São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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TÊNIS

Gente boa que vem (e vai)

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O norte-americano Vincent Spadea é um sujeito muito gente boa. Já caiu derrotado em 17 partidas consecutivas, ou seja, ficou quase uma eternidade sem ganhar um mísero jogo de tênis, e nem por isso, olha só, perdeu a esportiva. Continuou na luta e, perseverante, em fevereiro, à beira de virar trintão, ganhou um suado primeiro título.
No domingo, Spadea disputava mais uma final. Em casa, Delray Beach, na Flórida, favorito, tinha a chatíssima torcida ianque a seu favor. Mas... "Estava muito quente ali. Ele me "matou". Parecia que eu estava correndo uma maratona, e não jogando tênis."
Ricardo Mello, paulista gente boníssima, foi o responsável pela canseira em Spadea. "Eu estava cansado, mas sabia que ele estava cansado também. Coloquei pressão no segundo saque dele; a minha devolução esteve bem durante toda a semana."
Foi assim que "Mellinho" obteve seu primeiro título na elite. Ganhou, durante a semana, do cabeça-de-chave número um, do cabeça número dois e do cabeça número três. Tem agora 19 vitórias nos últimos 21 jogos, em Challengers, ATP Tours e Grand Slam.
É o nono tenista a levantar um troféu de primeiro nível pela primeira vez nesta temporada. Está em uma lista nada desprezível, que tem os espanhóis Rafael Nadal, 18, e Fernando Verdasco, 20, e o sueco Joachim Johansson, 21.
O brasileiro chega a essa lista de campeões com 23 anos. Tem tempo para mais. Agora que subiu para o 70º lugar do ranking mundial, pode disputar alguns torneios de ponta sem se submeter a tantos sacrifícios. Nesta semana, abriu mão de um evento na segunda linha na China. Vai jogar na China, sim, mas na semana que vem, em um evento da elite.
Mello, batalhador, humilde, bacana, chegou lá. Além de gente boa, é agora campeão.
 
Se Mello segue ganhando a cena, outros dois grandes sujeitos, também gente boa, estão saindo de cena. As carreiras do americano Todd Martin e do sul-africano Wayne Ferreira chegam ao fim neste mês. Martin levantou oito títulos, mas nunca chegou lá, como diriam seus compatriotas. Foi o número quatro do mundo, mas jamais alcançou o topo. Chegou a duas finais de Grand Slam, mas nunca conseguiu vencer. Viveu à sombra de Pete Sampras e Andre Agassi, queridinhos dos fãs, dos organizadores e da mídia norte-americana. Nem por isso exibiu, a qualquer dia, qualquer sinal de frustração, raiva ou inveja.
"Velhão gente boa", Martin sai de quadra respeitado pelo seu "fair play" e por seu trabalho em favor dos tenistas -foi líder dos tenistas na ATP durante boa parte de sua carreira.
Ferreira, outro sujeito gente boa, nunca alcançou uma final de Grand Slam, mas arrebatou 15 títulos. Chegou a ser número seis do mundo. Ele disputa a Copa Davis por seu país neste fim de semana e depois apaga a luz.
"Sentirei falta da competição", revelou Ferreira. "Eu amo competir." E esta coluna ama não só os campeões mas principalmente os tenistas que amam competir.

Gente conhecida
Flávio Saretta, agora pai do robusto Felipe, reatou com o técnico João Zwetsch. Viajam amanhã (à Ásia). Sorte à dupla (e viva para Felipe!).

Gente desconhecida (e corajosa)
Os goianos Ronaldo Carvalho e Alessandro Camarço e os paulistas Leonardo Kirche e Gabriel Pitta tentam, no fim de semana, com parte da torcida contra, evitar que o país caia à terceira divisão da Davis.

Gente nova
A quinta etapa do Credicard Mastercard Juniors Cup segue em Curitiba. Valter Mori, Teliana Pereira (18 anos), Luís Pires e Aline Berkenbrock (16), Gustavo Kleine, Flávia Borges (14), Bruno Sant'Anna e Gabriela Cé (12) ganharam a quarta etapa do Circuito Unimed.

E-mail reandaku@uol.com.br


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