São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Metrô de Pequim sofre conseqüência dos Jogos

Rodízio de carros, aliado a outros problemas, provocam paralisações de linhas, fechamento de estações e superlotação no sistema

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O metrô de Pequim sofreu ontem as conseqüências do rodízio radical que atinge mais de 50% da frota da cidade desde domingo. Atrasos de trens, estações fechadas e multidões espremidas em vagões foram a cena mais comum no dia.
Cerca de 4 milhões de pequineses passaram a depender do transporte público. Placas com final par e ímpar se alternam no rodízio que deseja acabar com os congestionamentos e a poluição que ameaça a Olimpíada, que começa no próximo dia 8.
Calçadas inteiras se transformaram em pontos de ônibus, com dezenas de pessoas enfileiradas à espera da condução. Por outro lado, com exceção das primeiras horas da manhã e do fim da tarde, foram registrados poucos congestionamentos.
E o caos no metrô ocorreu não só pela superlotação. Uma mulher se atirou nos trilhos às 16h30 (horário local). Ela foi retirada a tempo, mas a Linha 1 parou por 19 minutos. Na Linha 2, um problema técnico em um vagão, às 8h20, um dos horários de pico, parou o metrô por mais de dez minutos. Ainda pela manhã, trens lotados passavam pelas estações sem parar.
A administração do metrô culpou "falhas técnicas" e disse que o caos não foi causado pelo excesso de passageiros.
Várias entradas da estação de Jianguomen, onde há conexões para várias linhas, ficaram fechadas devido à aglomeração.
Como já é normal na cidade, mesmo pré-rodízio, guardas do metrô empurravam as pessoas que não conseguiam entrar nos vagões para "otimizar a capacidade", redesenhando o conceito de sardinhas enlatadas.
Cerca de 3,4 milhões de pessoas usam o metrô por dia. Não há estimativa de quantos passageiros usaram o sistema ontem. O governo espera que 60% da frota fique em casa durante o rodízio, que vai até 20 de setembro, após a Paraolimpíada.
Duas novas linhas convencionais e uma de superfície, ligando o aeroporto ao centro da cidade, foram abertas no fim de semana. A sinalização não estava pronta ontem. Os novos 58 km de metrô custaram 22,3 bilhões de yuans (R$ 5,6 bilhões). Uma das linhas é exclusiva a atletas, jornalistas e organizadores. Só táxis, ônibus, carros do corpo diplomático e credenciados pela organização olímpica estão isentos do rodízio. A poluição de Pequim é o que mais preocupa para os Jogos.
Atrasos e aglomerações no metrô começaram no final de junho, frutos das medidas de segurança aplicadas para proteger o sistema de atentados.
Há detectores de metais e máquinas de raio-x na maioria das estações, além de cães farejadores. O repórter da Folha já teve que abrir três vezes sua pasta para verificação.
O metrô de Pequim foi aberto em 1969, poucos anos antes do de São Paulo. Hoje tem 200 km (o paulistano tem 63 km). A passagem custa entre 2 e 5 yuans (R$ 0,50 e R$ 1,25).


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