Com 3 pilotos, Hamilton, Raikkonen e Alonso, em condições de levar o título, Mundial troca de mãos 10 vezes na prova

Título fica sub judice até a noite por conta de possíveis desclassificações na corrida, mas FIA mantém resultado e, assim, finlandês campeão

DA REPORTAGEM LOCAL

As 71 voltas do GP Brasil foram um retrato fiel do Mundial mais disputado da F-1 nos últimos anos. Com três pilotos ainda com chances de deixar São Paulo com o título, o campeonato trocou de mãos dez vezes durante a corrida, uma das mais emocionantes do ano.
Mas não foi só isso. Mesmo após a bandeirada final, uma nova polêmica deixou o resultado em suspenso por exatas seis horas e 19 minutos. Algo que se tornou rotina neste ano.
Precisando vencer para ficar com o troféu, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, terceiro e quarto no grid, respectivamente, foram para o ataque logo na largada. O finlandês ultrapassou Lewis Hamilton ainda na Reta dos Boxes.
Felipe Massa, na pole, manteve-se na primeira posição. Alonso, que chegou a cair para quinto, foi para cima do parceiro de McLaren no S do Senna. Saiu com o terceiro posto.
Na Reta Oposta, porém, Hamilton tentou dar o troco. Errou, saiu da pista e caiu para oitavo. Naquele momento, Alonso colocou a mão no título.
Mas o gostinho durou pouco. Na volta seguinte, Hamilton ultrapassou Jarno Trulli, assumiu a sétima colocação e voltou a ficar com o título de 2007.
Massa continuava liderando, seguido de perto por Raikkonen e Alonso, que, após a terceira volta, começou a se distanciar do duo ferrarista. Na oitava volta, um problema na hora da troca de marchas acabou com a prova de Hamilton. Também reduziu sua chance de se tornar o mais jovem campeão da F-1, feito ainda de Alonso.
Seu McLaren se arrastou na pista por alguns instantes até conseguir retomar a velocidade normal. Mas, a essa altura, não havia o que fazer. Em 18º, restou ao novato inglês modificar sua estratégia e tentar fazer uma corrida de recuperação -completou-a em sétimo.
"Estava trocando de marchas, e o carro entrou em ponto morto. Consegui voltar, mas, a partir daquele momento, tive que controlar meu motor", explicou Hamilton. "Mas só me dei conta de que tinha acabado quando vi a bandeirada. Tentei o máximo que pude até o final."
No pelotão da frente, as posições continuavam inalteradas, mesmo depois da primeira rodada de pits, a não ser pelo fato de Alonso se afastar cada vez mais de Massa e Raikkonen.
O resultado, no entanto, não bastava para que o piloto finlandês ficasse com o título. Na 43ª volta, Massa errou e quase saiu da pista. Sua diferença para o companheiro caiu de quase 3s para menos de 1s. Seis voltas depois, o brasileiro foi chamado aos boxes. Foi a deixa para que Raikkonen aproveitasse a chance e abrisse o tempo suficiente para fazer sua parada e voltar à frente de Massa.
Em primeiro, seguido pelo brasileiro e com Alonso em terceiro, a taça passou para as mãos do finlandês. "Muitas pessoas falaram que eu ia vencer, mas, na verdade, eu não acreditava", disse Raikkonen.
"Fiz uma excelente largada e, quando vi que o Hamilton tinha saído da pista, pensei que tinha uma chance. Mas não estava 100% convencido, porque algo podia acontecer com quem estava na frente dele. Foi um bom jeito de terminar o ano."
Mas o ano ainda não havia terminado de fato. Pouco depois das 18h, a FIA informou BMW e Williams que iria investigar o combustível usado pelas duas equipes durante a corrida.
Nico Rosberg, Robert Kubica e Nick Heidfeld, quarto, quinto e sexto, poderiam ser punidos, o que faria o título trocar de mãos mais uma vez.
O motivo da investigação é que a gasolina dos carros estaria mais de 10ºC abaixo da temperatura ambiente. No caso de Rosberg, por exemplo, o combustível estava a 24ºC quando a temperatura era de 37ºC.
Só às 21h47 saiu o resultado final. A FIA não puniu ninguém, e Raikkonen, enfim, pôde festejar seu primeiro título.
Mas não foi só. A McLaren apelou da decisão. O resultado deve sair nos próximos dias. (FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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