60 kg), Alexandre Saraiva (até 64 kg), Yamaguchi Falcão (até 69 kg), Luis Carlos Almeida (até 75 kg), Marcos V. N. Almeida (81 kg), Gabriel Vello (até 91 kg) e Rubens P. Araújo (acima de 91 kg). A academia foi a A.D. São Caetano.