São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Schumacher perde última pole

Segunda falha consecutiva da Ferrari arruina derradeiro treino oficial de alemão e a chance de título

Surpresa com fiasco do rival, Renault evita comemorar vantagem na largada, mas admite que situação de Alonso ficou "bem melhor"

DA REPORTAGEM LOCAL

Parecia um déjà-vu. Na pista, Michael Schumacher diminui a velocidade e Fernando Alonso passa batido por ele. O intervalo, 13 dias. E, depois do treino classificatório para o GP Brasil, ontem, o alemão pode encerrar hoje sua carreira do jeito que mais detesta: sendo derrotado.
Um problema na pressão de combustível de sua Ferrari, na última parte da sessão, fez com que Schumacher, o primeiro a sair para a pista, voltasse aos boxes antes de abrir a volta.
Na última corrida, em Suzuka, um problema no motor deixara o alemão pelo caminho.
"Tentei me manter concentrado. Achei que conseguiriam arrumar o carro a tempo", disse Schumacher, logo depois do treino. Não deu. Sem marcar tempo, ele larga em décimo.
Alonso, que só precisa de um ponto para ser bicampeão, cravou a quarta melhor volta.
"Vi que tinha alguma coisa errada quando ultrapassei o Michael, mas a equipe não me falou nada até que eu voltasse aos boxes", afirmou o espanhol, que no ano passado, também em Interlagos, tornou-se o mais jovem campeão da F-1 aos 24 anos, 1 mês e 27 dias.
Apesar de ter dito que já tinha desistido do Mundial de Pilotos após o GP do Japão, quando Alonso abriu dez pontos de vantagem, Schumacher parece ter jogado a toalha só ontem, depois do mau resultado. Na sexta-feira, o alemão deixou o autódromo paulista por volta das 20h. Não por coincidência, ontem, às 17h, já não estava mais no paddock.
"O que aconteceu é chato porque falhamos duas vezes seguidas", afirmou. "Não conseguimos prever nada, o problema apareceu na hora."
Tristeza na Ferrari, festa na Renault. "Ainda não é fácil, mas com certeza é bem melhor", declarou Flavio Briatore, chefe da escuderia, que tem nove pontos de vantagem sobre a Ferrari no Mundial de Construtores.
Se antes do treino as chances de Schumacher ser campeão já eram ínfimas -das 73 combinações de resultados possíveis, apenas uma lhe dá o título-, agora são menores ainda.
Para se despedir da F-1 hoje com mais um Mundial, o maior destruidor de recordes da categoria precisa ganhar e ainda torcer para que Alonso não chegue na zona de pontuação.
Um cenário que só aconteceu uma vez nas 17 provas deste ano. Foi justamente na Itália, casa da Ferrari, no final de semana em que Schumacher anunciou a aposentadoria.
Mas Alonso prefere não contar com a sorte. "Vamos correr para vencer. Mas vou me arriscar menos. As alegrias ou tristezas só vêm amanhã", disse.
Nos 56 anos de F-1, só oito reviravoltas aconteceram. Em nenhuma delas, porém, a desvantagem do segundo colocado na derradeira corrida do ano era tão grande como agora. Mas, como a categoria também nunca tinha visto um piloto como Schumacher, nada que aconteça hoje será surpresa. (FÁBIO SEIXAS, LUÍS FERRARI, MÁRVIO DOS ANJOS E TATIANA CUNHA)


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