São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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"Pô, perdi a corrida de casa"

Felipe Massa e seu estafe fazem questão de afirmar que Ferrari o tratará igual a Kimi Raikkonen

Piloto admite estar abatido por ter de abrir mão de ser bi no GP Brasil, porém diz que já tinha decidido dar ajuda à equipe se fosse necessário

DA REPORTAGEM LOCAL

Felipe Massa não havia nem sequer voltado aos boxes da Ferrari e um desmentido já corria por Interlagos. Independentemente das perguntas que eram feitas, o piloto, seus familiares e os integrantes da Ferrari se esforçavam para afirmar que o título de Kimi Raikkonen não mudará em nada a relação de forças dentro do time.
"Eu já havia dito que, se o campeonato dependesse de mim, eu não seria o do contra. Principalmente com uma equipe que sempre me ajudou, que me pôs na F-1. Chegou uma hora em que o campeonato dependia de mim, e fiz questão de ajudar a equipe", disse Massa.
"Tenho certeza de que vamos começar o ano que vem como começamos esta temporada, dando condições para os dois pilotos lutarem pelo título até o momento em que um cair fora. Espero igualdade de forças."
Apesar das declarações diplomáticas e da tentativa de mostrar otimismo, a expressão do brasileiro era de abatimento. "É, estou um pouco abatido, mas valeu pela equipe." Questionado sobre o que pensou quando soube que teria de ajudar o companheiro a ser campeão, foi direto: "Eu pensei: "Pô, perdi a corrida de casa'".
Antes mesmo de o piloto tocar no assunto, seu pai, Luís Antônio, já tentava abafá-lo. "Sei que as especulações vão acontecer, mas a Ferrari confia muito no Felipe, tanto que assinou com ele até 2010."
Luca Baldisseri, diretor técnico ferrarista, reforçou a tese da igualdade de condições: "Não acredito absolutamente em favorecimento ao Kimi. Os dois partirão do zero. O resultado do campeonato mostrou que tomamos a decisão certa".
Só então o brasileiro chegou aos boxes da Ferrari em Interlagos. Macacão amarrado na cintura, camiseta vermelha, abraçado à noiva, Rafaela Bassi, Massa foi aplaudido pelos mecânicos e engenheiros.
Abraçou um a um. Abraços fortes, emocionados, longos. Quase chorava quando foi abraçado pelo francês Jean Todt, diretor-geral da escuderia e seu protetor -formalmente, Nicolas Todt, filho do dirigente, é seu empresário.
O conflito de sentimentos de Massa -a tristeza por ter de abrir mão de uma vitória concorrendo com a sensação de dever cumprido- é um reflexo do balanço da sua segunda temporada como titular da Ferrari.
Em 2007, sem a enorme sombra de Michael Schumacher no carro ao lado, conseguiu mais vitórias (3 a 2), mais poles positions (6 a 3), mais melhores voltas (6 a 2) e mais pontos que em 2006 (94 a 80).
Apesar disso, foi só o quarto no Mundial de Pilotos. No ano passado, havia sido o terceiro.
Nos próximos dias, Massa viajará para a Itália. No domingo, participa do "Ferrari Day", em Mugello, tradicional festa de fim de ano da escuderia.
Depois, volta ao Brasil. Nos dias 24 e 25 de novembro, receberá amigos para o "Desafio das Estrelas", prova de kart que organizará em Florianópolis -Schumacher será a principal atração. No dia 30, casa-se em São Paulo. Menos de 24 horas depois, participará das 500 Milhas de Kart da Granja Viana.
(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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