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TÊNIS
Gente boa que vem (e vai)
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O norte-americano Vincent Spadea é um sujeito
muito gente boa. Já caiu derrotado em 17 partidas consecutivas,
ou seja, ficou quase uma eternidade sem ganhar um mísero jogo
de tênis, e nem por isso, olha só,
perdeu a esportiva. Continuou na
luta e, perseverante, em fevereiro,
à beira de virar trintão, ganhou
um suado primeiro título.
No domingo, Spadea disputava
mais uma final. Em casa, Delray
Beach, na Flórida, favorito, tinha
a chatíssima torcida ianque a seu
favor. Mas... "Estava muito quente ali. Ele me "matou". Parecia que
eu estava correndo uma maratona, e não jogando tênis."
Ricardo Mello, paulista gente
boníssima, foi o responsável pela
canseira em Spadea. "Eu estava
cansado, mas sabia que ele estava
cansado também. Coloquei pressão no segundo saque dele; a minha devolução esteve bem durante toda a semana."
Foi assim que "Mellinho" obteve seu primeiro título na elite. Ganhou, durante a semana, do cabeça-de-chave número um, do cabeça número dois e do cabeça número três. Tem agora 19 vitórias
nos últimos 21 jogos, em Challengers, ATP Tours e Grand Slam.
É o nono tenista a levantar um
troféu de primeiro nível pela primeira vez nesta temporada. Está
em uma lista nada desprezível,
que tem os espanhóis Rafael Nadal, 18, e Fernando Verdasco, 20,
e o sueco Joachim Johansson, 21.
O brasileiro chega a essa lista de
campeões com 23 anos. Tem tempo para mais. Agora que subiu
para o 70º lugar do ranking mundial, pode disputar alguns torneios de ponta sem se submeter a
tantos sacrifícios. Nesta semana,
abriu mão de um evento na segunda linha na China. Vai jogar
na China, sim, mas na semana
que vem, em um evento da elite.
Mello, batalhador, humilde, bacana, chegou lá. Além de gente
boa, é agora campeão.
Se Mello segue ganhando a cena, outros dois grandes sujeitos,
também gente boa, estão saindo
de cena. As carreiras do americano Todd Martin e do sul-africano
Wayne Ferreira chegam ao fim
neste mês. Martin levantou oito
títulos, mas nunca chegou lá, como diriam seus compatriotas. Foi
o número quatro do mundo, mas
jamais alcançou o topo. Chegou a
duas finais de Grand Slam, mas
nunca conseguiu vencer. Viveu à
sombra de Pete Sampras e Andre
Agassi, queridinhos dos fãs, dos
organizadores e da mídia norte-americana. Nem por isso exibiu, a
qualquer dia, qualquer sinal de
frustração, raiva ou inveja.
"Velhão gente boa", Martin sai
de quadra respeitado pelo seu
"fair play" e por seu trabalho em
favor dos tenistas -foi líder dos
tenistas na ATP durante boa parte de sua carreira.
Ferreira, outro sujeito gente
boa, nunca alcançou uma final
de Grand Slam, mas arrebatou 15
títulos. Chegou a ser número seis
do mundo. Ele disputa a Copa
Davis por seu país neste fim de semana e depois apaga a luz.
"Sentirei falta da competição",
revelou Ferreira. "Eu amo competir." E esta coluna ama não só os
campeões mas principalmente os
tenistas que amam competir.
Gente conhecida
Flávio Saretta, agora pai do robusto Felipe, reatou com o técnico João
Zwetsch. Viajam amanhã (à Ásia). Sorte à dupla (e viva para Felipe!).
Gente desconhecida (e corajosa)
Os goianos Ronaldo Carvalho e Alessandro Camarço e os paulistas
Leonardo Kirche e Gabriel Pitta tentam, no fim de semana, com parte da torcida contra, evitar que o país caia à terceira divisão da Davis.
Gente nova
A quinta etapa do Credicard Mastercard Juniors Cup segue em Curitiba. Valter Mori, Teliana Pereira (18 anos), Luís Pires e Aline Berkenbrock (16), Gustavo Kleine, Flávia Borges (14), Bruno Sant'Anna e
Gabriela Cé (12) ganharam a quarta etapa do Circuito Unimed.
E-mail reandaku@uol.com.br
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