São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Soninha

E agora, Parreira?

Entrada de reservas faz aparecerem até os Ronaldos que o mundo espera

ACHO QUE foi o Veríssimo quem escreveu que os segundos que antecedem o apito inicial são os favoritos do técnico, porque os jogadores ficam quietos na posição que ele determinou. Parreira parece ter nisso prazer especial -e os jogadores em contentar o chefe. Quantas vezes não quisemos que os atletas fossem menos obedientes? Mas, ontem, em momento de possível privação de sentidos -não é esse o Parreira que nos irrita por ser conservador e previsível até quando resolve fazer mudanças?-, ele botou um bando de malucos em campo, e eles jogaram como bem entenderam. Aproximaram-se uns dos outros, movimentaram-se e tocaram de primeira como se estivessem no espaço reduzido dos treinamentos; procuraram o gol desde o primeiro momento como se precisassem de um. Ronaldinho foi outro; foi "aquele". Atrevido, focado, criativo. Ronaldo também! Os Ronaldos que o mundo queria ver. Que diferença um time pode fazer para os indivíduos... Tomamos um gol que tirou a longa invencibilidade da nossa defesa. Que foi bem nos outros jogos, mas também passou sustos -tanto que Dida foi muito acionado, e a pontaria de croatas e australianos nem era das melhores. Ou seja: não tenho certeza de que a defesa tenha piorado, mas não há no mundo quem possa negar que o ataque melhorou muito. Tabelas, pivôs, lançamentos, o Brasil expôs seus repertório com garbo. Não é possível que, depois dessa demonstração de saúde, movimentação, toque de bola -o que Parreira, teoricamente, espera de suas equipes-, o time volte à formação anterior. O primeiro consenso nacional deve ser respeitado: o ataque funciona melhor com Robinho e um centroavante -e Ronaldo, em quem eu não acreditava mais, deve deixar Adriano no banco. Os volantes não precisam sair, mas Gilberto Silva marca bem e toca melhor que Emerson, e Juninho no banco é um pecado. Roberto Carlos não fez falta, ao contrário. Cicinho foi bem... Parreira agora tem os problemas que os técnicos dizem gostar de ter.

soninha.folha@uol.com.br


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