São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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AÇÃO

Honolua e Pipeline

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Quem já viu a australiana Chelsea Georgeson surfar garante que ela, ao vivo e em cores, encarna uma das melhores representações da velha e poética colocação "one with the wave". O que significa dizer que Chelsea mistura-se ao elemento e se completa a ele. Na cabeça de um surfista amador, profissional ou eventual, não há situação mais forte e cobiçada do que essa harmonia com a onda.
Uma das primeiras pessoas a flagrar Chelsea misturada ao meio, há sete anos, numa tarde qualquer de um verão australiano, foi a norte-americana e veterana Lisa Anderson, surfista tetracampeã mundial. Lisa, que estava se preparando para entrar no mar de Avalon, um break de Sydney, viu uma garota, que ela não sabia quem era, dropar uma onda. Na mesma hora, impressionada com a facilidade como a menina dominava as manobras, com um estilo suave e ao mesmo tempo arrojado, sentou-se na areia e passou alguns minutos a observá-la. Ainda impressionada, passou a mão no telefone e ligou para seu patrocinador: "Escuta, tenho aqui sua mais nova contratada. Não sei quem ela é, mas, assim que sair da água, descubro". Foi assim que Chelsea Georgeson conseguiu seu primeiro contrato de patrocínio.
Ex-bodyboarder, Chelsea sempre gostou do mar. Sozinha, aprendeu a descer uma onda, de barriga e de pé. Depois que Lisa abriu as portas, Chelsea passou a acompanhar o circuito mundial e rapidamente descobriu uma melhor amiga, a peruana Sophia Mulanovich, que, no ano passado, conquistou seu primeiro título. Entre um bom resultado e outro, ia se mantendo entre as dez melhores, mas ainda faltava o título máximo. Quis o destino que, neste ano, a australiana e a peruana disputassem o caneco. Mas o esperado e dramático confronto em uma final não aconteceu, porque a brasileira Jaqueline Silva, nas águas de Honolua, Maui, durante o Billabong Pro, eliminou Sophia nas quartas.
A australiana chegou a sua quarta vitória na temporada e ao merecido título. Aos 22 anos, coroa seu talento nato. Mais madura e segura do que no começo de carreira, Chelsea tem tudo para se tornar uma das maiores surfistas da história do esporte. Pelo menos é isso o que diz Lisa Anderson. E, ao que parece, ela é boa em termos de palpites.

 

Enquanto isso, em Pipeline, Andy Irons vencia o Rip Curl Pipeline Masters e o Triple Crown of Surfing pela terceira vez, para terminar o ano com um gosto menos amargo do que aquele que ficou em sua garganta depois de perder o título mundial para Kelly Slater. A diferença entre eles foi de apenas 102 pontos (7.962 x 7.860).
Irons disputou a bateria final contra seu irmão Bruce, o conterrâneo havaiano Kalani Chapman, que fez grande campanha vindo das triagens em Pipe, e contra Mick Fanning, terceiro no ranking e vice no Triple Crown. Como não poderia deixar de ser, dedicou a vitória ao taitiano Malik Joyeux, o surfista que perdeu a vida em Pipeline dez dias atrás.

Brasil no WCT-2006
Oito atletas, um a mais do que neste ano, representarão o país na elite na próxima temporada. Victor Ribas, 15º, o melhor brasileiro, Paulo Moura, Peterson Rosa e Marcelo Nunes se classificaram pelo ranking principal, sendo este último beneficiado pela aposentadoria de Luke Egan. Adriano de Souza, campeão da divisão de acesso, Raoni Monteiro, Pedro Henrique e Yuri Sodré chegaram pelo ranking de acesso. Bernardo Pigmeu pleiteava vaga como convidado, mas não levou.

Regulamentação dos esportes radicais
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto sobre a prática de esportes e atividades de aventura ou radicais na cidade. A idéia é permitir a prática em espaços públicos e particulares, desde que atendidos os requisitos de segurança. Falta o prefeito sancionar a lei.

E-mail - sarli@trip.com.br

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