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"Pô, perdi a corrida de casa"
Felipe Massa e seu estafe fazem questão de afirmar que Ferrari o tratará igual a Kimi Raikkonen
Piloto admite estar abatido por ter de abrir mão de ser bi no GP Brasil, porém diz que
já tinha decidido dar ajuda
à equipe se fosse necessário
DA REPORTAGEM LOCAL
Felipe Massa não havia nem
sequer voltado aos boxes da
Ferrari e um desmentido já
corria por Interlagos. Independentemente das perguntas que
eram feitas, o piloto, seus familiares e os integrantes da Ferrari se esforçavam para afirmar
que o título de Kimi Raikkonen
não mudará em nada a relação
de forças dentro do time.
"Eu já havia dito que, se o
campeonato dependesse de
mim, eu não seria o do contra.
Principalmente com uma equipe que sempre me ajudou, que
me pôs na F-1. Chegou uma hora em que o campeonato dependia de mim, e fiz questão de
ajudar a equipe", disse Massa.
"Tenho certeza de que vamos
começar o ano que vem como
começamos esta temporada,
dando condições para os dois
pilotos lutarem pelo título até o
momento em que um cair fora.
Espero igualdade de forças."
Apesar das declarações diplomáticas e da tentativa de
mostrar otimismo, a expressão
do brasileiro era de abatimento. "É, estou um pouco abatido,
mas valeu pela equipe." Questionado sobre o que pensou
quando soube que teria de ajudar o companheiro a ser campeão, foi direto: "Eu pensei: "Pô,
perdi a corrida de casa'".
Antes mesmo de o piloto tocar no assunto, seu pai, Luís
Antônio, já tentava abafá-lo.
"Sei que as especulações vão
acontecer, mas a Ferrari confia
muito no Felipe, tanto que assinou com ele até 2010."
Luca Baldisseri, diretor técnico ferrarista, reforçou a tese
da igualdade de condições:
"Não acredito absolutamente
em favorecimento ao Kimi. Os
dois partirão do zero. O resultado do campeonato mostrou
que tomamos a decisão certa".
Só então o brasileiro chegou
aos boxes da Ferrari em Interlagos. Macacão amarrado na
cintura, camiseta vermelha,
abraçado à noiva, Rafaela Bassi,
Massa foi aplaudido pelos mecânicos e engenheiros.
Abraçou um a um. Abraços
fortes, emocionados, longos.
Quase chorava quando foi
abraçado pelo francês Jean
Todt, diretor-geral da escuderia e seu protetor -formalmente, Nicolas Todt, filho do
dirigente, é seu empresário.
O conflito de sentimentos de
Massa -a tristeza por ter de
abrir mão de uma vitória concorrendo com a sensação de dever cumprido- é um reflexo do
balanço da sua segunda temporada como titular da Ferrari.
Em 2007, sem a enorme
sombra de Michael Schumacher no carro ao lado, conseguiu mais vitórias (3 a 2), mais
poles positions (6 a 3), mais
melhores voltas (6 a 2) e mais
pontos que em 2006 (94 a 80).
Apesar disso, foi só o quarto
no Mundial de Pilotos. No ano
passado, havia sido o terceiro.
Nos próximos dias, Massa
viajará para a Itália. No domingo, participa do "Ferrari Day",
em Mugello, tradicional festa
de fim de ano da escuderia.
Depois, volta ao Brasil. Nos
dias 24 e 25 de novembro, receberá amigos para o "Desafio das
Estrelas", prova de kart que organizará em Florianópolis
-Schumacher será a principal
atração. No dia 30, casa-se em
São Paulo. Menos de 24 horas
depois, participará das 500 Milhas de Kart da Granja Viana.
(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)
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